Numa tarde em que o calor reinava e a boa disposição era a palavra de ordem, o espaço Sr. Chiado, em Abrantes, acolheu vários estudantes da Escola Superior de Tecnologia de Abrantes (ESTA), interessados no que se iria passar. Anunciava-se uma conversa sobre “O outro lado da entrevista”, com duas figuras que passaram por esta instituição de ensino: ela como aluna; ele como professor.
Ela é Ana Clara, licenciou-se na ESTA há 17 anos. Atualmente é chefe de redação da revista “O Instalador”. Dona de um já longo percurso profissional, passou por jornais como o Público, A Capital, o I e o Semanário. É muito virada para a entrevista política, dizendo mesmo que é a área do jornalismo que mais lhe desperta interesse. “Para mim, a entrevista política é a mais nobre”, sublinha.
Ele é José Alves Jana, professor da ESTA até 2009 e atualmente colaborador não profissional de jornais locais e regionais como a rádio Antena Livre, onde faz programas de entrevistas e onde aborda assuntos de várias áreas, com especial destaque para a sua área de formação, a Filosofia.
Este painel jornalístico marcou-se por experiências, estórias e curiosidades que foram vividas pelos dois convidados ao longo das suas carreiras profissionais.
Perante vários jovens candidatos a jornalistas, tanto Ana Clara como Alves Jana apresentaram os seus testemunhos sobre como se deve lidar com uma entrevista. “Nunca se pode ceder às vontades do entrevistado senão tomam-nos como reféns”, destacou Ana Clara.
Numa palestra descontraída e quase informal, José Alves Jana destacou a forma como um entrevistador tem que olhar para um entrevistado: “Nós temos que encarar todos os entrevistados sempre da mesma maneira.” Ana Clara acrescentou que quanto maior for a dificuldade da entrevista mais gosto há em fazê-la: “Se não for um desafio é uma chatice.”
Sem moderação, a conversa passou para quem assistia. A curiosidade dos futuros profissionais passou pela vontade de saber estórias de sucesso e de dificuldades e as estórias surgiram, como a do entrevistado que ‘deu a volta’ ou a do entrevistado que negou a entrevista que deu. Para além de contarem episódios que marcam os seus percursos, os dois intervenientes frisaram a importância de um entrevistador estar preparado para não falhar na “hora H”. “Falhar a preparação é preparar para falhar”, evidenciou o ex-professor, tendo sido uma das expressões que mais marcou o painel.
Todos os participantes deste “debate” acabaram por sair satisfeitos e com mais “bagagem” em relação à entrevista. Foram duas horas de estórias, contadas por dois comunicadores por excelência, que um dia se cruzaram nas salas da ESTA e que agora se reencontraram a convite dos estudantes que organizam, até sexta-feira, dia 19, as “Redes de Comunicação”.
Marta Vidigal e Nélio Dias, alunos de Comunicação Social da ESTA