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Conferência: Violência na escola diminuiu, mas as agressões são mais graves (C/ÁUDIO)

18/10/2022 às 16:03

Numa iniciativa que se tem realizado apenas nas capitais de distrito, a conferência “Mais Escola, Melhor Família” esteve em Abrantes numa sessão em que estiveram presentes Paulo Sargento, Comissário da iniciativa “Mais Escola, Melhor Família”, Carlos Anjos, Presidente da Comissão de Proteção às vítimas de crimes, Miguel Faria, psicólogo e coordenador da Escola Superior de Saúde Ribeiro Sanches do Instituto Politécnico da Lusofonia para além de Saudade Vasco, presidente da Comissão de Proteção de Crianças e Jovens (CPCJ) de Abrantes, Celeste Simão, vereadora com o pelouro da Educação da autarquia de Abrantes e ainda Nelson Amaral, responsável pelo programa Escola Segura na PSP de Abrantes. A Sessão de abertura contou com a presença de Manuel Jorge Valamatos, presidente da Câmara Municipal de Abrantes e Daniel Marques, Comissário da PSP e comandante da Esquadra de Abrantes.

Debater e prevenir a violência em contexto escolar foi um dos objetivos desta conferência, uma iniciativa do Correio da Manhã, que decorreu na sexta-feira, 14 de outubro, no Edifício Pirâmide, em Abrantes, e que contou com o apoio da PSP de Abrantes.

“Por uma cultura de paz, contra a violência” é o lema das conferências que pretende envolver toda a comunidade escolar no debate sobre o bullying nas escolas e a separação crescente entre as famílias e a escolas.

Paulo Sargento é o comissário desta campanha que tem a batuta do Correio da Manhã. 

De acordo com o relatório anual de segurança interna, nos últimos cinco (2016-2021), no que diz respeito à segurança escolar as ocorrências participadas tem vindo a diminuir, mas 53% têm incidência criminal. Depois ao olhar para o distrito de Santarém verificou-se que este distrito tem menos de metade das ocorrências dos outros distritos com a mesma população.

Paulo Sargento vincou que esta realização de sessões distrito a distrito, com Abrantes pelo meio a fazer sair a campanha da rota prevista, vai culminar em março de 2023 com a edição de um livro sobre esta temática. E revelou que o comissariado tem uma carta compromisso “Mais Escola Melhor Família.”

 

Paulo Sargento, comissário da campanha

Nelson Amaral, responsável na esquadra de Abrantes da PSP pelo programa Escola Segura, disse que o conhecimento da realidade no início de eventuais problemas ou casos vai permitir ter uma melhor solução. Depois esclareceu que é essencial haver um trabalho em rede. Se um problema for resolvido no início de forma muito rápida evita-se o envolvimento da PSP, da CPCJ e do Tribunal de Menores. Nelson Amaral deixou claro que, nos dias correntes, “ver a PSP na escola já é normal.”

Depois acrescentou que os dados de violência nas escolas em Abrantes apontam a valores residuais e que o principal problema começa com falta de cidadania e civismo. “Hoje mesmo (sexta-feira, dia 14 de outubro) temos uma situação inicial (que não pode explicar) reportada por uma escola. Penso que será resolvida à nascença.”

 

Nelson Amaral, chefe PSP Abrantes e coordenador da "Escola Segura"

Com números concretos a PSP no distrito de Santarém registou, em 2021, 306 ações, sendo que a esquadra de Abrantes assumiu 46.

Nos casos concretos, ações individuais ou em diligências em que foi necessária a intervenção da polícia a esquadra de Abrantes tem um registo de 113 situações, de 346 da divisão policial de Tomar, da qual Abrantes faz parte, e de 800 no comando distrital de Santarém. De acordo com Nelson Amaral nestes números não estão incluídas as ações regulares ou presenças habituais nos estabelecimentos de ensino.

Miguel Faria, psicólogo apontou a sua intervenção às diferenças. “Se estamos bem connosco, aceitamos melhor a diferença do outro, somos mais tolerantes” afirmou, acrescentando que o contrário pode levar a um grau de intolerância maior.

Para Miguel Faria a comunicação, hoje muito baseada nas tecnologias acaba por fazer perder a comunicação de proximidade e logo “coloca-nos mais distantes uns dos outros.”E é esta distância que pode criar mais conflitos, mais intolerância, menor aceitação das diferenças.

Carlos Anjos, presidente Comissão de Proteção de Vítimas Alvo de Crime, ex-agente da Polícia Judiciária, começou por dizer que “há cada vez mais escola e menos família”, face aquilo que é a realidade dos nossos dias, em que os pais deixam as crianças da escola de manhã e vão buscá-las ao final do dia.

Carlos Anjos, é natural do Entroncamento e, como tal, referiu vinha para a noite de Abrantes pelo que conhece bem esta zona.

De acordo com ex-agente da PJ “assistimos a uma transferência de competências da família para a escola. A escola tem de fazer deles melhores pessoas, com mais competência, mas também valores.”

Mas os jovens não são o único problema. A diferença de gerações é muito visível nas tecnologias. “Há um problema que os pais são mais infoexcluídos do que os jovens.” E depois acrescentou que “grande parte que temos nos filhos começou nos pais.” Mas acrescentou que “conflitos sociais sempre houve. O conflito faz parte da vida. A intolerância é que é cada vez maior.”

Falando da sua juventude, Carlos Anjos disse que “nós tínhamos uma linha vermelha nos disparates que fazíamos. Hoje há agressões como se não houvesse amanhã”, referindo-se a situações de violência exagerada que existe nos conflitos que, cada vez mais, são resolvidos com agressões.

Carlos Anjos deixou a ainda a mensagem que a violência doméstica não é um crime de género. “As pessoas não sabem que uma vida a dois é feita de cedências mutuas. E depois dá em violência doméstica. O conflito existe. Nós temos é que moderar o conflito.”

Carlos Anjos, presidente Comissão de Proteção de Vítimas Alvo de Crime

Na abertura desta conferência, Manuel Jorge Valamatos referiu que as escolas e a família “são essenciais no processo de aprendizagem dos nossos jovens e na sua formação cívica e pessoal, preparando-os para viver em sociedade”. “São os valores transmitidos aos nossos jovens que vão permitir que estejam preparados para enfrentar os desafios da sociedade”, destacou o Presidente da Câmara Municipal de Abrantes acrescentando que “a união tem de ser um elemento fundamental na construção de uma cultura de cidadania, solidariedade e tolerância”.

Já Daniel Marques, Comissário da PSP e comandante da Esquadra de Abrantes, destacou a importância do programa “Escola Segura” que realiza policiamento de proximidade em ambiente escolar, numa clara aposta de prevenção.

Daniel Marques referiu que no âmbito da “Escola Segura” já foram realizadas mais de 13.500 ações de prevenção e sensibilização com um objetivo claro de sinalizar e intervir precocemente na violência doméstica e casos de bullying.

Alunos, professores, famílias e técnicos da área social estiveram presentes na conferência que debateu temas como o bullying, tolerância, igualdade e trabalho em articulação entre todos os parceiros sociais, com a moderação do jornalista da CMTV, Nuno Sousa Moreira.

A conferência foi antecedida por um momento musical com os alunos de música da Escola Secundária Dr. Manuel Fernandes.

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