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“É bom sentir que alguém perto de nós está atento ao que fazemos”

9/05/2018 às 00:00

Chama-se Nuno Grácio, e desenvolve a sua arte na BaseCer a partir de Tramagal para todo o país, e já dá também os primeiros passos além-fronteiras. Este ano, a Antena Livre e o Jornal de Abrantes quiseram apresentá-lo publicamente e atribuíram-lhe o “Galardão Inovação”. Nuno Grácio, emocionado, dizia que foram anos em que muita coisa mudou: “Lembro-me de sair de casa em tempos difíceis sem saber se teria combustível para voltar para trás”. Hoje é um homem que gere um negócio de sucesso.

Nuno, como é que começou esta aventura?
A aventura começou quase por mero acaso quando me vi no desemprego e com necessidade de trabalhar. Nessa altura, optei por apostar num negócio próprio e o mundo do azulejo apareceu-me como uma opção quase que natural. Primeiro porque o meu sogro me ofereceu o empréstimo de uma linha de produção de azulejo e segundo devido ao facto de já ter trabalhado ligado a este artigo. Daí até à atividade atual tudo se deve a um processo de perceção do mercado que fui conquistando e das suas necessidades.

Já havia interesse nas tradições e em manter as mesmas, ou foi uma paixão que foi crescendo?
O tradicionalismo português sempre foi a base desde o inicio da atividade. O slogan da empresa desde o inicio que foi "BaseCer - A base da Tradição".

Essencialmente, o que é que aqui se faz?
Aqui trabalhamos algumas das matérias primas que melhor nos identificam no mundo enquanto país, a cerâmica e a cortiça. Pegamos nessas matérias primas adaptamo-las ao mercado dos souvenirs para turistas ou simplesmente à personalização para prendas e merchandising, quer individualmente, quer combinando as matérias entre si ou com outras como a madeira ou o têxtil. Em termos de artigos produzimos magnéticos, canecas, azulejos individuais, painéis de azulejo pintados à mão, bases para quentes, almofadas, t-shirts, peças de cerâmica, copos de shot, postais de cortiça, relógios, presépios em miniatura, porta-chaves, tabuleiros. E a listagem de artigos a produzir ainda não se encontra fechada. Continuamos a desenvolver artigos.

E tudo produção “caseira” ?
A matéria prima é comprada no mercado ibérico, contudo todo o processo de preparação, adaptação e personalização é feito por nós através de técnicas mais ou menos artesanais. Tentamos, contudo, ser o mais independentes possível na capacidade de produção dos nossos artigos.

Quem ajuda? Este trabalho é feito por quantas pessoas?
Este trabalho é basicamente produzido no seio familiar por mim e pela Mariana [esposa], contando com algumas ajudas externas de algumas pessoas com quem troco experiências e opiniões a fim de desenvolver alguns novos produtos. Contudo, ainda este ano contamos ter a necessidade de acrescentar mais alguém ao nosso grupo de trabalho de uma forma mais constante, uma vez que é nossa intenção alargar substancialmente a área territorial do mercado que pretendemos servir, bem como o expectável aumento de necessidade proveniente do aumento do fluxo de turistas que o país espera para este ano.

Na Gala antena Livre & Jornal de Abrantes, no teu discurso, disseste que foram tempos difíceis. Hoje em dia, este negócio sai de Tramagal, para todo o país, mas também para fora do país! Estavas preparado para este crescimento?

Não vou dizer que nos meus sonhos mais secretos não ambicionava ou imaginava alcançar isto, ainda assim, assumo que tudo se precipitou face às minhas mais altas ambições. As coisas começaram a acontecer, e ainda continuam, mais depressa do que aquilo que consigo antever. Cada vez que aumento a capacidade de produção face ao normal fluxo de encomendas do ano anterior este estabelece um novo record. Vamos ver se este ano conseguimos estar mais equilibrados em relação ao trabalho que nos vá surgindo. Algo me diz que ainda não será este ano que vamos conseguir equilibrar as coisas.

Quais são as maiores dificuldades com que te deparas?
Dormir (Risos). Durante os meses de abril a novembro. Dormir durante a época alta de turismo no nosso país é mesmo o mais difícil. A par disso somente o conseguir pôr em prática todas as ideias que trago na cabeça de coisas a criar, ou a dificuldade em desenvolver alguns projetos em parceria com colegas com quem criei um núcleo de entre ajuda para a inovação conjunta do que cada um produz individualmente.

Na Gala, quisemos apresentar-te de certa forma, como uma revelação, porque achámos que a região (o Médio Tejo) não te conhecia?
Sinceramente, creio que não. 99% ou mais do que produzimos é levado para fora da nossa região. É maioritariamente um produto de venda rápida, e descaracterizada. Mesmo os trabalhos mais emblemáticos em que colaborámos dificilmente chegaram ao conhecimento da nossa comunidade mais próxima. Trabalhos como o emblemático painel comunitário da cidade do Porto (+/- Quem és, Porto?) assinado pelo Miguel Januário, ou o mural de brasões heráldicos das freguesias do concelho de Gouveia, em Gouveia, assinado pelo Telmo Pereira, ou a coleção de souvenirs do Pine Cliffs Hotel, A Luxury Collection Resort (Grupo Sheraton), ou as lembranças do "Festival del Perdón", em Alcalá, de Guadaíra ,em Espanha, ou ainda as ofertas de inauguração do mural comemorativo dos 30 anos da Fundação Ormeo Junqueira Botelho em Cataguases, no Estado de Minas Gerais, no Brasil.
Contudo, assumimos a nossa cota parte de culpa, sempre nos preocupamos em demasia talvez, em nos fechar no nosso espaço de trabalho sem nos "mostrarmos" a quem nos está mais próximo.

Quais são os teus planos para a empresa?
Os planos passam por continuar a construir uma dinâmica que nos permita encarar o futuro com estabilidade. Continuar a aprender e a crescer no nosso meio de mercado e procurar alargar o nosso trabalho a outras áreas de negócio. Até porque, confesso…a Gala foi há pouco mais de uma semana e estão a abrir-se portas! Já fui à televisão e tudo, a convite da autarquia de Abrantes, a quem agradeço a oportunidade e o convite.

O que é que este Galardão Inovação representou para ti e tua equipa, e que passos gostarias agora de dar?
Receber este galardão foi para nós uma grande honra e enche-nos de orgulho. É bom sentir que alguém perto de nós está atento ao que fazemos e que valoriza esse mesmo trabalho. A nossa gratidão por esse facto não tem medida.Quanto ao pós galardão, sinto que a responsabilidade em continuar a criar e a inovar aumentou, ao mesmo tempo que nos encorajou a avançar para um novo projeto em parceria com um amigo. Este novo projeto visa atingir uma amplitude nacional e tem a intenção de servir como apoio aos turistas que nos visitem a conhecer e explorar todos os pontos de interesse do concelho ou de uma localidade em particular, a qualquer hora e a qualquer dia da semana, aliando a tradição às novas tecnologias. Contamos ainda este ano avançar com o projeto.

Paulo Delgado

 

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