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Entrevista/Tiago Lopes:“O Borboletário é neste momento o nosso ex-libris”

9/12/2017 às 00:00

Tiago Lopes, engenheiro de recursos naturais, 44 anos, natural do concelho de Tomar - Linhaceira, reside em Vila Nova da Barquinha e trabalha desde abril de 2002 no Parque Ambiental de Santa Margarida (PASM), no concelho de Constância.

O PASM, com cerca de 6 hectares, está a celebrar 15 anos de existência e conta com a colaboração técnica de 6 funcionários e 5 jardineiros. Anualmente, recebe cerca de 30 mil pessoas e o seu ex-libris continua a ser o Borboletário Tropical como nos contou o seu responsável, Tiago Lopes. 

Com que intuito foi construído o PASM?

Naquela altura, o parque foi construído e pensado como um espaço de lazer para os residentes, mas também para acolher alguns visitantes. Pensava-se sobretudo para aqueles que vinham ao campo militar, ao juramento de bandeira e que traziam as famílias, que não tinham um sítio para fazer um pinique. Depois, quando se começou a fazer o projeto, começou-se a pensar que se podia fazer mais do que isso. Começámos aproveitar alguns espaços para a parte pedagógica e isso foi crescendo. Queríamos um espaço de lazer, interessante para os residentes, atrativo para que as pessoas pudessem vir aqui, mas ao mesmo tempo ser um espaço didático e que pudesse trabalhar com as escolas. Tal aconteceu. Começámos a ter muitas solicitações e esta dupla valência começou a surgir.

Quais foram as mudanças que o espaço sofreu ao longo dos tempos?

Fomos tentando colocar mais equipamentos pedagógicos e didáticos. Podia não ser nada muito visível, mas começámos a fazê-lo. Começámos a instalar o equipamento sobre a água, o sol, a compostagem, a direcionar os espaços e a trabalhar conteúdos.

Desde o início do parque, que pensámos em ter grandes momentos didáticos e começámos a propor às escolas algumas atividades, que eram basicamente aproveitar alguns circuitos e fazer atividades direcionadas para os alunos. Construímos equipamentos de raiz a pensar na parte didática, até chegarmos ao borboletário que aparece nesta linha de termos um espaço de lazer, que pudesse atrair o turista, mas que continuasse a ser um espaço muito didático.

Quando e porquê surge o Borboletário?

O borboletário surge em 2013 exatamente seguindo a ideia de irmos inovando a nível didático, porque começámos a ter muitas escolas e muitas solicitações e começámos a ter um problema que era o espaço valer pelo seu exterior. Quando tínhamos muita gente, entre 100 a 200 pessoas e estava mau tempo, não tínhamos nenhum espaço para fazer atividades, porque tínhamos um único que valia pelo exterior. E queríamos um espaço que funcionasse durante todo o ano e que fosse único na região e no país. Queríamos assim um espaço que funcionasse durante todo o ano, que fosse coberto, que fosse atrativo para o turista e que fosse ao mesmo tempo didático porque queríamos

manter esta matriz. Decidimos então avançar com um borboletário tropical, único no país. Queríamos um borboletário com espécies tropicais, adaptadas a um clima homogénico, porque cá durante o outono e o inverno não vimos borboletas, logo tinha de ser tropical.

Como tem corrido a aceitação do equipamento junto da comunidade?

Tem sido um espaço atrativo para os turistas. Em 4 anos, já passaram pelo espaço perto de 45 mil pessoas. Continuamos a ter dois públicos, grupos escolares e um público mais velho. Se até à existência do borboletário trabalhávamos sobretudo com as escolas, com o novo espaço inverteu-se um pouco. Agora 60% das visitas do parque são particulares e cerca de 40% as escolas. Mantivemos as escolas, mas fomos buscar um público familiar. E começámos a trabalhar muito com seniores provenientes de lares e instituições. O borboletário veio trazer ao parque um público ligeiramente diferente, um público que vem para conhecer o novo espaço mas que acaba por conhecer o resto do parque.

Quantos visitantes tem o PASM?

A média anual de visitantes está entre os 25 e os 30 mil visitantes. Estes números não são exatos na medida em que nós não controlamos quem entra e sai do parque. Trata-se de uma estimativa, porque possivelmente até serão mais. A visitação foi crescendo, tivemos um pico em 2008, depois nos anos da crise sentimos um decréscimo sobretudo ao nível das escolas. Recentemente notou-se que melhorou um pouco. Com o borboletário conseguimos ir buscar outro público acabámos por não notar muito porque começámos a ter mais visitantes e caso ele não tivesse existido, teríamos tido uma quebra.

Que valências dispõe atualmente o PASM?

Temos o borboletário que é o espaço mais procurado. Temos os equipamentos didáticos e depois toda a envolvência do espaço que permite a uma pessoa que até gosta de estar a ler um livro com calma e que se senta num banco mais recatado, até às famílias que vêm para fazer um piquenique e que se sentem seguros porque o parque é vedado. Na primavera/verão temos grupos e famílias que passam aqui o dia. Isso para nós é bom, é sinal que se sentem bem aqui.

Que iniciativas paralelas promovem? 

O Conhecer Aromas e Sabores, que é uma mostra de produtos onde temos sobretudo produtores locais. Na iniciativa fazemos chás com as plantas do nosso jardim e oferecemos às pessoas. Há uma contextualização de cada produto em mostra e temos ainda um passeio interpretativo integrado. Ao longo do ano temos também os passeios pedestres que já são anteriores há existência do parque e são sempre passeios interpretativos. O que fazemos é dar oportunidade a quem quiser vir fazer um passeio pedestre, que tem uma vertente física na medida em que as pessoas têm de caminhar, mas o grande objetivo é conhecer o território.

Quais são os espaços mais utilizados?

O Borboletário é neste momento o nosso ex-libris. Há muitas pessoas que vêm exclusivamente à procura do equipamento, mas depois quando percebem o que é o parque ficam muito admiradas. E questionam como é que existe um sítio destes num local destes – esta é uma expressão muito utilizada por pessoas que vêm dos grandes centros. O parque tem um campo de jogos, muito procurado pelos jovens, o parque infantil muito procurado pelos miúdos e o parque de merendas bastante utilizado no verão e primavera. Temos ainda um polo da Biblioteca Alexandre O’Neill, onde os utilizadores podem ter acesso livre a alguns livros e vídeos. Temos o espaço internet, menos utilizado, que continua a ser importante para algumas pessoas da freguesia e o um ginásio ao ar livre.

Quais são os objetivos futuros que o PASM tem?

Gostaríamos de passar a ideia que o borboletário está disponível à visitação todo ano e não só na primavera e no verão. O que acontece é que nestes meses temos muita gente e, por vezes, as pessoas nem têm possibilidade de ver o equipamento. Durante o inverno muitas vezes temos tempos livres. Temos um espaço ligado às plantas aromáticas e medicinais que podemos melhorar, quer a parte física, quer parte das atividades, que tem chamado bastantes pessoas. Queremos que os equipamentos didáticos que compõem o parque, não sejam só utilizados pelos grupos escolares, mas por outros públicos e que sejam autoguiados. Por último, queremos chegar a um público mais vasto e começar a pensar em novos equipamentos didáticos, relacionados com a natureza.

Joana Margarida Carvalho 

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