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Miguel Alves, treinador do GDR “Os Lagartos” do Sardoal destaca que “voltar ao futebol sénior foi a lei natural das coisas”

17/01/2019 às 00:00

Miguel Alves, presidente da Junta de Freguesia de Sardoal e treinador do atual escalão sénior do clube da região “Os Lagartos” do Sardoal, esteve em conversa com a Antena Livre para falar sobre o regresso do escalão mais alto do Clube e que objetivos tem traçados para as próximas épocas.

O que vos levou a voltar ao futebol sénior?

Voltar ao Futebol Sénior foi a lei natural das coisas. Chegámos há duas épocas atrás ao escalão dos Juniores, o mais natural era abrir o escalão dos Seniores para que os jogadores da formação pudessem ter um seguimento no seu clube de sempre. Formámos os jogadores desde os escalões inferiores, era um desperdício deixar estes jogadores sem clube ou escolherem clubes diferentes.

Porque é que ficaram tantos anos sem ter este escalão?

Quando cheguei ao Clube, recordo-me perfeitamente que só existiam duas equipas. Aliás, o meu filho mais velho, com 8 anos, treinava como tantos outros meninos com os infantis quando deveria de estar nos traquinas ou nos benjamins. Os escalões de iniciados na altura não conseguiram fazer equipa e os jogadores que ficaram foram para o futsal. Dessa equipa, são exatamente aqueles que subiram este ano aos Seniores. No ano seguinte a ter começado a acompanhar o Clube com mais regularidade, foi quando me desafiaram a fazer parte da Direção e, logo no ano seguinte, conseguimos ter três equipas em Futebol 7 e uma de Iniciados. Todos os anos abrimos escalões novos até que chegámos aos Juniores. Lá chegados e pelas razões invocadas na questão anterior, resolvemos abrir o escalão de Séniores.

Além do regresso de alguns dos jogadores Seniores, tinham mais objetivos quando voltaram a fazer um escalão sénior?

Pode-se elencar em vários objetivos, quando fizemos regressar o escalão de Seniores:

Como principal objetivo, e foi por eles, pelos jogadores, era não “desperdiçar” quem nos acompanhava desde tão tenra idade da possibilidade de chegada aos Séniores e não ter equipa.

O segundo objetivo, e como base da nossa escolha principal, era fazer regressar os jogadores que jogaram nos Lagartos e muitos deles gostariam de encerrar a sua carreira com as nossas cores, com o Clube do seu coração.

O terceiro objetivo é dar projeção de novo ao nosso Clube, pois quer queiramos ou não o plantel com maior visibilidade é sempre o plantel de Séniores, veja-se o número de assistências media por jogo. Queremos crescer em termos estruturais, aumentar o número de sócios, manter as boas práticas já existentes, como é o caso da aposta na formação, e de trazer até nós os treinadores mais bem preparados possível. Este ano, certificados, já somos quatro.

 

Equipa Sénior "Os Lagartos" do Sardoal

Gostaria que o clube repetisse uma final como aconteceu em 2002 contra o Abrantes Futebol Clube?

Quando falo com pessoas que vivenciaram os tempos áureos dos Lagartos de Sardoal, vê-se nos seus olhos o amor que sentem pelo Clube. O Clube passou por momentos muito críticos, praticamente quem assistia aos jogos dos mais pequenos eram os pais que acompanhavam os filhos e alguns dirigentes. Queria desde já endereçar uma palavra aos “nossos pais” que sem eles não teria sido possível ter chegado até aqui. Os apoios financeiros do Município são muito importantes, aliás são vitais, mas sem o apoio dos pais seria impossível. Queria também lançar um repto aos nossos simpatizantes para se fazerem sócios, uma quota anual baixa, mas que nos ajuda.

O que falta ao escalão de seniores para conseguir resultados para um dia chegar à 1ª Divisão distrital?

Um passo de cada vez. Chegámos este ano aqui, contra muitos que pensavam ser impossível. Para se ter uma ideia, eu próprio contactei mais de 60 jogadores, só não liderei a conversa com três em mais de 60 e, para se conseguir ter pouco mais de 20 jogadores, fomos pouco ajudados por quem tinha alguma responsabilidade também nessa captação, mas adiante... nesse aspeto o caminho foi feito por mim e por um jogador que quero desde já referir e enaltecer, que foi o nosso capitão Pedro Martins “Kikas”. Sem a ajuda dele teria sido muito difícil termos conseguido o número necessário para arrancarmos a época, muitas vezes foi ele que desbravou o caminho para eu dar a “palavra final” (risos).

Quero destacar também mais dois elementos fundamentais pelo seu percurso como jogadores e enquanto pessoas, o Marco Maria “Marquitos” e o Luís Contente “Zidane”, pessoas fundamentais na estrutura e que dão muitos ensinamentos aos mais jovens do que é ser uma verdadeira equipa. Três líderes natos que ajudam muito uma estrutura que os aceita como são e que lhes pede a opinião pela sua experiência vastíssima. Quem pensa apenas e só por si, normalmente nada consegue.

Agora os que acreditaram em nós e que hoje se mantêm, verificam uma tremenda evolução, e acreditam que esta equipa vai crescer ainda muito mais. Em meia dúzia de anos, com uma equipa estabilizada e uma estrutura dirigente forte, não tenho dúvidas que os Lagartos estarão na 1ª Distrital e a repetir feitos, quem sabe na Taça do Ribatejo como aconteceu na Época 1985/1986. Com o cimentar da equipa na segunda Divisão e estabilizando o número de assistências, crescendo em associados e apoios públicos e privados, é possível lá chegar.

Quando tirou o curso de Treinador - Nível1, tinha em mente treinar o clube da freguesia que dirige?

Quando tirei o curso de treinador já estava a treinar os escalões de formação do Clube. Em todos os escalões consegui colocar as minhas equipas no lugar cimeiro e competindo na fase para apuramento de campeão distrital. No meio do meu percurso como treinador, senti que poderia evoluir e fazer evoluir ainda mais as minhas equipas com o curso certificado pela UEFA ministrado pela A.F.S, com Treinadores/ Professores como o Jorge Castelo, Nuno Presume ou o Nuno Pedro na parte do dirigismo desportivo e, com isso, como falei, faria crescer ainda mais as equipas que treinaria. Custou-me imenso dinheiro o curso Nível 1, na data 660 euros mais o tempo despendido, pois fazer 190 kms em dia de aulas, duas a três vezes por semana das 19:30 às 23:30, com uma atividade profissional intensa, ainda dar treinos, jogos aos fins de semana e ainda as aulas práticas ao sábado, foi um esforço muito grande. Sem a ajuda dos meus familiares não seria possível, mas não me arrependo.

No ano que tirei o curso não tinha em mente sequer candidatar-me aos destinos da freguesia, muito menos ser presidente da Junta que hoje com muito orgulho dirijo. (risos)

Além de si, de que forma é que as pessoas responsáveis por este projeto ajudaram no regresso do escalão sénior?

Pode-se dizer que o principal impulsionador fui eu. Aliás, numa das crónicas assinadas pelo meu amigo Nuno Pedro, ele diz isso e tem razão. Os meus colegas sabem-no, eu sempre acreditei que mais depressa do que as pessoas pensavam lá chegaríamos, até mesmo com algumas reticências por parte de alguns elementos da Direção, mas as pessoas perceberam que era a lei natural das coisas e que não iríamos abrir mão da génese da constituição destes órgãos sociais que, com alguns ajustes, já estamos juntos há seis anos, foi sempre a aposta na formação. Hoje ainda não se falou nisso, mas apostamos fortemente na formação e também no futebol feminino. Disse-o e escrevi que iríamos ter jogadoras formadas nos Lagartos na seleção distrital muito em breve e, quem sabe, até mais acima. Na pré-convocatória para as Inter-Seleções Regionais o clube que tinha mais jogadoras era os Lagartos, com cinco meninas. Não estava enganado.

Todos os elementos da Direção ajudaram e contribuíram para a realidade do plantel seniores, uns com mais influência numas matérias outros em outra, mas sem o esforço de todos seria impossível, ter um plantel sénior é ter uma estrutura diferente e mais presente, só pelo facto de existir bilheteira, policiamento, taça do ribatejo de seniores, há sempre detalhes que pela sua particularidade são muito diferentes da formação.

O nosso objetivo é alargar a base de apoio para que todas as equipas, incluindo os Seniores, se sintam mais e melhor acompanhadas.

Notei que a idade média dos jogadores é de 31 anos? Estão a pensar baixar a média apostando na formação?

Ainda vai demorar algum tempo para que a fornalha que suba dos Juniores faça com que a nossa média de idades baixe, mas é mais um dos nossos objetivos, apostar fortemente na formação e a mesma formação dar-nos os alicerces necessários para mantermos sempre uma equipa estruturada e assente na sua larga maioria em jogadores formados nos Lagartos.

Nélio Dias

 

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