O Simpósio do Azeite reuniu em Mouriscas, no dia 21, especialistas da olivicultura e do setor do azeite de todo o país.
Uma das notas deste encontro foi para um aumento na produção da Europa que aporta 60% da produção mundial do azeite. A produção de Portugal é de 5% no mundo, sendo que Espanha, Itália e Grécia são os grandes produtores.
Sendo um encontro ibérico, a programação pretendeu abordar todo o setor, começando pela Olivicultura, sendo que um dos temas mais em foco foram os apoios.
Este primeiro painel teve como temas o "PEPAC:Ajudas anuais e de investimento ao setor", "Variedades portuguesas: como as tornar economicamente rentáveis?" e ainda "Olival e alterações climáticas: o que esperar?" João Nuno Alcaravela, da Associação de Agricultores de Abrantes, resumiu o painel e a situação da região de Abrantes.
João Nuno Alcaravela
Um dos temas em debate foi a denominação de origem protegida. Portugal tem apenas seis: Trás-os-Montes; Alentejo Interior; Norte Alentejano; Moura; Beira Interior; e Ribatejo.
Paula Hipólito apresentou as regiões e lembrou que o Olival está na lista do Património Cultural Imaterial e é um país exportador de azeite desde o Século XIII.
Paula Hipólito
Novo regulamento europeu aponta a novas responsabilidades dos agrupamentos de produtores e assumir práticas sustentáveis. Há uma nova categoria de agrupamento de produtores reconhecidos. “A boa notícia é que os estados podem apoiar os produtores.”
Paula Bico, da Direção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV) trouxe a este encontro uma abordagem sobre o controlo a os contaminantes do Azeite.
Já Mariana Matos, da Casa do Azeite, que saudou o regresso deste Encontro Ibérico a Abrantes, mostrou uma visão dos mercados do azeite, nomeadamente dos mercados emergentes.
Começou pelo número residual de 2% que é o valor que o azeite tem no consumo global de gorduras no planeta. Mariana Matos destacou a duplicação da produção, nos últimos 20 anos, mas com o acompanhamento do consumo.
Depois apontou alguns mercados que podem garantir o futuro. Os principais mercados fora dos produtores da Europa são os Estados Unidos da América e o Brasil. Uma das notas para os azeites nacionais é que as “nossas marcas” têm 60% de cota de mercado no Brasil.
Já no que diz respeito à Europa, tirando os países produtores (Portugal, Espanha, Itália e Grécia) a Europa quase não consome azeite pelo que pode “vir ser um mercado futuro.”
Há mercados emergentes como a Síria, Austrália ou Noruega, sendo que o México também tem potencial de crescimento. Juntam-se a China e a Arábia Saudita. Há o caso da Rússia, mas aqui as sanções internacionais são um impedimento.
Mariana Matos
O azeite como um ingrediente que faz bem à saúde é uma abordagem que está a ser feita pela saúde nos Estados Unidos. E é verdade que o azeite é recomendado como uma gordura que faz bem à saúde. Pelo que o azeite é um dos produtos que pode crescer nos mercados
Mariana Matos
Azeite pode contribuir para a saúde humana e também para a saúde do planeta.
Abderraouf Laajimi, presidente do Internacional Olive Council, com sede em Madrid, trouxe a perspetiva internacional e deixou bem vincado que um quilo de azeite produzido pode absorver 1 1 quilos de CO₂ da atmosfera. E indicou que uma das questões em cima da mesa nesta organismo é a compensação financeira aos olivicultores pelo sequestro de carbono.
Já sobre as Perspetivas do mercado português do azeite a granel Rita Frade, intermediária de azeites, garantiu que os preços baixaram. No azeite a granel, deverão estabilizar em 3 euros por quilo
Outro dos temas tratados no Simpósio, na EPDRA, foi a fiscalização. E foi Rita Carvalheiro, inspetora chefe da Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) que fez a abordagem a esta temática.
Deixou uma série de notas sobre o trabalho da ASAE no país, vincando que é um trabalho contínuo para garantir qualidade para os consumidores.
Rita Carvalheiro
O Olivoturismo foi outra temática do Encontro Ibérico. Se o projeto “Apadrinha uma Oliveira” foi importado para a região de Abrantes e está a maturar, o projeto “Ouro Líquido”, desenvolvido pela Associação de Desenvolvimento das Serras de Aire e Candeeiros, que integra os municípios de Alcanena, Alcobaça, Ourém, Porto de Mós, Rio Maior, Santarém e Torres Novas começa a ganhar corpo.
Luís Melo veio às Mouriscas explicar o plano que pretende intervir em 13.700 hectares, com 7.200 explorações e com uma exploração Média por produtor e de dois hectares.
A próxima fase aponta ao projeto de marketing territorial “Terras de Aire e Candeeiros". Ainda não há uma oferta estruturada, mas há potencial. E o que está previsto é dar a conhecer o território cársico e a narrativa histórica do território, apostar na valorização turística das oliveiras seculares e do património lagareiro abandonado.
Luís Melo
O final do Encontro Ibérico do Azeite contou com a homenagem ao Professor José Batista Gouveia, um estudioso do azeite. É do entendimento que “há um antes e um depois do professor Gouveia. Ele fe-la a revolução dos azeites em Portugal. Fez isso porque estudou. Se não fosse o professor não havia denominação de origem em Portugal.”
O jornalista Edgardo Pacheco, especialista em azeites e gastronomia, apresentou ao longo de 20 minutos o perfil de José Batista Gouveia como sendo “um estudioso, um divulgador e um grande pedagogo na Academia. Um visionário ao criar os cursos de análise sensorial” nos “Laboratórios de Azeites”. Edgardo disse que foi o Professor Gouveia que “o viciou” em azeites e que hoje, na sua casa, há sempre com os amigos provas de azeites.
Edgardo Pacheco
Professor José Batista Gouveia
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