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Depois de um alerta sobre o novo mapa de distribuição de meios aéreos para combate a incêndios florestais, tendo como base os concursos públicos para 2025, o presidente da Câmara de Sardoal assume agora uma posição mais dura.
“Se eventualmente o mês de abril for mau, esperemos que não, e se não tivermos os meios necessários para combate a incêndios é claro que vou pedir responsabilidades de alguém sobre esta matéria”, afirmou Miguel Borges depois de explicar a situação.
Até 15 de abril só estarão disponíveis helicópteros em Arcos de Valdevez, Vale de Cambra, Vila Real, Santa Comba Dão e Loulé. “Ou seja, entre Santa Comba Dão e Loulé, até 15 de abril, na nossa zona não há nada.”
A 15 de abril, indicou, entra em serviço Lousã e Viseu. “Por isso a 15 de abril, entre Lousã e Loulé não há nada.” Só a 15 de maio, até 31 de outubro, entra ao serviço um meio aéreo em Sardoal.
Miguel Borges, presidente CM Sardoal
Miguel Borges foi mais contundente: “Nos nossos territórios os municípios andarem a fazer grandes investimentos no âmbito da floresta, na contratação de homens e de meios, e depois temos alguém que devia ter um olhar completamente diferente, no mínimo devia olhar para aquilo que é o histórico, e desproteger toda uma região. Isto é lamentável.”
O autarca da Sardoal diz que até pode entender o racional financeiro, mas ressalva que esse racional pode ser mais grave se a floresta for desprotegida.
Miguel Borges, presidente CM Sardoal
O presidente da Câmara de Sardoal não compreende nem se conforma com esta decisão. E repetiu que quem fez o planeamento não olhou para o histórico. E explicou. É que olhando só para 2024 o ano foi “macio”, o mês de abril foi muito húmido e não houve complicações. Mas basta recuar a 2023 para se verificar que foi um inverno e primavera muito secos. Houve, em abril, dias de risco de incêndio muito elevado ou máximo. E para Miguel Borges não se olhou para este histórico.
Acrescentou ainda que o helicóptero mais perto é Santa Comba Dão até 15 de abril e entre 15 de abril e 15 de maio Lousã.
Miguel Borges, presidente CM Sardoal
O autarca disse que deixou a sua posição ao secretário de Estado da Proteção Civil e também ao presidente da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil.
E continua a sua análise ao dizer que este é um problema de toda a região e não apenas do Sardoal. É que o helicóptero tem um raio de ação de cerca de 40 quilómetros. Ou seja, no Médio Tejo, no Pinhal Interior Sul e ainda no Alto Alentejo.
Trata-se de um retrocesso no apoio aos municípios que fazem investimentos grandes na floresta, na defesa da floresta. E a falta de um meio aéreo de primeira intervenção pode pôr em risco toda uma estratégia de defesa da floresta.
Miguel Borges, presidente CM Sardoal
Miguel Borges fechou a sua intervenção com um lema que usou ao longo de anos e que foi “apanhado” pelo ex-primeiro-ministro António Costa: “antes pagar do que apagar.”
Miguel Borges, presidente CM Sardoal
Pedro Duque, vereador eleito pelo PS, manifestou total solidariedade com a posição assumida pelo presidente da Câmara de Sardoal e disse estar disponível para o acompanhar nas iniciativas que tomar sobre este assunto.
“Infelizmente esta tomada de posição (do Governo) parece vir numa linha de atuação aos mais variados níveis em que parece que há uma preocupação em chegar e fazer diferente só porque sim. Desta forma é esquecer todo um trabalho que foi feito por quem quer que lá estivesse antes.”
Pedro Duque sustentou que é um anular todo o trabalho que foi sendo feito e sedimentado ao longo de anos.
Pedro Duque, vereador CM Sardoal
Seja como for e independentemente das razões ou justificações por parte do governo, o concurso público para os meios aéreos para o ano 2025 e o meio aéreo para o Centro de Meios Aéreos de Sardoal só está contemplado entre 15 de maio e 31 de outubro.
