Este sábado, dia 6 de maio, o Regimento de Apoio Militar de Emergência, em Abrantes, acolheu a cerimónia de homenagem aos mortos em combate e condecoração aos 66 ex-Combatentes da Companhia de Caçadores Independente 2796 “Gaviões”, que combateram na Guiné de 1970 a 1972.
O General Rovisco Duarte, Chefe do Estado Maior do Exército, esteve presente em Abrantes e falou do caráter pessoal desta cerimónia, devido à ligação com o Coronel Morais da Silva, comandante da companhia.
“O Coronel Morais da Silva foi um homem que marcou a Academia Militar, particularmente a minha geração, nos anos 70, e várias gerações de oficiais. No meu caso, em 76, mais concretamente. Gerações essas que, como o próprio se referiu, estão agora em posições de comando no Exército”, explica o Chefe do Estado Maior do Exército, que afirma ainda que, no seu caso particular “foi ainda mais gratificante perceber que aquele Capitão que eu conheci há cerca de 40 anos atrás, tinha sido um homem [na altura, eu, Cadete, não me apercebi pois a juventude não dá para muitas coisas] que tinha tido uma experiência na Guiné. Foi extremamente reconfortante perceber agora comportamentos na altura. Daí aumentar-lhe a admiração pelas qualidades humanas deste nosso Coronel. Que era, de facto, exigente mas já tinha tido a experiência da Guiné, um teatro extremamente difícil. Isso era vertido na educação dos Cadetes”.
Para os 66 ex-Combatentes presentes na cerimónia, o General Rovisco Duarte deixou um “agradecimento profundo e reconhecido por parte do Exército. E dizer que o Exército os admira muito e que está disponível para poder de alguma forma colaborar naquilo que seja a sua qualidade de vida, conforto, anseios e preocupações. No fundo, uma palavra de solidariedade muito amiga, muito profunda e muito sincera”.
José Mora Alves, de Sardoal, e João do Rosário Oliveira, de Abrantes, são dois ex-Combatentes desta Companhia que lutou num dos piores palcos da guerra colonial. “Recordar situações que já se passaram há 40 anos e que é bom não esquecer”, afirmou José Mora Alves acerca do significado desta cerimónia. Quanto à presença do General Rovisco Duarte, afirma que tem “um valor especial porque vem de alguém que percebe onde nós andámos e o que passámos”.
João do Rosário Oliveira ainda ostentava no peito a medalha da condecoração mas afirmou que “a medalha, por si só, não é importante. Foi toda a cerimónia, o que se passou até hoje e, principalmente, a homenagem aos que faleceram. O Exército não abandona os seus e homenageia-os, quando, muitas vezes, a comunidade civil se esquece de o fazer”, afirma.
Foram 23 meses de missão onde a Companhia “Gaviões” viu tombar cinco dos seus membros e contou com 13 feridos graves. Foram agora alvo de homenagem por parte dos seus pares e numa cerimónia que contou com a presença do Chefe do Estado Maior do Exército, no RAME.
José Mora Alves e João do Rosário Oliveira