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Abrantes: Homenagem a Diogo Oleiro nas Jornadas do MIAA

18/05/2017 às 00:00

A Câmara Municipal de Abrantes assinalou esta quinta-feira, 18 de maio, o Dia Internacional dos Museus, com a realização das VI Jornadas do MIAA – Museu Ibérico de Arqueologia e Arte.

As Jornadas do MIAA, realizadas anualmente em Abrantes, são o momento privilegiado de encontro de investigadores e estudiosos que trabalham em áreas relacionadas com o acervo deste museu, nas várias coleções que o constituem.

Na sessão de abertura, Maria do Céu Albuquerque, presidente da Câmara Municipal de Abrantes, referiu que “o interesse dos museus, e em particular nestas jornadas, o Museu Ibérico de Arqueologia e Arte, e no fundo este interesse que nós temos em particular por estes projetos, assentam nas prioridades e nas orientações estratégicas municipais, nomeadamente com as obras que temos em curso e o investimento que temos associado”, referindo-se à intervenção que está a ser feita na recuperação do convento S. Domingos.

Neste Dia Internacional dos Museus, a autarca destacou “a importância das pessoas, das suas memórias, dos reflexos da sua oralidade, como elementos que se distinguem destes espaços, que são os paradigmas da metodologia do seculo XXI”.

Luiz Oosterbeek, presidente do Instituto Terra e Memória, de Mação, foi um dos oradores destas Jornadas e deixou a pergunta: “Museus e as Humanidades no século XXI, que relação?”

Relativamente ao tema, Luiz Oosterbeek explicou que “a razão tem a ver com o que estamos a fazer este ano em termos internacionais e que é a preparação de uma conferência mundial das humanidades que vai ter lugar em Liège, na Bélgica, na segunda semana de agosto. É uma iniciativa do Conselho Internacional de Filosofia e Ciências Humanas, junto com a UNESCO, e que tem o pouco ambicioso objetivo de fazer refundação das humanidades”.

“Esse objetivo um bocado estratosférico”, refere Oosterbeek, “é feito no quadro de uma reflecção iniciada há uns anos atrás e que se resume basicamente ao seguinte: todos os dias fazemos festas com os bons indicadores que temos e, no entanto, o planeta está pior. Há aqui qualquer coisa que não bate certo”.

 

Homenagem a Diogo Oleiro

As VI Jornadas do MIAA contaram este ano com uma homenagem, a título póstumo, ao responsável pela criação do Museu D. Lopo de Almeida e seu primeiro diretor, Diogo Armando da Silva Oleiro.

Segundo a “Cronologia de Abrantes no Século XX”, de Eduardo Campos, “a 11 de maio de 1922, Diogo Armando da Silva Oleiro toma posse do cargo de diretor do Museu Regional D. Lopo de Almeida.

Perante os seus netos, que voltaram a Abrantes para homenagear o avô, Maria do Céu Albuquerque destacou “aquele que foi o papel determinante na construção, não só deste Museu, mas de toda a busca incessante que Diogo Oleiro fez ao longo da sua vida para deixar um património reconhecido, identificado, para que possamos continuar a criar a nossa identidade e projetarmo-nos também enquanto comunidade”.

Manuel Oleiro, neto de Diogo Oleiro, recordou o avô como “um homem que, ao longo de toda a sua vida, manifestou um imenso orgulho pela sua cidade natal”. “Este ano faz 55 anos sobre a morte do nosso avô e apesar desta passagem de tempo imparável, há imagens que permanecem muito vivas nas nossas memórias e há marcas que nos acompanham ao longo de toda a nossa vida”, disse.

Descreveu ao pormenor os escritórios que existiam na casa do avô, como “um mundo fabuloso onde a imaginação de todos nós, crianças, não tinha limites e contruía todo o tipo de aventuras”.

Diogo Oleiro faleceu no dia de Natal de 1962, “de forma, para nós, muito inesperada”. “E nestas décadas que desde então decorreram, o que era admiração de crianças por um avô que parecia saber de tudo, foi sendo substituída por uma admiração de outro tipo. Desde logo um grande orgulho pela curiosidade intelectual de Diogo Oleiro. O nosso avô não tinha qualquer licenciatura, era um autodidata que baseava a sua formação em muitas leituras e muitas viagens para conhecer o património nacional”, lembrou Manuel Oleiro.

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