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Acácias, Hakeas e Erva-das-Pampas são invasoras que geram preocupação (c/áudio)

14/01/2025 às 17:07

Hakea, Acácia e Erva das Pampas são nomes de três espécies de arbustos ou árvores que deve ter em mente como invasoras agressivas e constituem uma ameaça crescente às zonas florestais do país e, naturalmente, da região centro.

Nas zonas florestais do Pinhal Interior, entre Mação e Vila de Rei, as Hakeas são um problema crescente, principalmente porque tiveram “explosões” muito grandes depois dos incêndios florestais.

Por outro lado as acácias, de diversos tipos, mas que pela região se conhece mais a espécie acácia-mimosa constituem outra ameaça. Onde existem, se nada for feito, transformam o território numa floresta densa e “matam” todas as outras, incluindo os eucaliptos.

E depois começa a surgir uma outra ameaça ainda mais agressiva que é a Erva-das-Pampas, um arbusto sul-americano que tem uma propagação territorial muito intensa e que quando os arbustos ganham dimensão só se conseguem eliminar com recurso a máquinas, até porque as folhas cortam, pelo que dificulta os trabalhos manuais.

Foi neste sentido que o Grupo de Gestão Florestal da Abastena (GGFA) organizou esta terça-feira, dia 14, uma ação de formação para produtores florestais e outros interessados no tema no auditório Elvino Pereira, em Mação.

Eduardo Mendes, engenheiro florestal do GGFA começou a sessão por esclarecer a diferença entre as invasoras e infestantes, para limitar toda a sessão às invasoras, que são as plantas exóticas. E estas espécies gostam que se mexa no terreno ou gostam do fogo para se poderem “explodir” em crescimento porque “deixam bancos de sementes enormes e que acrescentam problemas de crescimento e ocupação de territórios quando acontecem esses eventos.”

Começando pelas acácias, começou por referir a existência de 11 espécies de acácias documentadas em Portugal. E começou por mostrar os ramos das mimosas, que encontramos muito pela nossa região, e que começam agora a entrar em floração. Os bancos de sementes espalhados podem durar 10 anos até à germinação. Mas se apanham condições ideais, terra mexida e luz, “explodem”.

Foram ainda mostrados ramos de outras espécies de acácia, igualmente agressivas, mas que podem não ser tão conhecidas como as “famosas” mimosas que muitas pessoas gostam de ver quando ficam em flor.

E, firmou Eduardo Mendes, que num terreno onde se faça o corte de árvores, se existirem acácias e o solo não for tratado estas crescem de forma rápida e descontrolada. E se for feita uma plantação de eucaliptos sem acautelar a desinfestação dos terrenos, as acácias “abafam” os eucaliptos.

Acacia dealbata ou Mimosa

Acacia melanoxylon

Acacia longifolia

acacia_retinodes

acacia_pycnantha

acacia_mearnsii

acacia_saligna

As Hakeas são um problema mais “silencioso”, mas igualmente preocupante. As sementes só “explodem” se tiverem condições. Ou seja, se existir um terreno com Hakeas sem ser mexido, lavrado ou sem corte dos arbustos, se não existir um incêndio, esta espécie apenas cresce. As sementes não germinam. Mas ficam depositadas.
Havendo as condições o pode de disseminação da planta é incrível.

Há, no entanto uma diferença para as acácias. As Hakeas, mesmo com um palmo podem florir e gerar sementes, enquanto as acácias precisam de, mais ou menos dois anos, pelo que as intervenções de gestão florestal têm de ser diferentes e adequadas à espécie.

hakea-sericea

 hakea-sericea

Já a Erva-das-Pampas ou “Cortaderia Selloana” começa a ser um problema e é muito difícil de controlar, particulamente porque os “penachos” libertam milhares de sementes que podem ser transportadas com o vento. Como as folhas cortam a sua eliminação só possível com equipamentos mecânicos. E, explicou Eduardo Mendes, está a ganhar terreno uma forma de controlar a espécie que é cortar os “penachos” e colocá-los de imediato dentro de um saco. Poderá ser uma forma de evitar o crescimento.

Cortaderia Selloana

A Erva-das-Pampas pode atingir uma dimensão enorme 

Ponto-chave para o engenheiro florestal é a deteção precoce e uma resposta rápida por parte dos produtores ou proprietários para evitar a produção de sementes, a criação de bancos de sementes e a sua expansão territorial. “O objetivo será sempre evitar a produção de sementes das plantas, que no caso das acácias e erva das pampas produzem muito mais rapidamente.”

Depois seguiu-se um conjunto de informações mais técnicas de limpeza de terrenos, de corte das espécies ou sobre a aplicação, necessária, de herbicidas.

Eduardo Mendes, referiu-se a um exemplo de controlo biológico já testado em Portugal. “Há num tipo de acácias que já tem controlo biológico através da libertação de um inseto exótico, mas que demora cinco anos a por em prática.” Mas tem de haver um cuidado para esse inseto não criar um outro problema. A Acácia Mimosa já tem também este processo em estudo laboratorial.

Um dos produtores questionou onde existem os problemas com estas invasoras. E a resposta foi simples. As acácias em todo o país. As Hakeas no norte e centro do país e começam a surgir no Algarve. E a Erva-das-Pampas está também a ter incidências elevadas no norte e a crescer para o centro do país. Face a esta resposta o mesmo produtor fez a pergunta, que ficou no ar: “Se é um problema nacional, então não deveria haver um plano nacional para a erradicação das invasoras?”

Depois da ação teórica o grupo seguiu para as proximidades da aldeia do Pereiro onde foram dadas explicações junto a um terreno infestado por Hakeas.

Heduardo Mendes, engenheiro Florestal

O Grupo de Gestão Florestal da Abastena (GGFA) congrega cerca de 3.000 proprietários e produtores florestais, responsáveis pela gestão de mais de 12000 propriedades, totalizando uma área superior a 34.000 hectares. No concelho de Mação, o GGFA conta com a participação de 54 proprietários, os quais detêm 515 hectares de área certificada.

Em parceria com o RAIZ – Instituto de Investigação da Floresta e do Papel (The Navigator Company), a Abastena tem vindo a desenvolver ações de formação sobre plantas invasoras.

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