O Município de Constância assinou, no passado dia 29 de agosto, o protocolo de colaboração para a realização do European Rocketry Challenge - EuRoC edição 2023. o EuRoC procura “contribuir para o desenvolvimento de competências tecnológicas e para a promoção de uma cultura científica e inovadora entre os jovens universitários, alargando a base de futuros profissionais e fortalecendo os meios que garantirão a sustentabilidade do setor aeroespacial em Portugal, assente num crescimento constante e sustentado”. O EuRoC também conta com o apoio do Exército Português.
Fundado pela Agência Espacial Europeia em 2020, o EuRoC é uma competição de lançamento de foguetes para equipas universitárias europeias.
Assim e com a assinatura deste protocolo de colaboração para a realização do EuRoC 2023, a Câmara Municipal de Constância, vai a partir de agora, e além de Ponte de Sor (local que acolheu a primeira edição desta competição), e o Campo Militar de Santa Margarida, acolher esta competição: “Esta é uma oportunidade também para a Agência Espacial Portuguesa (AEP) no sentido que esta região, em particular aqui, Constância, Ponte de Sor e a base militar, oferecem de facto condições para nós, mais uma vez, organizarmos esta competição. Também de alguma forma colado àquilo que é o Air Summit de Ponte de Sor, faz todo o sentido, diversificarmos também esta componente nos outros municípios, até porque o importante aqui é esta localização estratégica, perto da base militar, que nos dá este conforto e esta possibilidade. A Agência Espacial Portuguesa vê com muito agrado esta parceria para esta competição que será bianual, portanto, a cada dois anos, aqui em Constância, alternaremos com Ponte de Sor, onde foi iniciada esta edição”, explicou Ricardo Conde, presidente da Agência Espacial Portuguesa.
Deste modo, o presidente informou, também, que o município acolherá várias equipas, tanto portuguesas como internacionais e de diferentes universidades: “Passarão por aqui por Constância várias equipas, equipas portuguesas também, equipas de várias universidades europeias que na realidade é uma montra tecnológica daquilo que é uma atividade pré-industrial dos alunos que se preparam para ser os profissionais de amanhã no campo dos lançadores. Esta competição, também, coloca estes municípios no mapa europeu, no roteiro daquilo que é esta competição ligada para a promoção de atividades espaciais, em particular os estudantes do ensino superior”. Da mesma forma ressaltou que só em outubro é que os lançamentos de Rockets serão vistos em Constância, já que esta competição ira realizar-se entre os dias 10 e 16 de setembro neste Município.
Por outro lado, o presidente da Câmara Municipal de Constância, Sérgio Oliveira, indicou a importância que tem o EuRoC 2023 na economia do município: “Com o EuRoC a realizar-se no nosso concelho, tendo em conta o número de participantes e as diversas nacionalidades de estudantes que vamos ter no nosso território, é uma forma de fazermos publicidade ao nosso concelho no exterior e criar outras oportunidades de negócio ou de investimento que de outra forma, sozinhos, muito dificilmente conseguiríamos. Obviamente, temos consciência de que esta iniciativa também só é possível porque nos aliamos mais uma vez àquilo que nós temos dito, a parte civil, a parte militar, portanto, o Campo Militar de Santa Margarida para além de todas as tarefas inerentes que têm de defesa do nosso país e do cumprimento de missões internacionalmente, também têm aqui dentro da parte civil e dentro de um conjunto de iniciativas um papel importante que ajuda ao desenvolvimento desta iniciativa e de outras iniciativas que como costumamos dizer o Campo Militar de Santa Margarida é um ativo fundamental por diversos motivos e este é mais um, a acrescentar a todos os outros, pode ser o desenvolvimento do nosso concelho e do nosso território… Isto é muito mais do que o simples lançamento de Rockets ou foguetões, isto é algo que vai efetivamente projetar o nosso concelho para fora das nossas fronteiras, não tenho dúvidas que este passo que está a ser dado hoje aqui, s calhar de aqui por dois ou cinco anos terá o retorno que esperamos. O município é pequeno, mas que esta sempre disponível para acolher estas iniciativas e apoiá-las”.
Da mesma forma, o presidente, ressaltou que as principais mudanças que se iriam sentir na zona seria o facto do pavilhão municipal ficar, durante este período, mais dinâmico, assim como o grande movimento de pessoas que a vila vai assistir nesta altura: “O pavilhão que estamos habituados a ter uma imagem dele que vai ficar completamente transformado num espaço dinâmico com várias nacionalidades lá dentro, com várias iniciativas a decorrerem, portanto, um movimento que não é habitual decorrerem e obviamente um movimento que não é muito habitual ter na vila nessa altura do ano, portanto é a principal transformação que vamos conhecer, mas como disse há pouco este tipo de iniciativas e o retorno que traz para o nosso território em concreto é algo que se vai sentir a longo prazo, porque as equipas que vêm no conjunto de países da Europa que vêm a Constância provavelmente vão gostar da vila, vêm cá a primeira vez, vão conhecer e esperemos que voltem e tragam muitos amigos e com isso muitas oportunidades para o nosso concelho.”
Ricardo Conde, presidente da Agência Espacial Portuguesa, relembrou, por outro lado, que no dia 25 de setembro se faz 30 anos do lançamento do primeiro satélite português, chamado PoSAT-1, mas para o presidente este acontecimento é particularmente importante porque, revelou, que Portugal se prepara para montar uma agência industrial para a construção de satélites o que criará, também, mais postos de trabalhos nesta indústria: “este ano marcará o início de Portugal montar uma pequena agência industrial para fazer a volta de 30 satélites que vão ser lançados nos próximos 3 ou 4 anos, estou a dizer isto porque estes alunos saem encontraram também em Portugal uma indústria que tem de os receber e que os vai receber de certeza, aquele mito de que nós estávamos a formar pessoas para irem para fora, acho bem alguns que vão para fora, voluntariamente, faz parte do programa Erasmus, de conhecer novas coisas, mas há muitos que regressam e depois temos o contrário, há muitos de fora que vêm para cá para dentro, portanto, nós vivemos também num mundo que não é Portugal, as fronteiras de Portugal terminam nas fronteiras da Europa e quase do mundo, nessa perspetiva a formação destes alunos vai ao encontro daquilo que são as necessidades do país para esta área”.
Mas, porque realizar este evento em Portugal?, esta pergunta, segundo o presidente da Agência Espacial Portuguesa, foi posta algumas vezes, mas o único receio sob esta questão era sobre a segurança: “Eventualmente havia muitas condições ou limitações em termos de segurança porque estamos a falar em lançamento de Rocket, que têm alguma dimensão, com uma altura de 10 km, portanto, há um conjunto de procedimentos de segurança que é preciso segurá-los, portanto, há poucos sítios na Europa e também se calhar pouca disponibilidade em tocar em coisas sensíveis, nomeadamente, na segurança... A rota comercial dos aviões andam a 10 km de altura, então, se os Rockets são lançados a 10, eles vão ter que fazer um pequeno desvio, o que se faz é a emissão de uma reserva do espaço aéreo e durante as janelas de lançamento, os aviões não passam por aqui, isto está coordenado com a base militar e com as autoridades aeronáuticas, isso é a vantagem da base militar porque é muito complexo tudo o que jogue com a segurança”.
Sendo a segurança o principal tópico com maior importância, existem outros protocolos que fazem desta logística “um processo muito complexo”: “Quando eu assinei o protocolo disse que esta era a parte mais fácil, depois concretizar as coisas é de facto difícil, porque há aqui paneis de avaliação, há aqui um trabalho impressionante, os meus colegas todos que estão envolvidos, a interação das equipas, a regulamentação, a interação com as autoridades, isso é muito complexo. Por exemplo, nós estamos a falar de Rockets, estamos a falar de explosivos, esta parte tem que ser calculada, e trazer um explosivo ou um motor de um país mete segurança, mete polícias, fronteiras, os seguros, uma atividade de alguma forma nova, como é que as companhias de seguro se posicionam, e isto por trás tem muita gente como tem peritos internacionais”, situação que também condiciona, além da logística, a elevação da competição a um nível mais internacional como às expetativas para os próximos eventos: “Abrirmos internacionalmente seria nós de alguma forma colocarmos um limite. Mas aqui há toda uma preocupação e no âmbito destes protocolos que a competição tenha qualidade e as próprias universidades aqui na Europa sintam que de facto têm qualidade. São recebidos num ótimo ambiente com condições de alojamento, boa receção à própria organização do evento, tudo com qualidade, se nós abrirmos tudo a nível internacional, colocamos muito mais do que 22 equipas, começa a ser complexo a nível logístico e dispendioso... E perguntarem-me se de um ano para outro se nós tivemos 20 e este ano tivemos 22 e para o ano a expetativa é termos 25, isto não funciona assim, nós temos que ter um limite que é garantir a qualidade do evento, nós pensamos abrir um evento internacionalmente, só que se abrimos um evento intencionalmente, podemos pensar para a frente nós temos que ter outra logística e a logística do evento é muito complexa. Equipas com contentores e ferramentas de até 40 pessoas”.
Assim, a realização deste encontro baseou-se principalmente em dar aos jovens europeus um espaço para realizarem testes ao longo do seu percurso académico: “Isto apareceu porque exatamente estes alunos da Europa queriam ter um campo de teste para lançar e não tinham sitio na Europa, e o Diretor Geral da ESA (Agência Espacial Europeia) telefonou na altura, a perguntar se não havia condições na Europa para se realizar este tipo de atividades, e na altura o Diretor da Agência Espacial Europeia, pensou que deveria haver algum país, que contasse com acesso ao espaço, que é Portugal, que possa ter condições... E Portugal manifestou essa vontade”, explicou, o presidente Ricardo Conde.
Este encontro contará com 14 países que se traduzem em 22 equipas, trazendo assim em total 600 alunos, que competiram em várias categorias nas quais serão premiados dentro destas mesmas categorias e outras que são analisadas particularmente relativamente à inovação que se coloca no projeto.
Porto Espacial de Santa Maria
Neste sentido, foi criado o Programa Internacional de Lançamento de Satélites dos Açores, o qual é explicado, pela Agência Espacial Portuguesa, como: “Uma iniciativa conjunta dos Governos de Portugal e da Região Autónoma dos Açores, através da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) e a EMA-ESPAÇO, Estrutura de Missão dos Açores para o Espaço, com o apoio técnico da Agência Espacial Europeia (ESA)”.
Assim, o presidente da Agência Espacial, explicou que o porto espacial está ainda em processo de aprovação, mas se espera que até outubro se consiga lançar “os procedimentos do Porto Espacial”: “Sobre o porto espacial, nós estamos muito perto de tomar uma decisão. Nós temos um alei chamada «lei do espaço», nós temos um processo da revisão da lei do espaço que deve estar concluída agora durante setembro, portanto, nós contamos a partir de final de setembro, outubro, já lançar os procedimentos para o porto espacial... De acordo com aquilo que são os objetivos também estratégicos não só nacionais e europeus, os portos e os lançadores são uma iniciativa comercial, nós temos que promover as condições para atrair a indústria para fazer o acesso ao espaço, portanto, este ano e já vai um longo ano, já passou mais da metade, esperamos pelo menos ter os primeiros lançamentos suborbitais em Santa Maria (Açores), experimentais, não importa, é uma antecâmara daquilo que nós queremos fazer, mas também esperamos ter definido e clarificado aquilo que é o modelo para o porto espacial”.
Assim, esta iniciativa está a contribuir de forma positiva para o enriquecimento de conhecimento dos alunos deste campo e, agora, com a chegada desta iniciativa, a Constância irá ajudar, também, contribuir na diversificação da economia local e regional.
Jade Garcia