Foi inaugurado a 19 de março de 2004 e desde então tem feito as delícias dos 200 mil visitantes que por lá passaram. Com um orçamento de 120 mil euros anuais, os seus responsáveis fazem do Centro Ciência Viva de Constância – Parque de Astronomia (CCVC) um dos principais equipamentos atrativos da região do Médio Tejo.
A sua coordenação está sob a tutela de Máximo Ferreira, astrónomo de referência, que muito tem partilhado os seus conhecimentos com quem visita o espaço, ouve as rádios, lê os jornais ou simplesmente conversa com ele, como o Jornal de Abrantes teve essa oportunidade.
Tal como nos conta, a aventura começou em 2000. Foi nessa altura que Constância começou a virar as suas atenções para a astronomia.
Nesse ano, já existiaum observatório. Em 2003, surge a sala de planetário e em 2004, a então esperada inauguração.
Tudo isto “resultou de um conjunto de atividades que o Museu de Ciência da Universidade de Lisboa foi desenvolvendo pelo país. O museu tinha um setor de astronomia, do qual eu era responsável e começámos a realizar as Astrofestas. Em 1994, fizemos a primeira em Redondo (…) Em 1995, realizámo-la em Constância, onde existiam duas professoras que se interessavam pela astronomia. Esta iniciativa deu lugar à criação do Clube de Astronomia na Escola Luís de Camões e ao interesse da Câmara Municipal pela ideia. Como eu sou de Constância, fui ajudando”.
O passo seguinte foi a procura de um lugar para o CCVC. “Quando chegámos a este espaço, a Câmara foi procurar o seu proprietário, que nem sabia muito bem que tinha o terreno, mas ele gostou tanto do projeto que ofereceu 4 hectares. Espaço esse que ainda ocupamos”, conta Máximo Ferreira.
Os espaços que compõem o CCVC são diversos e vão desde um Observatório Astronómico, onde está o maior telescópio público do país, um Planetário, um Observatório Solar, uma escultura intitulada “Máquina do Mundo”, um anfiteatro, um laboratório de holografia, entre outros.
“Este não é um espaço de investigação. O objetivo primordial não é esse, apesar de já termos tido alguns trabalhos que têm sido integrados na investigação nacional e internacional. No essencial, é um espaço para fazer divulgação da astronomia, das ciências associadas, como a física, a matemática, a história e nalguns casos a literatura”, explicou o coordenador.
“Um espaço onde tentamos trazer públicos indiferenciados, mas nomeadamente as escolas. É um local onde temos tido a preocupação de criar conteúdos de apoio ao ensino formal. Não substituímos a escola, mas falamos de coisas relacionadas com aquilo que se aprende na escola”, acrescenta.
Para além dos espaços que dizem respeito à astronomia, o CCVC conta ainda com um espaço expositivo, onde se encontra a exposição: “A Física do Voo”.
“Temos um avião a jato, que foi cedido pela Força Aérea e que voou aqui na base de Tancos. É uma exposição permanente que permite o desenvolvimento de atividades: desde referências históricas sobre o voo e o viajar no espaço, até aos princípios mais teóricos (…) As pessoas podem ainda entrar no avião e mexer em alguns comandos”. Como também experimentar “um jogo simulador de voo”.
No exterior do CCVC é possível encontrar um espaço de campismo, por onde já passaram mais de 1000 escuteiros acampados, e um lago, que consiste num projeto de musealização científica de património regional.
“No lago Arquimedes estamos a montar algumas coisas que vão permitir às pessoas brincarem com um barco, lembrando o princípio de Arquimedes (…) À volta do lago estamos a colocar alguns objetos patrimoniais da região (…) Já temos instaladas duas noras. Há uma mais antiga que está colocada num poço e que ainda tem um burro desenhado em chapa, que muitas vezes é a alegria dos mais novos, pois veem a nora a girar e água a sair de lá (…) Estamos a falar de um espaço de complemento ao CCVC que permite uma abordagem a aspetos científicos”, explicou o responsável.
O CCVC está aberto todos os dias exceto às segundas-feiras
“Quando se trata de grupos grandes ou de visitas de estudo, nós pedimos que sejam agendadas para facilitar a preparação da visita e adequá-la às idades”, reforçou Máximo Ferreira, dando conta que ao CCVC tem chegado às escolas de todo o país, grupos de astrónomos ou universidades seniores, algumas vezes provenientes de Espanha.
Com três sócios fundadores, a Câmara Municipal de Constância, a Ciência Viva e o Instituto Politécnico de Tomar, o CCVC é hoje uma associação que tem como objetivo captar financiamento próprio.
“Temos dois financiadores diretos: a Câmara Municipal e a Ciência Viva, mas temos de captar financiamento desenvolvendo atividades fora do CCVC. Temos um planetário móvel que transportamos para realizar diversas atividades no exterior, bem como temos a receita proveniente das visitas ao Centro”, avançou Máximo Ferreira.
Já no que diz respeito às atividades paralelas, o CCVC ainda organiza a Astrofesta, em coordenação com o Museu Nacional de História Natural e da Ciência - Universidade de Lisboa, num fim-de-semana de finais de julho a meados de agosto, que em 2017 decorrerá no Alqueva e em 2018 em Constância.
Ainda assinala alguns dias especiais como o dia Internacional da Astronomia, o dia Internacional do Asteroide, etc. e é uma casa aberta para todos os interessados nas matérias da astronomia.
Máximo Ferreira está expectante face ao próximo ano. O CCVC vai estar com uma elevada taxa de ocupação diária.
Joana Margarida Carvalho