Com uma tarde com poucos alunos, João Costa, ministro da Educação, foi recebido na Escola Judite Andrade de Sardoal com uma formatura dos Bombeiros Municipais de Sardoal.
Há muito tempo que estava prevista a deslocação do ministro para a inauguração desta escola. O próprio governante revelou que esta deslocação andou muito tempo entre agendas, mas que o presidente da Câmara de Sardoal o ia lembrando através de mensagens.
Mas, de acordo com João Costa, nunca esteve equacionada a possibilidade de não vir. E ainda bem, disse o ministro, porque viu uma escola moderna e capaz de conduzir os alunos a um futuro risonho, se trabalharem.
A entrada de João Costa, e comitiva, no interior da escola contou com a atuação dos alunos que, um dia depois do Dia da Europa, entoaram o Hino da Alegria. E entre a afinação dos executantes, o ministro perguntou o nome da música e do seu autor, e as respostas surgiram em uníssono.
Depois, no descerramento da placa evocativa da inauguração, João Costa repetiu o que tinha feito de manhã em Abrantes e chamou dois alunos para puxarem a bandeira nacional e, deste modo, deixarem a escola inaugurada. Será, seguramente, um momento que estas crianças não vão esquecer.
Entre a visita a todos os cantos da escola, salas de aula, pavilhão desportivo, cozinha, refeitório, sala de professores e espaços exteriores, João Costa ainda falou com o Salvador, um aluno de educação especial que lhe “pediu o regresso de Inglaterra à União Europeia”, com dois jovens que jogavam xadrez no bar ou com um outro jovem que tinha partido um braço e estava, por isso, engessado. João Costa perguntou se todos os amigos já tinham autografado o gesso e, para espanto, pediu uma caneta para deixar o seu autógrafo no gesso do Dinis.
Já na sessão oficial, Ana Paula Sardinha, diretora do agrupamento começou por se mostrar grata pelo trabalho de todos e todas que estiveram envolvidos num processo longo, desde 23 de setembro de 2016. Foi um caminho complexo, com o “pó nas salas de aula, pelos reduzidos espaços exteriores, e ainda com a pandemia da Covid-19”, disse a diretora referindo que foi um teste à paciência e resiliência de alunos, professores e assistentes operacionais e técnicos.
“Temos uma escola requalificada com ambientes de aprendizagem dignos do Século XXI. Uma escola inclusiva que aposta na construção de um conhecimento ativo e transdisciplinar”, indicou a professora.
Logo a seguir, Miguel Borges, presidente da Câmara Municipal de Sardoal, começou o recuar no tempo. É que já lá vão 20 anos desde o projeto educativo que ele próprio, como professor, coordenou o primeiro projeto educativo.
O mote foi “interioridade não é sinónimo de inferioridade”. O agora autarca sublinhou que, na altura, estava longe de sonhar que esta frase do projeto educativo de Sardoal o iria acompanhar ao longo da vida política.
De acordo com o autarca, “partimos de uma escola em que em 2006 tinha uma necessidade de intervenção superior a 1,2 milhões de euros. Partimos de uma escola em que os pais eram obrigados a deixar os alunos no portão e, estes, tinham de percorrer uma distância considerável até às salas, chegando muitas vezes completamente molhadas.
O presidente da Câmara indicou que houve uma luta enquanto professor, presidente do Conselho Geral, autarca, mas uma luta enquanto encarregado de educação para a necessidade das obras na escola.
Miguel Borges vincou que a requalificação teve três fases. A primeira foi quando “dizemos queremos uma escola nova.”
A segunda fase é a das obras. “Bolas isto nunca mais acaba.”
A terceira fase, é mesmo, “quando dizemos que agora é assim, mas podia ser de outra maneira.”
Foi construída por três períodos. O primeiro foi o corpo principal da escola e demolição do ginásio. Uma segunda com a transferência para o edifício novo e demolição do espaço polivalente. Depois foi a construção do ginásio. Disse Miguel Borges que desta forma reduziu o custo, mas teve mais tempo de obras.
Mesmo no final, o autarca agradeceu a presença do ministro e repetiu a frase com que iniciou o discurso, para que “possamos dizer que interioridade não é sinónimo de inferioridade.” E as emoções “quase” que terminaram de forma abrupta o discurso do autarca, tal a importância que, ao longo dos anos, colocou neste projeto.
Já o ministro, João Costa, confirmou os muitos SMS trocados com Miguel Borges a propósito desta visita. “E este convite do presidente da Câmara é em tudo compatível com esta emoção que o senhor presidente esteve aqui a explicar toda a luta para poder ser prioridade, para que se concretizasse e para que hoje pudéssemos estar aqui neste espaço tão bonito. E com uma escola, como dizia a diretora, sendo mesmo uma escola de futuro.”
João Costa sublinhou que há um bom espaço, mas um bom espaço não funciona sem os professores e operacionais que fazem mudar a vida dos alunos. ”Se a escola não servisse para transformar vidas podia ser o espaço mais fantástico do mundo que não cumpria a sua função.”
O governante, após visitar todos os espaços, disse que “pude ver, não só felicidade nos olhos deles (dos alunos), mas também a energia e a vitalidade desta escola, nos projetos que desenvolvem”.
João Costa destacou ainda que o caminho trilhado não tinha sido possível se não tivesse existido uma grande parceria com os Municípios. “Não fosse a grande visão e empenho dos municípios não estávamos a celebrar estas novas instalações, um pouco por todo o país.”
O ministro disse que está para iniciar uma nova fase com o acordo celebrado com a Associação Nacional de Municípios Portugueses em que foram inscritas 461 escolas para intervenção nos próximos anos. Houve uma negociação com a União Europeia para uma reprogramação financeira no âmbito do PRR. João Costa viria a explicar aos jornalistas que a área metropolitana de Lisboa terá muitas escolas em obra porque a região está fora dos financiamentos dos quadros comunitários e, tem agora uma possibilidade de poder renovar o seu parque escolar.
Aos jornalistas o ministro disse que esta é uma grande obra, mas que não é tudo, que tem o trabalho da direção e dos professores. “Foi uma luta do senhor presidente (da Câmara).”
A nova escola de Sardoal tem no ano letivo 2022/2023 mais 10% de alunos, o que é, de acordo com o autarca de Sardoal, uma boa notícia em território com perda populacional, de acordo com os censos. O agrupamento de escolas de Sardoal tem 505 alunos inscritos.
De notar que o investimento total nesta nova escola é da ordem dos 5 milhões de euros, financiado a 85% por fundos comunitários. O restante valor conta com uma componente nacional suportada pelo Ministério da Educação, cerca de 200 mil euros, e pelo Município, cerca de 400 mil euros.
De referir que em janeiro de 2019 o então ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, assinalou a abertura do período letivo com uma visita às obras de requalificação da Judite Andrade, em Sardoal, uma das 300 escolas requalificadas no país graças à “generosidade” das autarquias.
A remodelação projetada acabou por “construir uma escola praticamente nova” com 22 salas de aula, sala de música, laboratórios, salas de TIC, biblioteca, salas de E.V.T., sala polivalente, áreas exteriores cobertas, papelaria, refeitório, equipamentos infantis, recreio coberto, espaços administrativos e um polidesportivo ao ar livre.
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