A freguesia de Mouriscas, em Abrantes, que não tem médico de família desde 2022, vai dispor, a partir de sexta-feira, de um clínico de medicina geral e familiar através do projeto 'Bata Branca', anunciou hoje o município.
Em nota de imprensa, a Câmara de Abrantes, no distrito de Santarém, afirmou que, “após alguns meses de indefinição”, a população de Mouriscas vai voltar a ter serviço de saúde de proximidade no âmbito de uma “iniciativa inserida no projeto Bata Branca”.
Assim, vão ser disponibilizadas “consultas à população sem médico de família nas manhãs de terça, quinta e sexta-feira”, na Extensão de Saúde daquela localidade.
“O projeto vai iniciar-se a 01 de setembro, tendo sofrido um alargamento nas horas das consultas disponibilizadas, passando das seis horas semanais para nove horas semanais, com consultas a serem realizadas às terças-feiras, quintas e sextas-feiras, das 9:30 às 12:30”, pode ler-se na nota informativa.
Citado na mesma nota, o presidente da Câmara de Abrantes, Manuel Jorge Valamatos, salientou que a falta de médicos de família "é uma das grandes preocupações” do município, que não detém as “competências legais para a sua resolução", salientando que, "com o projeto Bata Branca, foi possível “encontrar uma solução imediata”, no caso, para Mouriscas.
O autarca dá ainda conta de querer alargar a medida “a outras zonas do concelho, através das Instituições Particulares de Solidariedade Social”, com o município “a assumir o pagamento de uma parte da remuneração dos médicos" e de estar a trabalhar para que seja possível a “contratação de médicos de família aposentados, permitindo-lhes um regresso à atividade que dê resposta às necessidades da comunidade”.
Em resposta a um pedido de esclarecimento da Lusa, o Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) do Médio Tejo indicou, no dia 23 de agosto, que, “num total de 225.522 utentes frequentadores, 33% destes utentes não têm médico de família atribuído”, sendo que, nos 11 municípios da região, a realidade “assume maior dimensão” em Abrantes, a par de Ourém, Alcanena, Mação e Sardoal, onde “a percentagem de utentes sem médico atribuído é superior aos 33% da média”.
No caso concreto de Abrantes, o ACES disse que os polos nas freguesias de Mouriscas e Rio de Moinhos “estão sem consultas médicas”, podendo os utentes “recorrer a consulta de recurso na Unidade de Cuidados de Saúde Personalizados (UCSP), na sede de concelho, tendo confirmado esperar que o polo de Mouriscas “veja a situação resolvida a partir de setembro, dada a recente celebração de um protocolo entre o Ministério da Saúde e uma IPSS local”.
O ACES referiu anda o caso do polo de Alferrarede, que integra a UCSP de Abrantes, onde estão “inscritos 6.000 utentes frequentadores sem médico de família atribuído”, situação que deriva da aposentação de cinco médicos que ali prestavam serviço.
“A situação de Alferrarede resulta do facto de, em dois anos, se terem aposentado os cinco médicos que aí trabalhavam, sem que nenhuma das vagas disponíveis nos sucessivos concursos de acesso à carreira médica para a UCSP de Abrantes tenham sido ocupadas, apesar dos incentivos existentes por ser considerada uma zona carenciada”, informou o ACES Médio Tejo.
A solução encontrada para a Extensão de Saúde de Mouriscas foi alcançada no âmbito do projeto ‘Bata Branca’, desenvolvido através da parceria entre a União das Misericórdias Portuguesas e a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo e no qual é disponibilizada uma comparticipação financeira no valor de 27 euros por hora para os clínicos.
O valor remanescente da compensação aos médicos será comparticipado pelo município de Abrantes através de protocolo realizado com a ACATIM – Associação Comunitária de Apoio à Terceira Idade de Mouriscas.
Lusa