A Afocelca, unidade de combate a incêndios que pertence à The Navigator Company e ao Grupo Altri, vai integrar este ano as máquinas de rasto dos grupos de primeira intervenção no combate aos incêndios florestais, foi hoje anunciado.
"A Afocelca vai ter este ano máquinas pré-contratadas em ponto de saída, ou seja, saem em primeira intervenção em conjunto com o helicóptero, um carro de combate ou um autotanque", disse hoje à agência Lusa o supervisor de operações da Afocelca para a zona interior do país, presente em Abrantes na sessão de formação de condução e manobra de autotanques, ministrada por um especialista espanhol.
Segundo João Bandeirinha, a Afocelca vai ter este ano "30 máquinas de rastos contactadas, das quais 15 estão pré-contratadas, sendo que cinco delas estarão sempre prontas a sair em primeira intervenção" para ataque a um incêndio em fase inicial, estando posicionadas em cinco bases em todo o país.
Cada máquina tem um operador, um motorista (do camião onde é transportada) e uma equipa de sapadores sempre pronta a entrar em ação.
"As máquinas de rastos têm uma intervenção continua, trabalham de dia e de noite, com uma relação de custo bastante reduzida relativamente à sua produtividade, sendo elas que vão permitir retirar o combustível das florestas, abrindo faixas para que o fogo não possa progredir e abrir aceiros e caminhos, num importante trabalho de complementaridade com os restantes meios terrestres e aéreos", defendeu.
Questionado sobre a área ardida de floresta da indústria papeleira, João Bandeirinha disse que a mesma apresenta "níveis baixíssimos", quando comparados com o restante território, tendo estimado uma área ardida de "1% a 2%" do património florestal das empresas associadas.
Aquele responsável lembrou que o combate aos incêndios florestais se faz não só nas propriedades das empresas agrupadas, mas também nas restantes áreas, tendo dado conta que 99.9% desses incêndios provém de terrenos vizinhos, e que, "em média, 85% dos incêndios que a Afocelca socorre todos os anos são em propriedades vizinhas e não em propriedades sob gestão da indústria".
A decisão estratégica de utilização das máquinas de rasto em primeira intervenção resulta da partilha de experiências com diversas entidades e personalidades espanholas, entre elas Juan Bautista, chefe de área de incêndios florestais em Castilla La Mancha, ligado à entidade Geachau, e que esteve nos últimos dois dias a dar formação teórica e prática em Abrantes aos profissionais da Afocelca, mas também a elementos da proteção civil, bombeiros, GNR e outras entidades sobre as mais valias e as potencialidades da utilização das máquinas de rasto.
Em declarações à Lusa, Juan Bautista destacou as "inúmeras vantagens" da utilização das máquinas de rastos e defendeu uma "profissionalização das equipas" que as conduzem.
"Estas máquinas têm um rendimento superior aos outros meios utilizados em combate a incêndios, trabalham de dia e de noite, executam linhas de extinção de fogos florestais de forma mais rápida e eficiente, além de abrirem acessos para a passagem de outros veículos dos bombeiros", destacou.
Nesse sentido, defendeu, "as equipas que as conduzem devem ser profissionalizadas e é importante que usem as máquinas como primeiro meio de intervenção, e não só depois de um incêndio ganhar grandes dimensões".
Além disso, acrescentou, mobilizar as máquinas de rasto na primeira intervenção "garante também proteção aos bombeiros, porque pode abrir clareiras em zona a arder e abrir caminhos em zonas de difícil acesso".
Anualmente, a Afocelca envolve mais de 400 pessoas, entre técnicos florestais, supervisores, combatentes, entre outros, tendo as empresas associadas anunciado terem ainda para este ano três helicópteros ligeiros e três equipas helitransportadas, com 5 elementos operacionais cada, além de 27 Equipas de Combate Terrestre (ECT), com 6 elementos operacionais cada e em viaturas 4x4 com kit´s de 3000 litros de água, autotanques, Unidades de Combate Ligeiro (UCL), Unidades de Prevenção e Vigilância (UPV) e quatro autotanques com capacidade de 10.000 litros de água, entre outros.
A indústria florestal de pasta e papel investiu mais de 30 milhões de euros na última década na proteção da floresta, tendo o investimento em 2016 sido de cerca 4 milhões de euros, segundo a mesma fonte.
Lusa