Cerca de 500 pessoas participaram hoje na manifestação contra a poluição do rio Tejo e seus afluentes, no cais de Vila Velha de Ródão.
“Estamos aqui hoje para reclamar um rio Tejo livre de poluição. O diagnóstico está feito e infelizmente estão identificadas as fontes poluidoras”, disse à Antena Livre Samuel Infante, da Quercus, associação ambientalista que integra o movimento ProTejo.
O ambientalista recordou que “quando o rio Tejo entra em Portugal já tem problemas graves, como Almaraz, a poluição de Madrid. O Tejo já chega moribundo à fronteira”. Contudo, já em Portugal, o ambientalista sublinhou que continuam a registar-se descargas poluidoras diariamente, situação que afirma não poder continuar.
“Aqui em Vila Velha de Ródão temos problemas concretos, que estão identificados. Há indústrias como a Celtejo e a Centroliva que estão notificadas pelas autoridades e infelizmente continuamos a assistir a descargas diárias muitas vezes”, salientou.
“Nós sabemos que algumas indústrias anunciaram que vão fazer investimentos significativos nas suas etars. Agora, é necessário que a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) e o Ministro do Ambiente tenham mão firme, porque o diagnóstico está feito e é preciso passarmos à ação”, frisou.
Samuel Infante disse ser possível ainda “salvar o rio Tejo” e que “é possível um desenvolvimento sustentado e que se cumpra a legislação. Agora quem regulamenta e fiscaliza, quem atribui as licenças, tem de ter vontade política para fazer cumprir a lei”.
O ambientalista disse que milhares de empresas têm sido autuadas, mas que esses autos “não têm consequências”.
“Felizmente, o SEPNA tem atuado e têm sido levantados autos, mas depois esses autos não têm consequências. Portanto, o crime compensa. É essa a leitura que fazemos”, fez notar.
Os manifestantes, que se concentraram no cais fluvial de Vila Velha de Ródão, iniciaram depois uma marcha que culminou com a leitura de um manifesto em frente aos portões da empresa Celtejo, fábrica de pasta de papel da Altri.
Sobre a adesão à manifestação, Samuel Infante disse que se tratava de “uma mensagem clara da sociedade civil que sente na primeira hora o problema”.
“Nós, Quercus, recebemos dezenas de queixas de cidadãos que moram aqui no concelho de Vila Velha de Ródão que têm problemas respiratórios e que deixam de viver no concelho. Há um impacto real na atividade económica e turística e não podemos permitir que isto continue”, vincou.
Na ação de protesto marcaram presença vários autarcas de Vila Nova da Barquinha, Mação, Entroncamento, Constância, Abrantes, Gavião, Ortiga, Praia do Ribatejo, Nisa, Tancos, Rio de Moinhos, Azambuja, Praia do Ribatejo, entre outros.
Segundo o ProTejo, "as águas do rio Tejo estão negras, cheias de mantos de espuma branca e que consubstanciam casos de poluição extrema, devidamente fotografados e filmados por membros do proTEJO e cidadãos preocupados".
Por isso, as associações ambientalistas exigem que o Governo tome medidas imediatas em relação às licenças de emissões poluentes das fábricas.
c/Lusa
Reportagem radiofónica sobre a manifestação contra a poluição do rio Tejo para ouvir na Antena Livre, em 89.7fm, esta segunda-feira às 12h00.