Cinco municípios do Médio Tejo inauguram, na próxima semana, uma iniciativa de programação cultural em rede para a região, com oferta diversificada de espetáculos em vários espaços públicos.
Primeiro de três roteiros que a região se propõe promover anualmente, os “Caminhos do Ferro” vão decorrer em cinco municípios com estações ferroviárias – Abrantes, Entroncamento, Mação, Tomar e Vila Nova da Barquinha -, com a apresentação de projetos que envolvem criadores com grande experiência nacional e internacional e grupos da região, tendo este primeiro ciclo a dança como tema central.
O projeto “Caminhos” – com três ciclos de programação, o do Ferro, em abril, mais dedicado à dança, o da Água, em julho, com a música em destaque, e o da Pedra, em outubro, vocacionado para o teatro – surge de uma candidatura a financiamento comunitário apresentada pela Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo (CIMT), tendo uma duração de três anos.
O secretário executivo da CIMT, Miguel Pombeiro, disse à Lusa que, mais do que a oferta de espetáculos, o projeto - que tem no seu comissariado cultural nomes como os de Luís Ferreira (responsável pelo Festival Bons Sons, em Cem Soldos, Tomar) e Elisabete Paiva (diretora artística do festival internacional de artes performativas Materiais Diversos, com sede em Minde, Alcanena) – procura “deixar qualquer coisa no território”.
Funcionando numa “lógica diferente” da tradicional contratação de espetáculos, o roteiro “Caminhos” resulta de um trabalho de “criação comunitária”, que traz novas experiências e abordagens aos grupos locais de folclore, de música, de teatro, numa região com grande dinâmica a este nível e que beneficia da existência no seu território de dois festivais com trabalho reconhecido a este nível, como é o caso do Materiais Diversos e do Bons Sons, realçou.
As temáticas escolhidas aludem ao cruzamento entre as duas linhas ferroviárias mais importantes do país (Norte e Beira Baixa), à riqueza e abundância em cursos de água emblemáticos (como o Tejo e o Zêzere) e às autoestradas e à rede viária da região, que lhe dão grande centralidade.
O projeto, sublinhou, surge no contexto da “vontade e coesão interna já estabelecida a nível político no seio da Comunidade Intermunicipal” e dos municípios que a integram, alargada assim ao domínio da cultura, que, além de reforçar os fatores identitários, poderá aumentar a atratividade turística da região.
Nos três ciclos, o projeto “promove o cruzamento entre património e criação artística”, animando espaços como monumentos, equipamentos culturais, centros históricos, zonas ribeirinhas, com espetáculos e manifestações artísticas que percorrem em itinerância os diversos concelhos do Médio Tejo.
A CIMT acredita que a programação cultural em rede, intermunicipal, contribuirá para a “sustentabilidade dos projetos, a formação de novos públicos, a inclusão e uma maior fruição cultural e artística, tornando-a acessível a um público alargado”, afirma uma nota de divulgação do projeto.
O convite a artistas nascidos ou com raízes no Médio Tejo “que possam dar a conhecer a sua produção artística, mas também o seu modo de pensar e a sua experiência de percurso cidadão e profissional”, é apontado como “uma das âncoras” para a região.
“Ao longo dos três anos de desenvolvimento, o projeto procurará criar condições para fazer cruzar caminhos: de artistas amadores e profissionais, de artistas locais, nacionais e internacionais, de artistas que ficaram com artistas que partiram, de experiências artísticas e públicos diversificados, de habitantes locais e turistas”, acrescenta a nota.
“O conceito do projeto assenta sobretudo no objetivo de reforçar a singularidade deste território e permitir uma descentralização da oferta cultural entre os destinos mais óbvios e os que estão menos explorados, que projete o património numa abordagem contemporânea e de modernidade, ultrapassando propostas centradas unicamente nos valores da história e do passado e que reduza as assimetrias regionais”, sublinha.
Lusa
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