A secção do Ministério Público de Tomar tem em curso investigações sobre supostas irregularidades, envolvendo funcionários do Convento de Cristo e estragos durante uma filmagem no monumento, confirmou hoje à Lusa a Procuradoria-Geral da República.
Questionada sobre se estava em curso alguma investigação, na sequência da reportagem emitida pela RTP na sexta-feira, o gabinete da PGR confirmou à agência Lusa “a existência de investigações relacionadas com a matéria”, que “correm termos no Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Santarém (secção de Tomar)”.
Em concreto, a Lusa questionou sobre a alegada prática de crimes por parte de funcionários do Convento de Cristo, em Tomar, de desvio de dinheiros da bilheteira, e da diretora, por alegada utilização irregular de funcionários do monumento em obras particulares; perguntou igualmente se deu entrada alguma queixa ou denúncia sobre alegada destruição de património do monumento durante a rodagem de um filme de Terry Gilliam.
O ministro da Cultura, Luís Filipe Castro Mendes, revelou hoje que pediu uma auditoria para averiguar os alegados problemas de bilheteira no Convento de Cristo, em Tomar.
Falando em audiência parlamentar, o ministro disse que foi aberta uma auditoria no seguimento da reportagem da RTP, sobre uma eventual fraude na bilheteira do monumento nacional dirigido por Andreia Galvão.
O caso, disse o ministro, “é respondido com uma auditoria, da mesma maneira que aconteceu com os Jerónimos, face a denúncias que nos chegavam, que foi feita uma auditoria e concluiu que havia matéria para o Ministério Público investigar”.
Luís Filipe Castro Mendes garantiu que “não há indiferença do Ministério da Cultura em relação à fiscalização" e sublinhou que a tutela respeitará “o segredo de justiça e a presunção de inocência".
“Não somos nós que vamos pôr nos jornais uma investigação. Não é a nossa ética pôr nos jornais os processos que estão em curso”, disse.
A existência de danos no Convento de Cristo, alegadamente causados pela rodagem de um filme de Terry Gilliam, foi também um dos assuntos mais abordados pelos deputados na audiência de hoje, na comissão parlamentar de Cultura.
Castro Mendes explicou que a Direção-Geral do Património Cultural (DGPC) abriu um inquérito na segunda-feira e que terá 20 dias para apresentar conclusões sobre o que aconteceu ao convento.
Na mesma reportagem que denunciou problemas de bilheteira, a RTP mostrou imagens de danos alegadamente causados pelas filmagens daquela produção internacional em pedras, telhas e decorrentes de uma fogueira ateada num dos claustros.
O ministro desvalorizou as críticas apontadas pelos deputados à atuação do Convento de Cristo e disse que não fará “juízos de valor e condenações na praça pública antes de ter o apuramento rigoroso dos factos”.
De acordo com o governante, houve controlo de bombeiros e funcionários sobre a utilização de quatro dezenas de botijas de gás para simular uma fogueira e que os prejuízos “foram vistos pela companhia de seguros e o seguro era na ordem dos 2,5 milhões de euros”.
Os estragos verificados no mosteiro foram avaliados em 2.900 euros por pedras danificadas num claustro que não foi utilizado nas filmagens e por telhas partidas.
“Se estou à espera de um inquérito é porque não sei tudo e não estou satisfeito”, disse o ministro perante a insistência dos deputados de todas as bancadas parlamentares.
Lusa