Mouriscas vai voltar aos tempos medievais nos dias 26, 27 e 28 de maio. Mouros e cristãos vão combater pelo território e aprender depois a conviver. Tudo isto para ver e também participar durante a realização do Festival Mourisco.
O evento “Festival Mourisco” é um projeto da primeira edição do Orçamento Participativo. Foi proposto por Amadeu Bento Lopes e ficou em 2º lugar, com 120 votos. O Festival Mourisco vai assim tornar-se realidade em maio, consiste na realização de um evento histórico/cultural em Mouriscas e tem um orçamento global de 60,000.00 euros.
Luís Filipe Dias, vereador da cultura da Câmara Municipal de Abrantes, apresentou o Festival e começou por dar o enquadramento histórico. “Vamos fazer uma viagem no tempo, recuando cerca de 10 séculos. Vamos para o período do Al-Andaluz, no povoado agora conhecido por Mouriscas, onde coexistiam povos árabes e cristãos. Durante o processo restaurativo e de formação do Reino de Portugal, a população moçárabe (cristã) lutou pela liberdade, mantendo sempre um espírito tolerante e de abertura ao diálogo”.
Trata-se, portanto, de um evento de recriação histórica nos séculos X e XI.
É uma “viagem única ao mundo medieval de um imaginário mourisco em tempo de reconquista Cristã”.
Como momentos de recriação, poder-se-á assistir à chegada da caravana moura, ao ataque às mouras e, depois, às duas culturas em harmonia.
Todos os momentos serão construídos com a participação ativa de voluntários, integrados com as companhias profissionais. Para tal, as inscrições já estão abertas e podem ser efetuadas até dia 13 de abril. Incluem seguro, formação específica para a área escolhida e alimentação durante o evento (caso esteja em mais do que um turno).
O regulamento pode ser consultado em www.facebook.com/festivalmourisco ou em www.cm-abrantes.pt.
O vereador deixou “o convite à participação de todos (…) é muito importante que todos nós nos sintamos envolvidos”. No final, Luís Filipe Dias referiu que “só participando ativamente é que poderemos ter aqui um evento que faça a diferença e que faça uma viagem séria, rigorosa mas que seja também uma viagem de aprendizagem para todos aqueles que gostam de conhecer a evolução de um país com nove séculos de história”.
Maria Teresa Dinis, a presidente da Junta de Freguesia de Mouriscas, congratulou-se com os dois projetos da freguesia que foram vencedores do Orçamento Participativo e apelou para que “os mourisquenses se possam unir para novos projetos”, dizendo “esperar que esta iniciativa se mantenha”.
A presidente não escondeu que, quando soube que o projeto tinha vencido, “fiquei um bocado receosa”. Maria Teresa Dinis explicou que “achava que isto não era de fácil resolução. Depois de ter dito algumas reuniões, fiquei mais descansada e percebi que, realmente, o festival ia dar alguma vida às Mouriscas e ao concelho”. “Isto vai levar Mouriscas além-fronteiras”, complementou.
Maria do Céu Albuquerque, presidente da Câmara Municipal de Abrantes, felicitou a comunidade mourisquense “pelo empenho na votação” no Orçamento Participativo, que levou os dois projetos vencedores para a freguesia. No entanto, respondendo à apreensão inicial de Maria Teresa Dinis relativamente ao Festival Mourisco, Maria do Céu Albuquerque disse que o receio “é fundado. Este projeto é muito interessante” mas “corre riscos”, afirmou.
A autarca fundamentou, acrescentando que “os mesmos que se motivaram para a votação, se motivem agora também para a sua concretização. É essencial”.
Maria do Céu Albuquerque explicou que “pode correr muito bem ou pode ser um fracasso. Se correr muito bem, podemos criar condições para a sustentabilidade do projeto e para o poder continuar. Se não correr bem… não temos condições para o continuar”.
“Contamos com o empenho de todos para que, de forma voluntária, se possam juntar à entidade que vamos contratar para a realização deste evento. E com certeza que sim. Estou convicta de que vai ter uma forte adesão”, afirmou a presidente.
De referir que a apresentação do Festival Mourisco teve lugar no auditório da EPDRA – Escola Profissional de Desenvolvimento Rural de Abrantes, exatamente no dia em que a Escola comemorou 27 anos de existência. Facto esse lembrado pelo diretor, o professor João Quinas.