Os Bombeiros Municipais de Sardoal assinalaram os 71 anos com uma cerimónia em que foram impostas condecorações aos bombeiros, tanto pela corporação como pela Liga dos Bombeiros de Portugal. Depois das celebrações formais, a tarde terminou com um convívio na casa dos Bombeiros, ou seja, no Quartel.
Comecemos pelo destaque aos operacionais. E a cerimónia contou com a imposição de medalhas de assiduidade, grau ouro uma, duas e três estrelas, correspondentes a 15, 20 e 25 anos de serviço.
Carlos Fontinha (15 anos)
Valter Lopes (20 anos)
Edgar Branco e João Forte (25 anos)
Já a Liga dos Bombeiros de Portugal atribuiu três crachás de ouro aos bombeiros.
Carlos Tanqueiro Santos. Entrou para os bombeiros a 1-12-1977 e para a corporação de Sardoal em 1-2-1995. Em meados de 2025 atinge o limite de idade. São mais de 42 anos de serviços relevantes.
Maria de Fátima Martins Marques (esposa de Carlos Tanqueiro Santos). Entrou para os Bombeiros de Sardoal a 20-8-1980.
Honorato Lourenço, entrou com voluntário para a corporação de Sardoal a 11-7-1979, foi profissional de depois voltou, novamente, a servir a corporação como voluntário.
Na sessão de aniversário, entre agradecimentos aos bombeiros e famílias, críticas à situação que a classe vive, houve também a promessa que desta vez é que é. Sardoal vai ter a Casa da Proteção Civil.
Nuno Morgado, comandante dos Bombeiros Municipais de Sardoal, começou, naturalmente, por destacar os seus homens e mulheres que a cada missão que são chamados “têm capacidade de transformar o desespero em esperança e a dor em alívio.”
A situação pandémica, já lá vai, mas causou “constrangimentos aos nossos operacionais. Houve sempre necessidade de empenho permanentes.” E destacou também “o valoroso trabalho em apoio à Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPV) e a outros corpos de bombeiros: Beira Baixa, Leiria, Beiras e Serra da Estrela, e recentemente, em Aveiro.”
Nuno Morgado indicou o trabalho rápido nas “poucas ocorrências e área ardida muito reduzida” no território sardoalense.
Nuno Morgado apontou depois as palavras para a organização nacional dos bombeiros. E repetiu algo que tem vindo a dizer. “Sou a favor de partilha com todas as entidades. Mas o Estado deve olhar para todos de forma igual. Mas continuam a olhar de forma diferente para os corpos de bombeiros da administração local (Municipais). Se fazemos tudo o que os outros fazem, porque não temos as mesmas oportunidades, com contratos programa regulamentados. Mesmo com esta discriminação, quase negativa, vamos continuar a responder a todas as ações da ANEPC.”
Nuno Morgado, comandante Bombeiros Sardoal
E dirigiu-se ao comandante sub-regional da Proteção Civil, David Lobato; “continuará a ouvir as minhas críticas, mas pode sempre contar connosco.”
Nuno Morgado virou depois o discurso para a “sua casa”, ao dizer que os Municipais de Sardoal são um corpo misto, ou seja, com profissionais e voluntários. “Devemos criar condições para que esta atividade seja digna. Temos de aumentar o número de operacionais profissionais e não profissionais.”
O comandante dos Municipais referiu-se às instalações, com mais de 30 anos, e disse ser urgente a realização de obras para melhorar as condições físicas e de trabalho dos operacionais.
São obras de mais de meio milhão de euros para a Casa da Proteção Civil. Referiu-se ainda ao heliporto, autorizado pela ANAC para voos da proteção civil. “Perguntaremos em 2025, o que a ANEPC quer fazer a esta estrutura.”
Deixou o pedido ao presidente da câmara que “continue a apoiar esta estrutura, assim como pressionar outras instituições para resolver os problemas do nosso funcionamento.”
Nuno Morgado, comandante Bombeiros Sardoal
Clemente Mitra, da direção da Liga dos Bombeiros de Portugal, destacou o trabalho dos bombeiros, mas teve um discurso muito mais virado para a atualidade, em que os bombeiros pedem ao governo a revisão de carreiras e um olhar de outra forma. (Ver AQUI)
E o comandante Clemente Mitra entregou três crachás de ouro a três operacionais “com mais de 35 anos a vestir a farda.”
Clemente Mitra, Liga dos Bombeiros de Portugal
David Lobato, Comandante Sub-regional da Proteção Civil no Médio Tejo, começou com duas notas. Uma de registar as palavras do comandante de Sardoal, já quanto ao representante da Liga disse apenas “mude-se a legislação.”
Mas no que diz respeito ao aniversário, David Lobato agradeceu aos operacionais do Sardoal, mas acima de tudo às suas famílias que são fundamentais para o equilíbrio emocional para desempenharem as suas funções.
Indicou depois alguns números da época alta dos incêndios deste ano. Apenas 222 ocorrências e cerca de 130 hectares de área ardida. “Tivemos em 2024 o segundo valor mais reduzido do número de ocorrências e quarto mais baixo na área ardida”, no que diz respeito aos últimos dez anos.
Mas indicou que o sistema tem de ser mais que área ardida, é preciso pensar ainda mais ordenamento florestal e na deteção dos incendiários porque “50% dos incêndios do Médio Tejo são fogo posto.”
E o comandante da Proteção Civil do Médio Tejo vincou que nestas épocas, fala-se sempre do combate esquecendo-se sempre, ou quase sempre, o antes.
E é na prevenção que David Lobato elogia o trabalho do Sardoal: 40 aldeias seguras e 32 condomínios de aldeia.
David Lobato, comandante ANEPC Médio Tejo
Miguel Borges subiu ao púlpito para se dirigir à plateia pela última vez, como presidente de Câmara, num aniversário dos Bombeiros do concelho.
E começou por agradeceu tudo o que aprendeu com os operacionais. “Foram 11 anos a lutar pela defesa de pessoas e bens.” E logo de seguida deixou um lamento na sala. “Lamento aquilo que vocês disseram e lamento que tenham razão. Reuni com ministros e secretários de estado. Tantas reuniões. Foram simpáticos. Propus que os operacionais profissionais entrassem na carreira sem ser pelo patamar mais baixo, porque já entram com formação”, disse o autarca. E a seguir classificou os problemas sentidos na Proteção Civil, evocando a música. “Há uma desafinação na Proteção Civil, que em nada afeta o combate e as situações operacionais. Vocês estão lá. Mas há políticos que aproveitam as fraquezas de um lado e outro para por aí navegarem.”
Miguel Borges respondeu depois ao seu comandante, sobre a preocupação com as verbas para o setor. “Falou-se em 3 milhões de euros em Cascais para os bombeiros. Isso é uma migalha no orçamento deles. Nós gastamos 10% cento na Proteção Civil. Nunca pensei que o meu primeiro discurso de há 11 anos fosse para repetir. Porque é que as associações voluntárias têm de fazer rifas para pagar os ordenados. Isto não é digno de um país. A culpa é do Estado? Sim. Mas onde e que estão as Câmaras Municipais? Como é que alguém dorme descansado a gastar dezenas de milhares de euros em festas e depois têm os bombeiros a fazer peditórios para pagar ordenados. Eu disse que tínhamos uma Proteção Civil apoiada em pés de barro. Disse na altura e volto a dizer em 2024.
Miguel Borges, presidente CM Sardoal
Sinto tristeza em 11 anos depois sair [Câmara] com as coisas iguais às que encontrei quando cá cheguei.”
Depois desviou as suas palavras para o futuro, mesmo sendo o seu último discurso nesta cerimónia. Nós, municipais, não podemos pagar a voluntários.
Há muitos investimentos do bolo financeiro da Comissão de Coordenação da Regional e Sardoal vai aproveitar. Mas a Casa da Proteção Civil com meios só do orçamento municipal. “Vamos para a frente com a casa da Proteção Civil. Depois do parecer da ANEPC. E depois do parecer da CCDR.”
Miguel Borges, presidente CM Sardoal
Sobre a valorização das carreiras disse também haver “uma Lei ‘estúpida’ que diz que com 25 anos de idade não podem entrar na carreira de bombeiro da administração local. Temos excelentes bombeiros voluntários que não podem entrar na carreira porque têm mais de 25 anos.”
No final lamentou não ter a plateia cheia de Sardoalenses como os Bombeiros merecerem
E gracejou no final, ao dizer que deixará a política para voltar ao ensino, para voltar a lecionar música. E concluiu com uma pergunta “os bombeiros têm hino?”
Miguel Borges, presidente CM Sardoal
Depois do Centro Cultural, a festa entrou em período informal, com convidados, bombeiros e família a poderem confraternizar no quartel dos Bombeiros de Sardoal. Numa tarde calma com viaturas e helicóptero estacionados. E assim “é que é bonito”, como dizia uma sardoalense no meio da festa dos 71 anos dos Municipais de Sardoal.
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