O secretário-geral do PCP defendeu ontem “mais apoios” à Associação Casa Memória e o “estatuto de Casa Nacional de Camões” em Constância, a exemplo do que sucede em Inglaterra e em Espanha com as Casas Shakespeare e Cervantes, respetivamente.
“Nós temos uma Casa Camões, que é esta que está aqui. É embaraçoso não haver [este estatuto] e devia ser objetivo dos 500 anos [das comemorações do nascimento do poeta]. Nós temos a Casa Memória, que pode e deve ser constituída como a Casa Nacional de Camões, aqui em Constância”, afirmou à Lusa Paulo Raimundo, no âmbito de uma visita que efetuou hoje à Casa Memória e ao jardim horto camoniano, instalados em Constância (Santarém).
O dirigente comunista afirmou ver as comemorações dos 500 anos do nascimento do poeta como “uma oportunidade” para a constituição da Casa Nacional de Camões em Constância, “tal e qual existe em Inglaterra a Casa Shakespeare e em Espanha a Casa Cervantes”, declarou.
“O povo de Constância merece isso e o país merece isso”, afirmou Paulo Raimundo.
Tendo feito notar que o PCP tem uma “programação própria” para as comemorações do V Centenário de Camões, o secretário-geral do PCP disse à Lusa que era “obrigatório vir a Constância”, onde visitou, acompanhado de dirigentes do partido, a Casa Memória, o jardim horto camoniano, a estátua em bronze de Lagoa Henriques instalada no centro histórico, com Camões virado para o rio, numa visita de cerca de duas horas conduzida por Máximo Ferreira, presidente da Associação Casa Memória de Camões.
“Quisemos estar com a associação, conhecer e assinalar o papel determinante, o papel histórico, e o papel presente e futuro que este trabalho aqui feito em Constância pode e deve projetar, para interesse de Constância e para interesse nacional”, declarou.
Para tal, notou, “é preciso que as instâncias nacionais, nomeadamente o governo, olhe para estas instituições e as apoie”, tendo defendido a integração de Constância na programação oficial das comemorações dos 500 anos de Camões.
“Eu não quero crer, seria incompreensível, pelo papel que tem, pelo simbolismo, que a Casa Memória passasse ao lado das comemorações oficiais”, declarou.
A Casa Memória de Camões começou a ser pensada e construída há 50 anos, mas até hoje nunca foi aberta ao público e aos turistas, com atividades regulares, a exemplo do que sucede em outros países, com outras figuras históricas, como em Espanha, com a Casa Cervantes, ou em Inglaterra, com a Casa Shakespeare, estatuto que os sucessivos autarcas locais têm reivindicado.
Sobre as ruínas que o povo aponta como tendo sido as da casa que o acolheu, foi erguida a Casa-Memória de Camões para perpetuar a memória do poeta à vila ribatejana.
Constância assinala há varias décadas, no dia 10 de junho, o Dia de Camões, através das Pomonas Camonianas, a divindade romana dos pomares e dos jardins que Camões também cantou, com a deposição de uma coroa de flores junto à estátua do poeta e uma recriação histórica na zona ribeirinha, com o parque de merendas a ser transformado num imenso mercado quinhentista, retratando a época em que viveu o poeta, envolvendo a população, a comunidade escolar e as associações do concelho.
Em Constância, existem ainda o Monumento a Camões do mestre Lagoa Henriques e o Jardim-Horto Camoniano, desenhado pelo arquiteto Gonçalo Ribeiro Teles, que apresenta a maior parte das plantas referidas por Camões na sua obra e é considerado um dos mais vivos e singulares monumentos erguidos no mundo a um poeta.
Lusa