As atenções voltaram a ficar centradas no rio Tejo ao longo do dia de hoje. Um manto de espuma branca, com cerca de meio metro, cobre o rio na zona de Abrantes, junto à queda de água do açude insuflável, num cenário descrito à Antena Livre como “dantesco” por Arlindo Marques, do proTejo.
“Há quatro dias, nomeadamente ontem e hoje, que encontramos uma poluição extrema no rio Tejo”, começou por afirmar, o ambientalista.
“Eu que ando nisto desde 2015, estou admirado. Como é que é possível estar tanta poluição no rio? É de margem a margem. O rio está completamente branco. São cerca de dois palmos de espuma, a apelidada espuma da morte”, sublinhou.
O ambientalista referiu ser “dantesco” o que se passava. “Um crime ambiental dos piores que já vi. Um dos piores que tenho acompanhado aqui no rio”.
“As águas a montante de Vila Velha de Ródão estão cristalinas. Vê-se a água a dois metros de profundidade. Está tudo normalíssimo. Este foco de poluição só pode estar em território nacional e para mim começa em Vila Velha de Ródão”, observou.
Arlindo Marques realçou que “as autoridades estão no terreno. Mesmo ontem estive aqui e encontrei elementos do SEPNA e da APA a recolherem amostras. Cheguei a Vila Velha de Ródão e estavam também a fazer amostras. Assim, como é que é possível ninguém saber quem é a empresa prevaricadora? É triste o que se está a passar”, vincou.
O ambientalista destacou “a indignação e o desespero dos pescadores” e de outros setores de atividade, referindo que, com as águas nestas condições, os peixes não vão entrar no estuário e subir o Tejo.
“Os pescadores estão revoltados. No próximo seria o mês da captura da lampreia, do sável, das espécies que vêm do mar desovar ao rio e eles [os pescadores] estão totalmente irritados porque era aqui também estava a sua fonte de rendimento”, alertou.
Contactado pela Lusa, o Ministério do Ambiente disse que a tutela está consciente da situação e continua a acompanhar “de forma muito intensa tudo o que se passa no rio Tejo”.
O dirigente do proTEJO disse ainda que “novas ações de protesto e manifestações” poderão ocorrer, depois da reunião de trabalho que o movimento ambientalista tem agendada para o dia 24 de fevereiro.
“Alguém tem de pôr mão nisto, seja o Presidente da República, seja o Governo, porque, por este caminho, qualquer dia não há vida no rio”, apelou.
c/Lusa