A Tejo Ambiente está a organizar um conjunto de seminários sobre os Fundos Europeus e a Eficiência Hídrica no território. A Tejo Ambiente é a empresa intermunicipal constituída exclusivamente pelos Municípios de Tomar, Ourém, Mação, Sardoal, Ferreira do Zêzere e Barquinha e que tem como missão gerir abastecimento de água, redes de águas residuais e recolha de resíduos sólidos urbanos.
No que diz respeito à água, a Tejo Ambiente gere o abastecimento nos concelhos de Tomar, Ferreira do Zêzere, Mação, Sardoal e Vila Nova da Barquinha e uma das grandes preocupações, em linha com o país, é a redução de perdas.
De acordo com José Santos, administrador da empresa, a média nacional de água não faturada é de 28.7% e na Tejo Ambiente era de 52%. Em 2021 este valor baixou para 46.4%, mas mesmo assim, de acordo com o administrador, são 3 milhões de metros cúbicos por ano que não se faturam, ou seja, quer dizer que há cerca de um milhão de euros a serem perdidos. “A ineficiência tem um custo fenomenal, seja ambiental ou financeiro”, disse o administrador que adiantou que 73% das perdas têm origem real, 25% são aparentes e há, ainda 11% que são fruto de atos ilícitos.
Outra das questões muito falada tem a ver com a viabilidade financeira da Tejo Ambiente e o custo da água para o consumidor. Esse estudo de viabilidade financeira está definido e aponta como um fator preferencial a diminuição das perdas de água, mas mesmo assim há um outro fator que desequilibra as contas. A Tejo Ambiente compra a água em alta a 60 cêntimos e depois o custo para o consumidor varia entre os 30 e os 50 cêntimos. Ou seja, contas simples há um défice entre o deve e haver logo à partida. Uma situação que José Santos diz “deveria ter um maior equilíbrio”.
O administrador não comenta ou avalia os preços em alta, ou baixa, nem discute as razões, uma vez que o preço em alta é definido pela ERSAR (Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos), mas insiste que deveria haver um maior equilíbrio: “se calhar o valor mais alto deveria ser mais baixo e o valor mais baixo deveria ser mais alto.” Mas vincou que o principal trabalho tem de ser na redução das perdas nas redes para poupar ainda mais água, por motivos financeiros, mas também por motivos ambientais. Tanto mais que a Tejo Ambiente investiu 2,2 milhões de euros em eficiência hídrica, sendo 1,5 milhões comparticipados pelo Programa Operacional Sustentabilidade e Eficiência no Uso de Recursos (POSEUR). Este investimento representou uma poupança direta de meio milhão de metros cúbicos de água.
Neste momento e para fechar os projetos apoiados no âmbito do POSEUR há três empreitadas de dimensão elevada em curso, uma em Ourém e duas em Mação. No concelho de Ourém foi adjudicada na quarta-feira, dia 16 de novembro, a beneficiação da Estação de Tratamento de Águas Residuais de Seiça, no valor de 980 mil euros.
Depois o concelho de Mação viu a Tejo Ambiente avançar, dia 2 de novembro, com a adjudicação da empreitada de ligação do sistema a partir da barragem de Corgas, no concelho de Proença-a-Nova. É uma obra de 1 milhão 156 mil euros de custo e um prazo de execução de 270 dias.
Por outro lado, há uma segunda empreitada de vulto da Tejo Ambiente no concelho de Mação que está em fase de análise de propostas. Trata-se da construção do sistema autónomo em baixa a partir do abastecimento em alta a partir do Castelo de Bode (Abrantes). Trata-se de uma obra com prazo de 300 dias e um volume financeiro de quase 4,7 milhões de euros.
José Santos revelou que nestes casos os prazos é que têm de ser cumpridos, pois como são apoiadas pelo POSEUR têm de estar concluídas até dezembro de 2023.
Uma das questões que foi muito valorizada neste seminário teve a ver com a gestão da rede, quer com a aposta em telegestão por forma a reduzir os problemas, principalmente, com a redução de perdas e com a identificação de roturas, que são outro problema grave, principalmente em redes que começam a aparentar “problemas com a idade”. E depois é preciso fazer as avaliações. Se um troço tem uma rotura ou uma dúzia, ou seja, se é preciso reparar a rotura ou substituir as tubagens. E uma das indicações reveladas é que o “tempo de vida das redes” é de 50 anos.
José Santos, administrador Tejo Ambiente
“Sem fundos comunitários não seria possível estender os serviços de abastecimento de água, de saneamento de águas residuais e de resíduos urbanos, com eficiência e a qualidade imprescindíveis a um bom atendimento da população e do seu bem-estar”, pode ler-se num slide apresentado pela empresa intermunicipal.