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Testemunhos de 75 ferroviários reunidos em livro que será apresentado no Entroncamento

7/11/2017 às 00:00

Testemunhos das memórias e vivências de 75 ferroviários foram reunidos num livro que será lançado na quarta-feira à tarde no Museu Nacional Ferroviário, no Entroncamento, no âmbito da comemoração dos 161 anos da ferrovia portuguesa.

“Caminho de Ferro – Gentes e Memórias” resulta da recolha de testemunhos desenvolvida pela Medway (antiga CP Carga), ilustrados com imagens da responsabilidade dos CTT - Correios de Portugal, que edita o livro, coordenado por Maria Judith Borges e prefaciado pelo sociólogo António Barreto.

A coordenadora da publicação, Maria Judith Borges, Provedora do Cliente na MSC (que detém a Medway), entrou para a CP em 1983, tendo passado depois para a CP Carga, conta ela própria a sua história num livro que resulta de uma proposta que fez à administração da empresa há um ano, quando se celebravam os 160 anos da ferrovia em Portugal.

“O que pedi às pessoas foi que contassem o que viram, o que ouviram, o que disseram, o que sentiram, o que fizeram sentir, com quem estiveram, onde estiveram”, e dessas histórias, todas incluídas no livro, resultou um registo “que não existia” e que pode ser útil a outras áreas da sociedade, nomeadamente universidades, disse Judith Borges à Lusa.

Das muitas histórias narradas recorda o texto do filho de um dos ferroviários que um dia acompanha o pai numa viagem do Porto a Vila Real de Santo António.

“É o relato de uma criança que nunca tinha saído do Porto e que vai contando o que viu, como por exemplo os touros no Ribatejo”.

Judith Borges considera ainda “muito interessante” o facto de praticamente todos os testemunhos falarem do processo de recrutamento e seleção, em particular dos, na altura assim designados, testes psicotécnicos.

“Eram muito jovens e esse momento era um marco significativo nas suas vidas, quase como ir à tropa”, disse, realçando ainda os relatos sobre os momentos que se seguiram à Revolução de 25 de abril de 1974, dando conta das mudanças que também aconteceram no caminho-de-ferro.

De resto, são "relatos de vidas, de dificuldades, de sucessos", abrangendo “períodos alargados, décadas inteiras”, sendo o testemunho mais antigo o de um ferroviário que morreu em 2009 e que chegou às suas mãos trazido por uma neta, afirmou.

“Foi muito interessante ver que o que sucedia em 1929 foi sucedendo nas gerações seguintes”, acrescentou, sublinhando que o livro inclui testemunhos de trabalhadores das várias empresas que constituem hoje o universo ferroviário.

A apresentação do livro vai acontecer num local dedicado às memórias da ferrovia, o Museu Nacional Ferroviário, inaugurado em 18 de maio de 2015, contando com as presenças dos presidentes da Medway e dos CTT e o testemunho de um dos trabalhadores, além de António Barreto e de Judith Borges.

Lusa

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