O peixe do rio volta a ser o ex-libris da gastronomia barquinhense, de 17 de fevereiro a 25 de março.
Pelo 24.º ano consecutivo, o Município e os restaurantes do concelho unem-se para promover mais uma edição da mostra gastronómica “Mês do Sável e da Lampreia”, iniciativa que tem como principal objetivo promover a cozinha tradicional.
Fernando Freire, presidente da Câmara Municipal, começou por referir-se ao forte impacto que o festival tem para a economia local. “Estamos a falar nomeadamente da esfera privada de cada restaurante. Mas tenho a noção que estamos a falar de milhares de euros. Nesta altura, os restaurantes do concelho estão sempre cheios. Ao fim de semana é uma loucura para encontrar uma mesa, porque vêm de facto muitos grupos e famílias. É um excelente momento para a restauração”, sublinhou.
Sobre a continua aposta na concretização do festival, o autarca barquinhense afirmou que “nasquestões do nosso território devemos de ser incisivos. A preservação das espécies, a divulgação do nosso património material e imaterial são essenciais. E enquanto eu for presidente temos de lutar contra as contrariedades”.
“A falta do rio é pública, é notória e tem essencialmente a ver com a questão da seca e não só, nomeadamente com a questão dos transvases e dos caudais mínimos que estão a ser negociados com Espanha. Contudo, acho que não podemos deixar morrer estes eventos, sob pena de perdermos capacidade económica, que é significativa no âmbito da restauração e da capacidade social, porque estes eventos gastronómicos são motivos de verdadeiros momentos de confraternização”, fez notar.
Fernando Freire, presidente da CM e Rui Ferreira, pescador
Devido aos focos de poluição no rio Tejo, Fernando Freire lembrou que na “Barquinha grande parte da pesca faz-se no Pego de Almourol. Já temos água caldeada com a água da barragem, que abastece a cidade de Lisboa e onde a poluição é nula. Temos sim um problema a montante que é a questão da poluição no Tejo até Constância. Apesar de os peixes serem migratórios, temos de continuar a luta para que as nossas massas de água tenham qualidade, situação que não se verifica”.
“Grande parte dos peixes são pescados cá., mas o ano passado devido à falta de água fomos buscar lampreia à Figueira da Foz e, de facto, precisamos de ir buscar o produto a outros locais”, acrescentou.
O presidente lembrou ao JA que os apreciadores “vêm essencialmente da região de Lisboa, da Beira Baixa e também do Alentejo. Contudo, o grande volume de pessoas é de Lisboa. Ao longo dos anos tem havido uma paragem em Tancos no âmbito da Rota da Lampreia, promovida pela CP que traz muitas pessoas de Lisboa e que fazem aqueles pacotes com alguns descontos”.
Por último, Fernando Freire avançou que feedback que lhe tem chegado por parte dos restaurantes aderentes tem “sido muito bom” e que “era incapaz de dizer a estes agentes económicos que este ano não tínhamos festival. Terá de ser a Câmara a dar o exemplo de luta. Não podemos esmorecer. Temos de ser o catalisador da economia do concelho”.
Iguarias como Açorda de Sável e Arroz de Lampreia, entre outras receitas tradicionais, vão ser servidas à mesa dos 8 restaurantes aderentes - Almourol, Café Estrela, Chico, Ribeirinho, Soltejo, Stop, Tasquinha da Adélia e Trindade. Banhado por três rios - Tejo, Zêzere e Nabão .
Ensopado de Lampreia
Os visitantes poderão ganhar bilhetes para passeios de barco ao Castelo de Almourol. (1 bilhete por dose, sendo a promoção válida apenas ao fim-de-semana).
Joana Margarida Carvalho