O alerta é feito pela delegada de Saúde Pública do ACES Médio Tejo “os testes rápidos que andam a ser vendidos não são credíveis”. Maria dos Anjos Esperança confirmou à Antena Livre que há empresas que andam a vender e a promover a comercialização de testes rápidos à COVID-19 que mostram o resultado em 15 minutos. Só que diz a médica os testes não têm a credibilidade daqueles que são realizados pelo Serviço Nacional de Saúde ou pelos laboratórios acreditados.
E Maria dos Anjos Esperança explica que estes testes têm uma fiabilidade baixa porque eles identificam os anticorpos do sistema imunitário. Ora os anticorpos só se desenvolvem depois de o vírus já estar a afetar o corpo. De uma forma simples, diz a especialista, os testes podem fazer a deteção do coronavírus se este estiver há dez dias numa pessoa, mas não o detetam se a pessoa foi infetada há dois dias.
“Estes testes não estão corretos. Fazem uma publicidade enganosa ao diagnóstico da doença. Há empresas que estão a divulgar um teste rápido se as pessoas estão infetadas com COVID. Isto não traduz com rigor o estado de saúde das pessoas. Estes testes não devem ser feitos por ninguém neste momento” explica a delegada de saúde que acrescenta na explicação o seguinte: “o teste baseia-se na recolha de sangue e pode dar uma falsa segurança à pessoa. Pode dar negativo e a pessoa passa a andar à vontade e já estar infetada pelo vírus. Parecem baratos, mas podem redundar num custo muito caro.”
Maria dos Anjos Esperança pede para não fazerem estes testes, muito menos nos lares. Revela o que funciona neste momento é a higiene, a limpeza, a desinfeção e o isolamento social: “Sei que custa, mas é por aqui que devemos ir (…) fiquem em casa, saiam à rua só para fazer o que precisam”.
Maria dos Anjos Esperança, Delegada de Saúde do Médio Tejo
Estes testes que andam no mercado podem trazer nas promoções que estão acreditados pelo Infarmed (Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos da Saúde), mas não é este organismo que acredita os testes para a COVID-19. Maria dos Anjos Esperança revelou que os testes ao novo coronavírus têm de ser validados pelo Instituto Ricardo Jorge. Maria dos Anjos Esperança explica ainda que os testes fazem a determinação de IGM (anticorpo negativo ou não reagente) e IGG (anticorpo positivo ou reagente), mas “nesta doença e nesta altura de forma nenhuma. As pessoas desenvolvem anticorpos, a uma vacina, por exemplo, só ao fim de dez dias. Neste caso os testes poderão dizer que não há infeção e pode já haver”.
A delegada de Saúde Pública remata a dizer que todos os testes e laboratórios que fazem análises a esta doença (COVID-19) têm de ser acreditados pelo INSA – Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge.
E em modo de conclusão qualquer produto de saúde para estar no mercado tem de ter autorização do Infarmed, por exemplo, um creme para as mãos. Aqui a acreditação tem de ser do INSA. A delegada de Saúde apela para que “estes testes não sejam feitos porque não são fiáveis”.