A Associação Nacional de Farmácias (ANF) e a plataforma Dignitude estão de mãos dadas a lançar o programa de ajuda à vacinação da população sénior, mais de 65 anos, de Portugal. Neste ano de pandemia o objetivo da Associação representativa das farmácias é criar condições para dar uma ajuda ao Serviço Nacional de Saúde na aplicação das vacinas à população mais idosa.
É do domínio público que muitas pessoas têm fugido dos médicos, centros de saúde e hospitais no sentido de se afastarem de locais eventualmente com mais risco para a saúde. Também é certo que juntar a gripe sazonal à pandemia é algo que os especialistas estão a avisar que não será benéfico para o sistema de saúde pública.
Neste sentido o Estado adquiriu 2,5 milhões de vacinas contra a gripe sazonal, sendo 2 milhões para o setor público e meio milhão para poder ser administrada por privados. E as farmácias, que tenham condições técnicas, podem dar uma mão na administração dos anticorpos. Não será, de acordo com a ANF, qualquer processo de substituição do trabalho da saúde pública. Trata-se de uma ajuda que pode ser dada.
Ora, como há poucas vacinas disponíveis, a ANF tem procurado nas Câmaras Municipais parcerias concretas para poder haver esta ajuda.
Foi o que aconteceu na tarde desta sexta-feira, na farmácia Sousa Trincão, em Abrantes. Humberto Gameiro, da ANF, Maria do Rosário Trincão e Manuel Jorge Valamatos, presidente da Câmara de Abrantes, tiveram um pequeno encontro informal onde lhe foi apresentado o projeto em causa.
E dentro daquilo que é o trabalho das farmácias, e dos seus técnicos, na primeira linha do combate à pandemia, a administração das vacinas à população sénior é uma das áreas em que cinco farmácias de Abrantes estão envolvidas.
Sousa Trincão, Motta Ferraz, Ondalux, Batista Rei e a farmácia de Rio de Moinhos aderiram a esta iniciativa. Maria do Rosário Trincão, que falou em nome das farmácias do concelho de Abrantes, disse que foram estas cinco a avançar porque têm condições estruturais (instalações) e profissionais para poderem “dar as vacinas”. Explicou ainda que qualquer uma poderia, e poderá ainda, integrar o programa agora em curso.
Já Humberto Gameiro explicou que este é um trabalho que pretende ser de proximidade e que poderá aumentar ainda mais se a Câmara assumisse uma parceria com a ANF.
E o que está em causa é muito simples. Trata-se de a Câmara dar um contributo financeiro à ANF que representa o aumento na rapidez para o processo de vacinação da população com mais de 65 anos. Ou seja, a autarquia poderá contribuir com a aquisição de um pacote de mil vacinas. Ou seja, cada vacina terá um custo de 2,5 euros pelo que o investimento do Município de Abrantes será de 2 250 euros.
Manuel Jorge Valamatos assumiu este acordo pela preocupação com as pessoas idosas do concelho e acrescentou que “se este apoio ajuda a vida das pessoas, então estamos cá para participar nessa ajuda”. Para o presidente da Câmara de Abrantes trata-se de mais um apoio, dos vários, que a autarquia tem vindo a prestar no âmbito da pandemia ou de forma paralela aos problemas levantados pelo coronavírus.
Os representantes das farmácias explicaram que esta não é uma substituição ao serviço nacional de saúde. O apelo foi para que as pessoas continuem a procurar a vacinação no SNS, mas têm outra resposta, em caso de necessidade. E Humberto Gameiro deixou a garantia que não haverá sobreposição ou duplicação de serviços. “Ao idoso que vier a uma das farmácias ser-lhe-á administrada a vacina e será feito o registo nos sistemas informáticos para que se evitem confusões ou a duplicação da administração das vacinas”.
Já Maria do Rosário Trincão explicou como é que funciona este apoio. Primeiro é apenas destinado a pessoas com mais de 65 anos. Não estão enquadrados outros cidadãos em situação de risco que precisem da vacina. Nesses casos terão mesmo de ir ao Centro de Saúde.
“Nos idosos, devem passar por uma das farmácias, a que lhe der mais jeito e fazer a reserva. Depois é aguardar o contacto para virem tomar a vacina”, explicou a farmacêutica, acrescentando que cada uma das farmácias recebe um pacote inicial de 50 vacinas e depois só há reposição do stock à medida que forem sendo administradas. Maria do Rosário Trincão explicou ainda que, como não é uma área concreta de trabalho das farmácias, não teriam capacidade de vacinar muitas pessoas ao mesmo tempo. Tudo tem de ter parcimónia para evitar congestionamentos.
Humberto Gameiro ressalvou novamente que as farmácias estão apenas a querer ser um parceiro nos tempos que correm.
Humberto Gameiro e Maria do Rosário Trincão
O representante da Associação Nacional de Farmácias diz ainda que há outros projetos em que as farmácias e as autarquias poderão dar as mãos na ajuda aos mais idosos. E que o presidente da Câmara de Sardoal, Miguel Borges, mostrou muito interesse. Trata-se de um serviço de apoio às franjas mais “desamparadas” da população que é a separação dos medicamentos. “Há muitos idosos que tomam muitos medicamentos. E muitas vezes sabemos que a toma de medicamentos errados ou na hora errada podem ser prejudiciais à saúde, em vez de ajudarem. Por outro lado, também sabemos que os nomes dos remédios, muitas vezes, são parecidos ou as caixas são idênticas e isso pode levar a enganos. E as farmácias podem ter aqui um papel de proximidade que passa por separar em caixas os medicamentos a tomar todos os dias e nos períodos indicados”, explicou Humberto Gameiro garantindo que este facto simples pode retirar muitas idas destas pessoas aos sistemas de saúde. É mais um trabalho de parceria que pode avançar.
Humberto Gameiro visitou a farmácia Passarinho, em Sardoal, com o presidente da Câmara local, Miguel Borges. Depois veio a Abrantes onde acompanhou Manuel Jorge Valamatos na visita à Farmácia Sousa Trincão. Depois deslocou-se a Mação onde com o autarca local, Vasco Estrela, visitou a farmácia Catarino.
O objetivo da ANF é “demonstrar a disponibilidade das farmácias para colaborar de forma ativa com as políticas de saúde de proximidade promovidas pelas autarquias locais de norte a sul do país”.
De acordo com dados da associação do setor “as farmácias têm assegurado o acesso dos utentes aos medicamentos e dado apoio 24 horas por dia através da Linha 1400 - Serviço de Assistência Farmacêutica, que permite dar orientação ao cidadão para a farmácia mais próxima com disponibilidade de stock do medicamento pretendido e presta também um acompanhamento diferenciado e adequado”.