O Centro Hospitalar do Médio Tejo (CHMT) tem registado um aumento de afluência à Urgência “bastante relevante”, bem como um crescimento no número de doentes internados por covid-19, que são atualmente 12, disse o presidente do Conselho de Administração.
“Não é uma questão alarmante propriamente dita, mas de há três semanas para cá temos um nível de internamento acima daquilo a que estávamos habituados. Portanto, tinha vindo decrescendo, os números estavam entre 3-4 internados e, nas últimas três semanas, tem subido para 10, 11, 12. Chegámos a ter, há dois/três dias, 14 internados, neste momento, temos 12, três dos quais em cuidados intensivos e nove em enfermaria normal”, disse à Lusa Casimiro Ramos.
O presidente do Conselho de Administração do CHMT, que agrega as unidades hospitalares de Abrantes, Tomar e Torres Novas, no distrito de Santarém, disse ainda haver uma “diferença em relação ao início deste ano” no que respeita aos cuidados intensivos, onde “há uma diminuição mais significativa”.
Na enfermaria também se registam diferenças, acolhendo atualmente sobretudo doentes que estão vacinados e com sintomas menos agressivos, mas que, mesmo assim, necessitam de ter cuidados hospitalares.
Apesar de considerar que o “nível de vacinação” não vai permitir a repetição dos cenários caóticos do inverno passado, Casimiro Ramos frisou que, “se não tivermos cuidados redobrados, poderemos voltar a ter, não só pessoas com a doença, mas mais mortos nas populações mais vulneráveis e nos mais idosos, os mais frágeis para esta infeção”.
Apelou, por isso, às pessoas para adotarem “um comportamento mais cuidado, nomeadamente no uso da máscara, mesmo em locais de ar livre”.
Em Abrantes, o hospital de referência para acolher doentes covid-19 do Médio Tejo e de alguns hospitais da área de Lisboa e Vale do Tejo, o número de internamentos “nos últimos meses tem estado sempre abaixo de dois dígitos mas, nas últimas três semanas, subiu essa fasquia”, notou.
Questionado sobre o impacto deste aumento na prestação normal do serviço de saúde, Casimiro Ramos disse que “a capacidade de resposta já estava preparada para estes níveis, com flexibilidade para eventualmente poder aumentar, se o nível se agravar mais”.
Ou seja, com uma capacidade instalada ao momento de “16 camas em enfermaria e quatro em cuidados intensivos, que podem ir até 10”, o CHMT “pode duplicar a atual capacidade de resposta de forma praticamente instantânea, se tiver que o fazer, mas deixando de fazer outras coisas”, frisou.
No pico da quarta vaga, o hospital de Abrantes chegou a ter sete enfermarias abertas, dedicando-se quase exclusivamente a doentes covid, transferindo para outros hospitais do CHMT os serviços de Ortopedia e da Maternidade.
“O que nos permitiu ser um hospital de vanguarda no pico da pandemia foi, no fundo, ter parado praticamente tudo o que era não-covid (…). Neste momento, nós estamos numa fase de recuperação de tudo isso e, como os recursos humanos são os mesmos, digamos que teremos mais dificuldade em ser essa vanguarda, mas esperemos que também não seja necessária”, afirmou.
A acontecer, “teríamos de libertar equipas que estão já colocadas nos seus serviços normais para dar apoio a essa catástrofe (…). Mas, obviamente, isso implica parar outras atividades nas enfermarias que, neste momento, também necessitam de apoio e continuidade, porque há mais doença além da covid”, notou.
“Neste momento os meios são suficientes, o que pode acontecer é, se houver um agudizar de casos e internamento, os mesmos meios terem de ser alocados outra vez para a emergência e atrasarmos o que é a atividade normal”, reiterou, dando conta que o que pode estar em causa é “um ligeiro atraso para recuperar listas de espera e cirurgias programadas”, entre outras.
Segundo Casimiro Ramos, o perfil dos internados com covid-19 no CHMT é de “pessoas de idade, geralmente acima dos 70/75 anos, e vacinadas. Quando não estão vacinadas, normalmente estão em cuidados intensivos porque o vírus é mais agressivo em quem não está vacinado, obviamente. Só há um adolescente e os internamentos estão todos concentrados em Abrantes”.
Na capital do distrito, o Hospital Distrital de Santarém (HDS) também tem vindo a registar um aumento de afluência de doentes covid à Urgência e, por consequência, teve um crescimento no número de doentes internados, tendo atualmente 14 pessoas infetadas com o SARS-CoV-2 em enfermaria.
Em resposta à Lusa, o HDS declarou não ter atualmente uma Unidade de Cuidados Intensivos (UCI) destinada a doentes covid, já que, “em caso de necessidade”, estes são encaminhados “para os hospitais de referência previamente definidos”.
O HDS tem disponíveis para estes doentes 19 camas em enfermaria, 18 para adultos e uma para a Pediatria, frisando que “as camas são ativadas consoante as necessidades e estão definidas nos vários níveis do plano de contingência”.
Assegurando estar preparado para dar resposta a uma eventual nova vaga da pandemia, o HDS afirma que, para já, a afluência de doentes covid não teve impacto nos outros serviços e profissionais.
O Hospital de Santarém adianta que tem dois profissionais infetados, um enfermeiro e um auxiliar, sendo que ambos se encontram vacinados.
Lusa