O Centro Nacional de Exposições e Mercados Agrícolas (CNEMA), em Santarém, colocou os seus 16 trabalhadores em ‘lay-off’ depois de cancelar os eventos dos próximos três meses, esperando um impacto da ordem dos 800 mil euros nas suas contas.
Luís Mira, administrador do CNEMA e secretário-geral da Confederação dos Agricultores de Portugal (sócia maioritária deste parque de exposições), disse hoje à Lusa que, com o cancelamento de todos os eventos que estavam agendados para os meses de abril, maio e junho, com destaque para a Feira Nacional da Agricultura, não restou outra solução senão recorrer aos mecanismos criados pelo Governo no âmbito da pandemia da covid-19.
Além do recurso ao ‘lay-off’ simplificado, para já para os próximos 30 dias, o CNEMA vai ter de recorrer às linhas de crédito anunciadas pelo Governo para poder pagar a sua parte enquanto vigorar a suspensão dos contratos de trabalho e os salários nos restantes meses.
Luís Mira salientou que estes três meses representam 80% do volume de negócios do CNEMA, sendo que a Feira Nacional da Agricultura, que tinha a sua 57.ª edição agendada para 06 a 14 de junho, “tem um peso muito grande”, na ordem dos 74%.
“Fomos apanhados em cheio. Vamos ter de aguentar para tentar equilibrar, mas vai demorar dois ou três anos para repor o equilíbrio”, disse, salientando que o CNEMA normalmente fecha as contas anuais com um saldo positivo da ordem dos 300 mil a 400 mil euros e este ano poderá vir a registar “um buraco na ordem dos 400 mil ou 500 mil euros”.
“Repor 700 mil, 800 mil euros vai demorar pelo menos três anos”, declarou, sublinhando que, na reunião realizada na quarta-feira com os trabalhadores, houve a compreensão da situação e que a principal preocupação da administração é “manter o emprego”.
Na página do CNEMA já só constam os eventos agendados para outubro, o Festival Bike, e para novembro, a Avisan, e uma nota dando conta do cancelamento de toda a outra atividade prevista, com destaque para a FNA.
Portugal, onde os primeiros casos da covid-19 confirmados foram registados no dia 02 de março, encontra-se em estado de emergência desde as 00:00 de 19 de março, tendo a Assembleia da República aprovado hoje o seu prolongamento até ao final do dia 17 de abril.
Segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde, registaram-se 209 mortes em Portugal, mais 22 do que na quarta-feira (+11,8%), e 9.034 casos de infeções confirmadas, o que representa um aumento de 783 em relação à véspera (+9,5%).
Lusa