A European Lung Foundation deu hoje a conhecer um estudo que mostra que os doentes com doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC) e ex-fumadores têm um risco acrescido de desenvolver complicações graves em caso de infeção com covid-19.
No estudo, publicado no European Respiratory Journal, conclui-se que os doentes com DPOC e atuais fumadores possuem níveis mais altos da enzima conversora da angiotensina II (ECA-II), que aumenta o seu risco de vir a ter complicações graves em caso de infeção por covid-19.
"Os dados recolhidos na China sugerem que pacientes com DPOC correm maior risco de ter casos mais graves quando infetados com covid-19. Por isso, colocámos a hipótese de que isso ocorre porque os níveis de ECA-II nas vias aéreas estão aumentados em comparação com pessoas sem DPOC", explica Janice Leung, especialista da universidade British Columbia e do St. Paul's Hospital, em Vancouver, no Canadá.
A equipa de investigadores estudou amostras retiradas dos pulmões de 21 pacientes com DPOC e 21 sem a doença, medindo em todos eles o nível de ECA-II e comparando-o em pessoas que nunca fumaram, fumadores ativos e ex-fumadores.
Os resultados obtidos mostraram que não só os doentes com DPOC têm níveis mais altos de ECA-II, como estes níveis eram também mais altos em fumadores ativos.
Por isso, sublinha a médica, "pacientes com DPOC devem respeitar estritamente o distanciamento social e fazer uma higiene adequada das mãos para evitar infeções".
O novo estudo mostra também que os níveis de ACE-II em ex-fumadores são inferiores aos registados junto de fumadores ativos, o que leva Janice Leung a afirmar que este pode ser o momento ideal para deixar de fumar.
"Descobrimos que ex-fumadores tinham níveis semelhantes de ACE-II aos de pessoas que nunca fumaram, o que sugere que este pode ser o melhor momento para parar de fumar e proteger-se da covid-19", aconselha.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 1,4 milhões de pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 82 mil.
Em Portugal, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde, registaram-se 380 mortes, mais 35 do que na véspera (+10,1%), e 13.141 casos de infeções confirmadas, o que representa um aumento de 699 em relação a terça-feira (+5,6%).
Portugal, onde os primeiros casos confirmados foram registados no dia 02 de março, encontra-se em estado de emergência desde as 00:00 de 19 de março e até ao final do dia 17 de abril, depois do prolongamento aprovado na quinta-feira na Assembleia da República.
Lusa