A ministra da Saúde admitiu hoje que será necessário manter algumas medidas de contenção e de prevenção até que seja descoberta a vacina para o novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19.
“A expectativa de regressar à normalidade vai ter de ser sempre temperada até à descoberta da vacina por medidas de restrição, de contenção e de prevenção que não podemos, tanto quanto sabemos, eliminar por completo”, afirmou Marta Temido.
Na conferência de imprensa diária de atualização de informação sobre a pandemia da covid-19, a ministra reconheceu que as previsões relativamente ao futuro são marcadas por uma grande incerteza, mas adiantou que Portugal vai continuar a seguir as recomendações internacionais.
Referindo-se às declarações da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, sobre a hipótese de limitar o contacto das pessoas mais velhas com o seu entorno, pelo menos, até ao final do ano, a ministra da Saúde afirmou que se, chegada a altura, essa for a recomendação mais adequada, então será seguida pelas autoridades de saúde portuguesas.
Em entrevista ao jornal alemão Bild, a ser publicada hoje, Leyen avisou que enquanto não houver uma vacina “é preciso limitar, tanto quanto possível, os contactos dos seniores”, em particular os que vivem em lares.
“É evidente que vivemos num contexto global, aquilo que é a situação de um país europeu influencia os outros e, portanto, estamos longe de ter vencido esta pandemia”, reconheceu Marta Temido, acrescentando que a prioridade é “seguir a cada momento as melhores recomendações e a melhor informação disponível”.
Olhando para a ação do Governo e das autoridades de saúde portuguesas até aqui, a ministra considerou que a preparação para a pandemia foi a adequada, reforçando que neste momento uma das principais preocupações é assegurar que não existem falhas, apesar do contexto de escassez global.
Marta Temido sublinhou ainda que o Governo tem tentado dar uma resposta ponderada que assegure, tanto quanto possível, o equilíbrio entre o valor da vida em sociedade, o valor do funcionamento da economia, sem prejuízos para o valor da saúde pública.
“Sabemos que outros países que optaram por visões muito radicais, ou de deixar tudo aberto ou de fechar tudo, não tiveram tão bons resultados e tiveram de fazer pequenas correções”, afirmou, considerando que a vigilância epidemiológica constante e a introdução de medidas corretivas e mitigadoras conforme o contexto atual são a melhor alternativa.
A ministra da Saúde alertou, no entanto, que o pouco conhecimento que ainda existe sobre o novo coronavírus e sobre a doença implica que todas as decisões que tenham sido e que venham a ser tomadas estão associadas a algum nível de risco.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já provocou mais de 109 mil mortos e infetou quase 1,8 milhões de pessoas em 193 países e territórios.
Em Portugal, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde, registam-se 504 mortos, mais 34 do que no sábado (+7,2%), e 16.585 casos de infeção confirmados, o que representa um aumento de 598 em relação a sexta-feira (+3,7%).
Dos infetados, 1.177 estão internados, 228 dos quais em unidades de cuidados intensivos, e há 277 doentes que já recuperaram.
Portugal, onde os primeiros casos confirmados foram registados no dia 02 de março, encontra-se em estado de emergência desde de 19 de março e até ao final do dia 17 de abril.
Lusa