A Associação Empresarial da Região de Santarém (Nersant) alertou hoje para a fragilidade das empresas recentemente criadas no distrito perante as dificuldades criadas com as limitações impostas pelo estado de emergência decretado devido à covid-19.
Num inquérito realizado junto de 294 ‘startup’s’ que acompanha “em termos informativos e técnicos”, e do qual obteve 56 respostas, a Nersant conclui que 91% das empresas respondentes registaram quedas na faturação, 75% das quais superiores a 70%.
Segundo a Nersant, 57,14% das empresas que responderam ao inquérito afirmaram que suspenderam a atividade e, em 23,81%, houve uma suspensão parcial, sendo que 9,3% recorreram às linhas de crédito criadas no âmbito da covid-19 e 27,91% ou já recorreu ou vai recorrer às moratórias para pagamento de créditos.
“Daqui se pode deduzir que a fragilidade das empresas é grande, podendo estar a haver alguma relutância em correr mais riscos, num momento de grande incerteza”, afirma um comunicado da associação.
A quase totalidade das empresas (90,48%) respondeu que não vai recorrer ao ‘lay-off’ simplificado, o que a Nersant explica com o facto de a generalidade destas empresas terem o sócio-gerente como único trabalhador.
Estas empresas queixam-se de forte e muito forte queda na procura (86,11%), perspetivando que a situação se vai manter no futuro, e 85,72% consideram que o impacto na tesouraria será igualmente muito forte e forte (valor que sobe para 88,1% quando questionados quanto ao futuro).
Há empreendedores que afirmam estar com a porta fechada, uns desde dia 13 e outros desde 16 de março, com “faturação zero” e “sem esperança de voltar a abrir”, outros que confessam estar a viver uma situação “catastrófica”, pois têm mercadorias compradas e não pagas, com cheques pré-datados na posse dos fornecedores, e que não podem comercializar, receando os efeitos da desvalorização se estes produtos ficarem para a estação seguinte.
“Em agosto terei que fazer novo investimento para a estação de inverno. Se não receber dos clientes não tenho dinheiro nem para pagar aos fornecedores a coleção de verão nem para comprar a coleção seguinte”, afirma um dos empreendedores no inquérito.
Outros sublinham que as moratórias no pagamento de rendas “apenas vão fazer com que empresas em dificuldades fiquem com mais dificuldades”, pelo que defendem que “o Estado devia suportar parte dessas rendas”.
“Não sei como irá ficar o ramo dos eventos e aluguer de audiovisuais, visto que estou a iniciar uma nova empresa nesse ramo”, escreve um “novo empreendedor no ramo”, antevendo que “mesmo que a crise da pandemia passe”, durante algum tempo, “as pessoas, naturalmente, não vão querer estar num evento, com o receio de haver algum contágio”, o mesmo acontecendo com as reuniões presenciais.
As ‘startups’ questionadas pela Nersant pedem apoios à tesouraria, alterações nos pagamentos dos serviços essenciais (como eletricidade, água, gás), das rendas, à Segurança Social e de impostos como o IVA, a inclusão dos sócios-gerentes no ‘lay-off’ simplificado e o envio de equipamentos de proteção individual para as que continuam a laborar.
(LUSA)