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Covid-19: Orientações para grávidas inalteradas apesar de indícios de transmissão vertical – DGS

10/07/2020 às 00:00

A diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, disse hoje que as orientações para as grávidas se vão manter inalteradas, apesar dos indícios de que pode haver transmissão vertical de mãe para filho do novo coronavírus.

“Este conhecimento não altera em nada as recomendações que estão em vigor, disse Graça Freitas, observando que a orientação da Direção-Geral da Saúde sobre o seguimento de grávidas já previa que no acompanhamento do parto haver a possibilidade de transmissão vertical.

A diretora-geral, que falava aos jornalistas na conferência de imprensa trissemanal de balanço sobre a pandemia no país, foi questionada sobre o estudo divulgado na quinta-feira, e feito pela Universidade de Milão, que refere que mães infetadas com o novo coronavírus que provoca a doença covid-19 podem transmitir o vírus aos seus filhos ainda não nascidos.

“Relativamente a este estudo que indicia que pode haver transmissão vertical, ou seja de mãe para filho – já existiam outros estudos que iam nesse sentido, não é definitiva esta informação – e indica que sim, poderá haver passagem transplacentária de mãe para filho”, disse Graça Freitas.

Segundo os investigadores que realizaram o estudo, citados pela agência noticiosa francesa AFP, “embora tenha havido apenas casos isolados de bebés infetados com o novo coronavírus, esses resultados demonstram o vínculo mais forte até hoje na transmissão de mãe para filho”.

A AFP relata que os investigadores estudaram 31 mulheres grávidas hospitalizadas com covid-19 e encontraram o vírus SARS-Cov-2 em placentas, no cordão umbilical, na vagina e no leite materno.

Os cientistas também identificaram anticorpos específicos da covid-19 em cordões umbilicais de várias mulheres, bem como em amostras de leite.

Claudio Fenizia, da Universidade de Milão e principal autor do estudo, disse à AFP que os resultados "sugerem fortemente" que a transmissão no útero é possível.

"Dada a quantidade de pessoas infetadas em todo o mundo, o número de mulheres que podem ser afetadas por esse fenómeno pode ser potencialmente muito alto", adiantou.

Nenhum dos bebés nascidos durante o período do estudo contraiu covid-19, disse, admitindo que, "embora a transmissão no útero pareça possível, é muito cedo para avaliar claramente o risco e as possíveis consequências".

A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou no mês passado que as mães infetadas com o novo coronavírus devem continuar a amamentar.

"Sabemos que as crianças correm um risco relativamente baixo para a covid-19, mas correm alto risco para muitas outras doenças e condições que a amamentação impede", disse na altura o diretor geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus.

Entre outras descobertas, os investigadores identificaram uma resposta inflamatória específica desencadeada pela covid-19 no plasma sanguíneo da placenta e do cordão umbilical das mulheres estudadas, todas no terceiro trimestre de gravidez. Claudio Fenizia adiantou que mais estudos estão em andamento entre as mulheres com covid-19 que estão em estágios iniciais da gravidez.

"O nosso estudo tem como objetivo aumentar a consciencialização e convidar a comunidade científica a considerar a gravidez em mulheres com covid-19 como um assunto urgente para caracterizar e analisar ainda mais", declarou Claudio Fenizia, sublinhando que “promover a prevenção é o conselho mais seguro que se pode dar a esses pacientes no momento".

O estudo foi divulgado na 23.ª Conferência Internacional da Sida, realizada esta semana, pela primeira vez na Internet devido à pandemia da covid-19.

A pandemia de covid-19 já provocou mais de 555 mil mortos, incluindo 1.646 em Portugal.

Lusa

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