Pelo menos 20 países europeus já ultrapassaram o pico da pandemia, anunciou hoje o Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças, que avisa, no entanto, que levantar as restrições implementadas demasiado rapidamente poderá aumentar novamente a transmissão comunitária.
De acordo com um relatório divulgado hoje pelo Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC, na sigla inglesa), a “inexistência de um tratamento eficaz ou de uma vacina, combinada com o crescimento exponencial” do SARS-CoV-2, o novo coronavírus que provoca a doença covid-19, levou quase todos os países da Europa a implementar medidas de “distanciamento comunitário e físico”.
O documento publicado, com dados atualizados até 22 de abril, realça que em 20 países da Europa, a “onda inicial de transmissão [do novo coronavírus] passou o pico, com um declínio no número de novos caros reportados”.
O cancelamento de eventos com uma grande concentração de pessoas e o encerramento de estabelecimentos de educação e espaços públicos são alguns dos exemplos citados no relatório.
O relatório reúne dados dos 27 Estados-membros da União Europeia, Islândia, Liechtenstein e Noruega – que integram o Espaço Económico Europeu (EEE) – e do Reino Unido.
O ECDC explicita que as medidas implementadas por estas nações permitiram reduzir em 18% a transmissão do novo coronavírus, nos últimos 14 dias (entre 08 e 22 de abril).
“Apesar de este declínio [no número de casos confirmados] ter sido observado, estas medidas são altamente disruptivas para sociedade, tanto economicamente como socialmente. Por isso, há um interesse significante em definir uma abordagem para ajustar as medidas e redução das políticas ‘de ficar em casa’”, prossegue o relatório.
O ECDC adverte que “levantar as medidas [de restrição implementadas] demasiado rápido, sem uma monitorização apropriada e a capacidade do sistema de saúde [de cada país] restaurada, poderá causar uma ressurgência súbita da transmissão comunitária”.
Esta conclusão vai ao encontro de preocupações expressadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) relativamente ao levantamento das restrições em cada país.
O relatório também demonstra que em oito países europeus – Bélgica, Bulgária, Finlândia, Hungria, Países Baixos, Polónia Roménia e Eslováquia – “não foi notada uma alteração substancial na incidência” de transmissão, nos últimos 14 dias.
Por seu turno, na Irlanda, Reino Unido e Suécia, no mesmo período, a incidência de transmissão “está a aumentar e está atualmente no nível mais elevado em cada um destes países, desde o início da pandemia”.
O documento sublinha, com os dados atualmente disponíveis, o risco de doença severa nos países da EU/EEE e Reino Unido é considerado “baixo para a generalidade da população em áreas onde medidas de distanciamento social físico apropriadas” tenham sido implementadas, em áreas onde “a transmissão comunitária tenha sido reduzida e/ou mantida em níveis baixos”.
Caso contrário, o risco de contágio é “considerado moderado”.
O relatório refere ainda que “atualmente não há indícios de que as mutações acumuladas desde a introdução do vírus SARS-CoV-2 na população humana tenham tido algum efeito nas características da doença”. Foram sequenciados, até hoje, mais de 10.000 genomas do novo coronavírus.
Em relação à imunidade, a “deteção de anticorpos ao SARS-CoV-2 não indica diretamente que exista imunidade protetora”, dá conta o documento. Estes anticorpos, de acordo com a informação disponível, costumam desenvolver-se entre seis e 15 dias, depois de uma pessoa ter contraído a covid-19.
A nível global, segundo um balanço da AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 186 mil mortos e infetou mais de 2,6 milhões de pessoas em 193 países e territórios.
Cerca de 700 mil doentes foram considerados curados.
Lusa