O fim do uso de máscara nos espaços interiores está a ser equacionada, mas isso só acontecerá quando diminuir a mortalidade por covid-19 em Portugal e atividade epidémica estiver mais baixa, disse hoje a diretora-geral da Saúde.
“Temos um marco importante a cruzar que é diminuir a mortalidade para os níveis que o ECDC [Centro Europeu de Controlo de Prevenção de Doença] preconiza”, 20 mortos por milhão de habitantes, disse Graça Freiras aos jornalistas, à margem das 13.ª Jornadas de Atualização das Doença Infecciosas do Hospital Curry Cabral, que decorrem hoje e sexta-feira, em Lisboa.
Graça Freitas adiantou que o país está na primeira fase de redução de medidas e ainda são necessárias cautelas, até avançar para a segunda etapa.
“Vamos esperar que o vírus atinja os mínimos possíveis para nos darem alguma liberdade também no que diz respeito à utilização de máscaras”, mas as medidas dependerão sempre da “dinâmica do vírus”, adiantou.
Sobre as questões que os pais têm levantado por causa dos processos de aprendizagem, Graça Freitas disse que também há quem defenda e diga que os processos de aprendizagem não são alterados pela utilização das máscaras.
“As crianças estão habituadas e, portanto, vamos com calma vendo de facto os riscos”, disse, referindo que o Governo decidirá em que altura fará o abrandamento de medidas.
Sobre as novas orientações para os contactos de alto risco, que são os coabitantes que não têm dose de reforço, nem estão na fase de recuperação da doença, Graça Freitas explicou que têm a recomendação de fazer dois testes rápidos de antigénio para compensar o facto de não estarem isolados.
Segundo a diretora-geral da Saúde, o primeiro teste deve ser realizado “o mais precocemente possível” e o segundo entre o terceiro e o quinto dia para a eventualidade de estarem positivo e terem de retirar-se do meio social para evitar transmitir a outras pessoas.
Questionada sobre uma possível redução do período de isolamento dos sintomáticos e assintomáticos, Graça Freitas adiantou que “há um plano gradual de redução do número de dias em que as pessoas ficarão isoladas” que prevê que possa ser de cinco dias numa outra etapa de alívio de medidas.
Graça Freitas apelou para que depois do isolamento continuem a ser adotadas medidas de precaução em relação ao distanciamento físico das outras pessoas, à utilização de máscaras e à permanência em espaços arejados.
Nas jornadas, o especialista em Saúde Pública da DGS apontou o dia 03 de abril como uma data possível de uma nova fase da pandemia. Questionada sobre esta meta, Graça Freitas disse que é apenas uma projeção.
“As projeções são afinadas todos os dias (…) com os dados que colhemos todos os dias e, portanto, pode ser uma um bocadinho antes, um bocadinho depois é apenas uma projeção para nos orientarmos”, justificou.
Graça Freitas falou ainda sobre a preocupação manifestada nas jornadas com o crescimento da linhagem da variante Ómicron (BA.2) que está a tornar-se dominante, havendo alguns sinais de outros países, nomeadamente da Dinamarca, que pode ter um padrão diferente da outra linhagem inicial (BA.1).
“Temos que estar atentos, monitorizar muito bem todos estes fenómenos, ter uma boa vigilância epidemiológica de forma a que se detetem precocemente sinais e que esses sinais sirvam de bússola” para depois os decisores tomarem as medidas adequadas e proporcionais ao risco, defendeu.
“Temos sempre tido estratégias adaptativas e flexíveis em função do desenvolvimento da epidemia e isso tem sido uma característica do nosso país”, disse, considerando as medidas tomadas ao longo destes dois anos de pandemia “adequadas ao risco e adequadas à situação epidémica”.
Lusa