O caso da residência em Carvalhal onde este domingo foram evacuadas as utentes e onde proprietários e funcionárias testaram positivo para infeção por coronavírus, mexeu com a sociedade e deixa populares e autarcas preocupados.
“É evidente que perante um episódio deste tipo as pessoas ficam muito preocupadas, é natural. Por isso, é preciso mantermos sempre a maior atenção possível naquilo que são as orientações da Direção-Geral de Saúde e é isso que vamos todos ter que continuar a fazer para que possamos minimizar, tanto quanto possível, este tipo de situações”, disse o presidente da Câmara de Abrantes, Manuel Jorge Valamatos.
Quanto ao facto de existirem no concelho diversas casas de acolhimento nesta situação, o autarca confirma que “essas situações nos preocupam. A Segurança Social tem estado, juntamente com as Autarquias a fazer um levantamento de todas estas situações para que se possa agir e interagir. Este não é o momento de andarmos com fiscalizações, mas são questões de saúde pública que temos que ter em linha de conta nesta altura. Nesta medida, é importante sinalizar e que as pessoas sinalizem este tipo de situações para que a DGS também possa tomar as medidas adequadas”.
O presidente confirmou que quer as funcionárias, quer os proprietários da residência estão isolamento nas suas casas, com acompanhamento por parte do ACES Médio Tejo e que apenas as utentes foram reencaminhadas para a ala criada no Hospital de Abrantes para este efeito.
Manuel Jorge Valamatos apela a que o desconfinamento não seja “de facilitismo” e que todos devem continuar a respeitar as orientações de saúde pública. O presidente confirma ainda estar “em contacto permanente com o ACES Médio Tejo para percebemos o que podemos fazer e de que forma podemos colaborar”.
O autarca apela, no entanto, a que haja alguma tranquilidade nesta freguesia do norte do concelho de Abrantes.
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Manuel Jorge Valamatos, presidente da Câmara Municipal de Abrantes
São 130 as casas nesta situação já identificadas no distrito
A Antena Livre ouviu também Miguel Borges, presidente da Comissão Distrital de Proteção Civil de Santarém que fala de “um trabalho difícil e que temos de dividir em três momentos”. “Primeiro”, começa por explicar, “tudo aquilo que o Estado social devia ter feito até agora e não fez. Com o aumento da esperança de vida há a necessidade cada vez maior de haver sítios para que as pessoas idosas pudessem permanecer, fruto também daquilo que é o trabalho dos seus próprios filhos e muitas vezes não têm a disponibilidade para estarem com os seus pais. E durante muito tempo o Estado social tem ignorado esta situação. Porquê? Porque são tantos e não há capacidade de resposta para intervir como deve ser dentro destas estruturas não referenciadas ou não licenciadas”.
Depois, prossegue Miguel Borges, “neste momento estamos numa situação de calamidade, estamos a atravessar uma pandemia e não é o momento para julgarmos as pessoas que têm estes lares. Não é este o momento da fiscalização nem da inspeção. Aquilo que tem que ser feito é perceber se as pessoas que estão nestes lares estão com condições, se estão com os níveis mínimos de dignidade humana e se estão protegidos. E esse é o trabalho que estamos a fazer, sendo certo que estamos a abrir uma Caixa de Pandora”.
O presidente da Comissão Distrital de Proteção Civil fala em 130 casas já referenciadas mas assume que “o número é muito maior, talvez até o dobro”.
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Miguel Borges, presidente da Comissão Distrital de Proteção Civil