O Médio Tejo, na área de saúde, tem um registo de cerca de 60 mil infetados com o coronavírus SARS-CoV-2 para 217 mil habitantes dos 11 concelhos que constituem a Unidade de Saúde Pública. O primeiro caso positivo no Médio Tejo foi de uma mulher, funcionária da Câmara Municipal de Tomar.
Maria dos Anjos Esperança, coordenadora da Unidade de Saúde Pública do Médio Tejo (USPMT) diz à Antena Livre lembrar-se desse dia como se tivesse sido ontem. “A notícia foi de um caso positivo numa pessoa que era funcionária da Câmara Municipal de Tomar, que tinha feito um teste e já estava em casa”, conta a médica que adianta que a preocupação da Unidade de Saúde Pública não foi esse caso, mas sim os contactos. Isto em termos da Saúde Pública, uma vez que no que diz respeito à condição de saúde desta pessoa foi sempre acompanhada de perto pelo médico de família. “Lembro-me, como se fosse hoje, que assim que tivemos conhecimento dessa situação eu e uma enfermeira da USPMT (enfermeira Ana Lourenço) deslocámo-nos ao local de trabalho dessa senhora. Estava lá a presidente da Câmara de Tomar (Anabela Freitas) e falámos com todas as pessoas e dissemos todos os cuidados que deviam ter. Aquilo que já tínhamos lido e que já nos tinha sido transmitido pela Direção-Geral da Saúde.”
Maria dos Anjos Esperança revela que “tivemos uma total colaboração da parte da senhora presidente da Câmara, todas as pessoas ficaram em casa e fizeram os 14 dias de isolamento [o recomendado naquela altura]. Fomos lá e tiramos os dados todos das pessoas. E lembro-me que os funcionários da Câmara, porque ainda não estávamos a usar máscara de forma obrigatória, se aproximavam de nós e dizíamos: não se aproxime tanto, deixe-se ficar assim um bocadinho mais afastado.”
A coordenadora da Saúde Pública do Médio Tejo faz questão de relembrar que até os funcionários da saúde estavam sem saber tudo, ainda muito bem, o que estava relacionado com a pandemia. "Felizmente na Câmara não apareceram mais casos relacionados com este primeiro. Depois começaram, então, a surgir mais casos. Muitos relacionados com uma feira do setor têxtil que aconteceu em Itália.”
Hoje, o Médio Tejo tem um total de mais de 60 mil casos positivos confirmados, em 217 mil habitantes nestes 111 concelhos.
Para Maria dos Anjos Esperança não é um número muito elevado, apesar de tudo. A médica explica ainda que os piores momentos que teve na pandemia foi quando começaram a surgir os surtos em lares de idosos, ainda sem vacinas. E acrescenta de imediato que já se percebeu que as vacinas salvam muitas vidas.
Por outro lado, destaca o facto de Ourém ser o concelho com mais casos precisamente porque tem muitas instituições de acolhimento de idosos e foi aí que existiram muitos surtos de infetados.
Nos dias atuais, já não há restrições, mas o vírus continua aí e ainda com números muito elevados, embora isso não tenha reflexos nas hospitalizações, que é o principal indicador para aliviar ou não as medidas restritivas.
Maria dos Anjos Esperança faz questão de dizer que as máscaras, mesmo com este alivio de medidas, veio para ficar e continua a ser utilizada por grande parte da população. E refere que, apesar de não ser preciso validação da Saúde Pública, continua a haver instituições a pedir pareceres para estas atividades que, de forma gradual, voltam a ser agendadas.
À margem da pandemia e dos dois anos do registo do primeiro caso positivo no Médio Tejo, Maria dos Anjos Esperança, vinca, por estes dias, a necessidade de uso de máscaras para fazer face aos problemas que pode causar esta névoa de poeiras oriundas do norte de África. A delegada de Saúde Pública explicou que as pessoas com doenças respiratórias ou com alergias deverão ter muito cuidado com esta nuvem de pó que deverá aligeirar esta quinta-feira, prevendo-se que na sexta-feira a massa já tenha saído continente.