O Nuno Pedro escreve, todos os meses, uma crónica no Jornal A Barca. É um espaço de opinião que reflete sobre o fenómeno desportivo, em geral, sobre o futebol em particular, mas sem esquecer o associativismo ou o dirigismo.
Em 2012 o abrantino, a viver na Malveira, Mafra, juntou as crónicas já publicadas e lançou o livro reflexos. Na altura, as receitas das vendas, foram para a Liga Portuguesa Contra o Cancro. A obra, prefaciada por Carlos Arsénio, foi o resultado da compilação dos artigos de opinião publicados no jornal A Barca, entre dezembro de 2009 e agosto de 2012.
Volvidos 13 anos, o Nuno Pedro, agarrou em mais 150 artigos publicados no mesmo jornal, juntou uma série de testemunhos de homens e mulheres do futebol e compilou tudo num segundo livro que intitulou de “Mais Reflexos”. Prefaciado por Pedro Proença, presidente da Federação Portuguesa de Futebol, e pósfaciado por Helena Pires, ex-CEO da Liga Portugal, a obra volta a coligir as opiniões do atual avaliador do quadro de delegados da liga profissional de futebol.
Nuno Pedro junta neste livro, como recordou António Oliveira (Toni), vice-presidente da Federação Portuguesa de Futebol, pensamentos do delegado (da Liga), do dirigente, do autarca e do adepto. “Há uma coisa que temos em comum: a paixão pelo futebol.”
E há um outro patamar, recordou, que é o conjunto de testemunhos que são o reflexo do Nuno nas pessoas que escreveram sobre ele.
Toni, agora dirigente da Federação, confessou que vai deixar de lado o livro que está a ler, sobre o presidente chinês Xi Jinping, para começar a leitura do “Mais Reflexos” sendo um “espelho do autor a partir do exercício da reflexão. Somos pessoas do futebol.”
Toni
A sessão de apresentação encheu a sala de leitura da Biblioteca Municipal António Botto com amigos do autor e, acima de tudo, com muita gente do futebol nacional e distrital, como não poderia deixar de ser. E isso emocionou o autor, que confessou que a sala não chegaria para todos se a tomada de posse dos novos dirigentes da Liga Portugal não estivesse a acontecer quase em simultâneo, no Porto. Aliás, o novo líder do futebol profissional, Reinaldo Teixeira, deixou uma mensagem dirigida ao Nuno Pedro.
É que o autor do livro, após anos e anos como delegado da Liga passou a ser o responsável pela avaliação dos delegados do futebol profissional.
Foi por aí que o ex-arbitro de futebol Duarte Gomes recordou os primeiros contactos com o abrantino. Porque a vida do delegado da liga não se esgota, como disse, na hora e meia do jogo no relvado. Duarte Gomes destacou o trabalho que é feito muito antes de chegarem as equipas aos estádios até aos momentos “mais quentes” em que são “estes homens que são ‘escudos’ das equipas de arbitragem.”
Duarte Gomes frisou a importância da figura neutral do delegado que é fulcral no meio das emoções de um jogo. E afirmou que, naturalmente, em 36 delegados da Liga há perfis diferentes, mas que o Nuno sempre foi uma “pessoa especial, mesmo quando as coisas aqueciam muito, sempre com uma gestão emocional muito grande.”
Esta opinião provocou alguns sorrisos em quem, do lado de Abrantes, conheceu o Nuno Pedro como dirigente desportivo. Ele próprio afirmou que mudou muito de dirigente para delegado e que hoje é um dos grandes defensores dos árbitros.
Duarte Gomes
Manuel Jorge Valamatos, presidente da Câmara de Abrantes, agradeceu a presença de Toni e Duarte Gomes e de todos os amigos do Nuno Pedro que se deslocaram de diversos pontos do país para este lançamento.
O, agora autarca, recordou que o Nuno sempre esteve muito ligado a projetos relevantes do futebol e que nunca se desligou. E depois frisou que tem uma paixão grande com a sua com a cidade. “Revejo-me em muitas coisas que ele escreve. São pensamentos do futebol, mas também muito sobre o associativismo.”
Manuel Jorge Valamatos
Já o autor deixou de lado “os rabiscos escritos numa folha” que tinha preparado para se deixar levar pelo improviso sobre a sua segunda obra e sobre outros momentos do futebol. E alguns deles vieram à tona quando foi identificando homens do futebol que estavam nas plateias.
Não esqueceu o futebol em que se formou, o clube onde começou com o dirigismo desportivo, até um dos pontos altos da sua carreira, como diretor-desportivo do Abrantes Futebol Clube, que disse sempre querer recordar como cresceu e não como acabou.
Depois deixou ainda algumas notas sobre o que é ser delegado da Liga Portugal. E neste ponto, o esforço que é feito com “muito alcatrão” pelo meio. E exemplificou o ter de estar em Penafiel no sábado todo o dia, e no dia seguinte, domingo, ter de estar às 08 da manhã em Portimão. Porque o ser delegado não é estar nas duas horas de um jogo, há muito mais trabalho. E hoje, frisou, a formação também já é diferente dos tempos em que entrou na Liga.
Nuno Pedro agradeceu ao jornal A Barca a possibilidade de poder escrever as suas opiniões sobre o fenómeno desportivo.
Nos agradecimentos não esqueceu, naturalmente, a família mais próxima e o apoio nas receitas da venda do livro para a Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Abrantes. E elogiou o trabalho destes operacionais referindo que sentiu esse apoio quando teve um acidente gravíssimo que quase o deixou sem vontade de fazer nada.
Nuno Pedro
À Antena Livre o Nuno Predro explicou que este livro não foi programado, surgiu na sequência do primeiro “Reflexos”, mas sem um planeamento. Tanto mais que disse não saber se haverá um terceiro, mesmo continuando a escrever crónicas todos os meses no mesmo jornal.
Esta coluna é aproveitada para deixar um contributo, a sua reflexão sobre o fenómeno desportivo, mas também sobre as ligações deste território ao desporto.
Mas há um calcanhar de Aquiles que o Nuno refere amiúde e que tem a ver com o dirigismo associativo. Deveria haver um mecanismo que pudesse trazer alguns benefícios a quem contribuiu com horas e horas para um bem comum, que não apenas para jogos de futebol ou qualquer outra modalidade. O dirigente desportivo ou associativo continua a não ser valorizado e há, por isso, cada vez mais dificuldades em encontrar gente que assuma as associações das suas terras. E é um problema transversal a todo o país.
O Nuno Pedro trabalha na indústria do futebol, que move milhões de euros, mas não esconde o lado romântico do setor, aquele lado com que iniciou o dirigismo no Benfica de Abrantes.
Nuno Pedro
“Mais Reflexos”, Crónicas de Autor publicadas no Jornal A Barca, da autoria de Nuno Pedro surge depois de, em 2012, o autor ter lançado o primeiro volume, ou seja, o “Reflexos”.
Depois da apresentação, com casa cheia, foram longos minutos a escrever dedicatórias e a dar os autógrafos da praxe, numa plateia repleta, principalmente, de muita “gente” do futebol, nacional e distrital.
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