António Neto Alpalhão, professor natural do Tramagal, apresentou no último sábado, dia 21 de setembro, na Escola Secundária Dr. Solano de Abreu, o livro “Memória Abrantina da Grande Guerra”.
Num auditório preenchido com muito público a obra de investigação histórica foi apresentada e enquadrada por José Martinho Gaspar, numa sessão que contou com as boas-vindas de Jorge Costa, diretor da escola, e com o presidente da Câmara de Abrantes, Manuel Jorge Valamatos, a saudar os presentes e a revelar que também teve familiares na Primeira Guerra Mundial.
E essa é a grande mais-valia da obra, pois, trata a presença dos muitos militares abrantinos e das companhias sediadas em Abrantes no conflito armado na Europa.
É um livro que trabalha duas perspetivas da presença abrantina na guerra. Entre 1914 e 1916 há uma pequena participação em África e depois, entre 1916 e 1918, a maior participação em França e na Flandres. E é aqui o grosso da obra e da investigação. António Alpalhão faz um acompanhamento, quer dos soldados de Abrantes que estiveram na guerra quer a pegar nas duas unidades que estiveram nos confrontos. À altura Abrantes tinha o Regimento de Artilharia 8, no Castelo, e o Regimento de Infantaria 22. José Martinho Gaspar revelou o trabalho desenvolvido junto do Arquivo Histórico Militar na cedência das fichas dos militares destacados para o conflito.
“Estão aqui reproduzidas 700 fichas de militares dessa época” salientou José Martinho Gaspar e adiantou que este é um livro de história global, mas com uma presença local “foram mais de mil soldados que saíram de Abrantes para a guerra”.
E o autor, António Neto Alpalhão, explicou que “tive a felicidade de conhecer um tio-avô que participou na guerra e contava sempre muitas histórias” que ficaram na memória. “Só tenho pena de ser pequeno e de não ter tido a possibilidade de fazer-lhe as perguntas que hoje faria”, explicou o autor do livro que, pelo facto de ser professor de história acabou por ter, em 2014 no Centenário da Grande Guerra, possibilidade de trabalhar esta temática.
O assunto fez desenvolver o projeto de exposição em 2016, entre outras ações, e agora o livro que “pretende relatar as vivências dos 600 abrantinos que estiveram em França e na Flandres. Já os cerca de 100 que estiveram em África não temos o mesmo feedback”.
António Alpalhão revelou que quando começou o projeto começou a recolher informação sem saber bem “para onde iria”. Depois, garantiu, começou a ficar com uma biblioteca considerável sobre a temática equacionou a obra de âmbito nacional ou local. E a escolha recaiu sobre a pesquisa local. Conhecer um pouco mais os militares.
E depois há muita gente com familiares que estiveram no conflito revelou o autor. “Eu tive um bisavô condecorado e quatro tios-avô na Guerra, o diretor da escola teve um bisavô e o presidente da Câmara também teve familiares lá fora”, explicou António Alpalhão.