O III Encontro Internacional de Artistas Plásticos – Pictorin tem início hoje, em Santarém, numa edição dedicada ao escritor Bernardo Santareno, no âmbito do centenário do nascimento do dramaturgo escalabitano.
Durante o encontro, que vai decorrer até sábado, está prevista a pintura de um mural com o rosto do escritor, numa parede junto à rotunda Madre Andaluz.
A pintura vai acontecer na quarta-feira, com o trabalho do pintor João Domingos a ser acompanhado pela leitura de textos do livro “Nos Mares do Fim do Mundo”, por elementos do Centro Dramático Bernardo Santareno.
O evento arranca hoje, com uma “visita à Santarém de Bernardo Santareno”, que poderá ser acompanhada presencialmente ou através da aplicação Whatsapp para quem se inscrever previamente, com o percurso em direto a ser também traduzido em inglês, para os participantes estrangeiros.
Na quinta-feira, vai decorrer o PicTogheter, atividade realizada no Largo do Seminário (Praça Sá da Bandeira), juntando artistas e crianças, com um número limitado, devido às regras impostas pela pandemia da covid-19.
Para sexta-feira, está programada uma “performance multimodal”, no Fórum Mário Viegas, do Centro Cultural Regional de Santarém, com teatro, música e pintura, na qual participarão os artistas plásticos Filipa Carmo e André Esteves e o Centro Dramático Bernardo Santareno, estando ainda prevista a participação do saxofonista Pedro Santos Rosa.
No sábado, último dia do Pictorin, realiza-se, de manhã, no Jardim das Portas do Sol (ou no convento de S. Francisco, se a condições meteorológicas não forem favoráveis), o Concurso Prémio Mário Rodrigues.
Às 16:00 será inaugurada a exposição “Amigos do Mário”, na Sociedade Recreativa Operária, em homenagem a um dos fundadores do Pictorin, o artista plástico Mário Rodrigues, que morreu em outubro de 2018.
Na exposição, patente até 26 de setembro, estarão trabalhos de 16 amigos de Mário Rodrigues, com curadoria de António Amaral.
A exposição final do Pictorin será inaugurada às 18:00, no Círculo Cultural Scalabitano, onde ficará até 19 de setembro, sendo mostradas, em vídeo projeção, as obras realizadas à distância e um vídeo que retratará as várias fases do evento, criado a partir das transmissões online e das filmagens enviadas pelos participantes dos seus processos criativos.
Tendo estado em dúvida quando foi declarado o estado de emergência, os organizadores do Pictorin decidiram, com o levantamento das medidas de restrição mais severas, “fazer o possível” para que o evento acontecesse, mesmo com o formato alterado, devido à covid-19.
Um dos elementos da comissão organizadora do Pictorin, Ana da Silva, disse à Lusa que o evento vai manter a grande maioria dos participantes nas edições anteriores, estando confirmados 12 artistas plásticos, metade dos quais estrangeiros.
Este ano, porém, “cada um trabalhará a partir do seu espaço”, com algumas ações programadas em espaços públicos e outras a decorrerem ‘online’.
“Não é o ideal, não é o que queríamos, mas não podíamos deixar de fazer, pois este é que é o ano em que se celebra o centenário de Bernardo Santareno”, afirmou Ana da Silva à Lusa.
O Pictorin tem acontecido no âmbito da programação de verão In.Santarém, promovida pelo município, que este ano não se realizou, por decisão do executivo liderado pelo social-democrata Ricardo Gonçalves, tendo em conta que continuam a surgir novos casos de covid-19 no concelho.
Por essa razão, o Pictorin não utiliza este ano o espaço da Incubadora d’Artes, onde ainda se encontra a escultura “Refugiados”, finalizada em 2018 por Mário Rodrigues.
Num texto de homenagem ao escultor, a artista plástica Júlia Fernandes lamenta “o esquecimento” a que Mário Rodrigues foi votado, lembrando ainda o projeto “os cubos da calçada portuguesa”, que o escultor queria “devolver às ruas” do centro histórico e que “continua igualmente à espera”.
Lusa