A secretária de Estado da Cultura visitou na terça-feira, 9 de julho, o Jardim-Horto e a Casa-Memória de Camões, em Constância.
Ouviu os técnicos que fizeram um levantamento das necessidades da Casa-Memória e a maneira como o Ministério da Cultura poderia ajudar a levar a cabo uma das missões mais difíceis no concelho: abrir a Casa-Memória ao público e dotá-la de conteúdos.
Por parte do vice-presidente da Direção da Associação Casa-Memória, António Mendes, e também do presidente da Câmara, Sérgio Oliveira, a secretária de Estado, Ângela Ferreira, ouviu apenas um pedido, o reconhecimento da importância da Casa-Memória de Camões por parte do Estado.
“Muito mais que a questão do financiamento, que é importante pois sem isso não se consegue fazer nada, aquilo que a Associação pretendia era que o Estado português reconhecesse a importância da constituição da Casa-Memória para que com esse documento, conseguisse ir a algumas Fundações que já mostraram disponibilidade em apoiar a Associação financeiramente. Por exemplo, a Fundação Calouste Gulbenkian e a Fundação Oriente. Sem esse reconhecimento por parte do Estado é que as Fundações dizem que não o podem fazer”, começou por explicar Sérgio Oliveira.
Depois foi António Mendes quem reforçou que “a primeira pretensão da Direção é essa, o reconhecimento por parte do Ministério da Cultura. Não estamos a reivindicar financiamento, não queremos o cheque, queremos apenas uma ferramenta. Um espaço destes, que custou centenas de milhares de euros ao Estado e ainda não ter sido inaugurado passados todos estes anos, é um desaproveitamento”.
“Com a informação técnica que temos, podemos fazer essa declaração e haver um despacho meu a reconhecer a importância do desenvolvimento do projeto. Sobre isso não há nenhuma dúvida”, disse Ângela Ferreira.
“Para além do apoio técnico, nomeadamente no desenho dos conteúdos e tudo aquilo que deve ser colocado neste espaço que foi sendo feito ao longo de 20 anos, nesta fase, o importante é ter essa declaração. Que o interesse fosse assumido”, pediu o presidente da Câmara.
Teresa Mourão, da Direção Geral do Património Cultural, acompanhou a visita e trazia o relatório com as conclusões que a DGPC já tinha efetuado em anterior visita à Casa-Memória.
Disse que “o edifício não tem assim tantas condições para ter muitas peças e não tem uma coleção em que valha a pena investir. Vale mais a pena investir na dinâmica do espaço e ter uma área de relacionamento com outras instituições que trabalham a vida e obra de Camões e que fornecessem alguns conteúdos”.
A secretária de Estado ouviu e concordou que será mais importante “apostar em novas tecnologias, áudio visual e preenchimento dos painéis do que propriamente só peças”.
Ângela Ferreira deixou ainda o alerta para que a Autarquia fique atenta “aos avisos que vão abrir para concursos na perspetiva de criar um projeto expositivo e museográfico, ainda que seja numa vertente de centro cultural. Vai haver aviso na vertente cultural, nomeadamente em edifícios classificados, como é o caso”.
As acessibilidades também são um problema pois a Casa-Memória não possui elevador para ligar os vários pisos, apenas escadas. Mas para essa questão, também já há um projeto.
Ângela Ferreira assumiu então o compromisso e prometeu passar a tão aguardada declaração.
“Comprometo-me que, de acordo com as visitas técnicas que já fizemos, pela Direção Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas e pela Direção Geral do Património Cultural, atestámos que a Casa-Memória de Camões tem capacidade para evoluir para novos passos e para novos projetos, tanto exposições temporárias como de arquivo documental do que é a biblioteca que hoje tem e, por isso, é merecido que o Estado português reconheça que a Casa-Memória de Camões é importante para o desenvolvimento cultural do país e é esse o compromisso que eu deixei aqui ao senhor presidente da Câmara e ao vice-presidente da Associação”.
Questionada se esse documento vai chegar em breve, a secretária de Estado afirmou que “vai ser feito nesta Legislatura e sobre isso não há nenhum tipo de dúvida”.
Sérgio Oliveira, presidente da Câmara Municipal de Constância, disse ter obtido a resposta que queria ouvir. “Sim. O principal objetivo que a Câmara tinha, em conjunto com a Associação, era ver este reconhecimento por parte do Estado português. Obviamente que não vem o reconhecimento e já amanhã temos a Casa pronta a abrir, é preciso que se perceba isso, ainda há um grande trabalho e um longo caminho a percorrer mas este é um passo importante, pelo qual temos lutado e que conclui-se das palavras da senhora secretária de Estado que vai ser alcançado”.
António Mendes, vice-presidente da Associação Casa-Memória de Camões disse-se “otimista” e esperançado após a visita da secretária de Estado. “Obviamente que nós gostaríamos que as coisas fossem para ontem mas isso não é possível e reconhecemos as dificuldades que estes processos acarretam. Mas está dado o primeiro passo e estou muito confiante (…) e agora, mãos ao trabalho, que é o mais importante”, disse.
No final, agradeceu a Ângela Ferreira e concluiu que, passados tantos anos, “chegámos a bom porto, tal como Camões conseguiu chegar aqui e que o Ministério da Cultura também consiga chegar a Constância”.
“Já aqui estamos”, respondeu a secretária de Estado.