O antigo Convento do Carmo, em Torres Novas, acolhe, de sexta-feira a domingo, uma programação cultural 'non stop', de manhã à noite, com teatro, concertos, instalações, exposições, dança, arte urbana, que assinalam a inauguração do espaço.
Recuperado pelo município, com recurso a financiamento comunitário, inicialmente pensado para acolher os Paços do Concelho e depois candidatado para espaço cultural, o edifício de origem quinhentista foi convento religioso e acolheu o Hospital da Misericórdia (de 1882 a 2000), tendo as obras de remodelação permitido encontrar necrópoles antigas, cuja existência se desconhecia, afirma uma nota da Câmara de Torres Novas, concelho do distrito de Santarém.
Uma dessas necrópoles, “um pequeno mas importante sepulcro subterrâneo, um hipogeu, construído há 4500 anos”, deu origem a “O Hipogeu do Convento do Carmo – Uma história de Ouro”, uma das várias exposições que vão abrir às 10:00 de sexta-feira, e que poderão ser vistas nos vários espaços do Convento até à meia-noite de domingo.
O artista The Empty Belly vai ter o seu trabalho na parede da ‘Startup’, enquanto o Jardim Exterior e o telhado da ‘Startup’ acolhem o projeto “Lata 65”, que terá, sábado à tarde, um ‘workshop’ de Arte Urbana para idosos, trabalho que a arquiteta Lara Seixo Rodrigues tem vindo a desenvolver para fomentar o envelhecimento ativo, a solidariedade entre gerações e democratizar o acesso à arte contemporânea.
Na sala do Projeto Educativo, vai acontecer uma “aula lúdica”, um 'workshop' e uma exposição, em que Ricardo Falcão, com a Coleção Norlinda, e José Lima, fará “uma visita Pop ao mundo da arte contemporânea inspirada nas histórias, lendas e personagens” de Torres Novas, a partir da figura do artista norte-americano Andy Warhol.
O artista-programador intermédia André Sier apresenta a instalação “Labirinto de Chronos II”, segunda parte de uma exposição de artes eletrónicas, que, “através duma seleção de peças recentes, recria o ambiente de descoberta e exploração do fictício labirinto do senhor do tempo”.
Outra instalação, “Gamelão de Porcelana e Cristal”, da Companhia de Música Teatral com o projeto Opus Tutti, do cantor e compositor Paulo Maria Rodrigues, vai estar nos claustros do convento, com ‘workshops’ agendados para sábado e domingo, em torno de “um ‘instrumento coletivo’ constituído por centenas de peças de porcelana, faiança, grés, vidro e cristal, que é simultaneamente um objeto visual/escultura que pode adquirir várias formas e dimensões e que é repensado em função do espaço arquitetónico que o acolhe”.
“Memória Post It e Memória Microfone” é a outra instalação, apresentada pela companhia de teatro Amarelo Silvestre, com o Teatro Maior de Idade e o Teatro Juvenil do Teatro Virgínia (Torres Novas), que resulta de um convite aos habitantes de Torres Novas para que “fixem”, em áudio ou escrevendo, as memórias que familiares e amigos têm do Convento do Carmo ou do antigo hospital que ali funcionou até ao ano 2000.
Esses registos são passados a ‘post its’, dando origem a pequenas apresentações teatrais, no sábado e no domingo (às 17:00).
A exposição de fotografia de Augusto Brázio, também patente nos três dias, resulta de uma incursão do artista ao Convento do Carmo, durante as obras de recuperação do edifício.
Em colaboração com o Serviço Educativo do Teatro Virgínia, o artista plástico Miguel Horta fará visitas guiadas ao convento (três na sexta-feira e uma no domingo) com um texto performativo que remete para a memória do “Hospital Velho”, com as “mães de Torres Novas” como figura central, e projeção, em contínuo, de um pequeno vídeo com depoimentos de mulheres que nasceram ou deram à luz neste edifício.
Na Sexta e no sábado à noite, e no domingo à tarde, vão acontecer espetáculos de dança com Beatriz Pereira, na escadaria exterior do convento a apresentar “Movimentos descontínuos ou sem descontinuidade?”, Leonor Mendes, com “Uma peça para palco”, no ‘Rooftop’ (telhado) da ‘StartUp’, António Liberato, com “Lebensreform”, no Jardim Exterior junto à entrada principal, Patrícia Borralho, com “Your Body, My Body”, no Corredor Entrada, Mercedes Alves, com “Graham”, no espaço Artistas Emergentes, e Carolina Cabaço com “Triangulum (Triângulo)”, nas Salas Interiores.
A 'cantautora' Joana Guerra atua no domingo ao fim da tarde, na Sala Artistas Emergentes.
O Choral Phydellius dará dois concertos, na sexta à noite, na escadaria principal, e no sábado ao fim da tarde, no Jardim Exterior, espaço onde o “homem-orquestra” Noiserv atua na sexta-feira, a partir das 22:00, e Benjamim (Luís Nunes), no sábado, às 21:30.
O programa 'non stop' encerra ao fim de três dias com o artista e investigador na área da arte digital João Martinho Moura, que apresenta “Video Mapping”, com uma projeção na fachada do convento, iniciada com sonoplastia da sua autoria e que prossegue e termina ao som da Sociedade Velha Filarmónica Riachense.
Lusa