SALPICOS DE CULTURA....
«Alimentação e influência familiar»
Benomy Silberfarb, é um hipnoterapeuta cognitivista brasileiro que com alguma regularidade vem a Portugal. São diversas as suas abordagens. Desde problemas etiológicos ligados a transtornos alimentares até às questões do chamado “balão intragástrico imaginário”, corre todos os campos que estas questões podem levantar. Dele já ouvi dissertar sobre problemas da Anorexia nervosa, dos transtornos da compulsão alimentar periódica, dos problemas alimentares relacionados com os desequilíbrios na personalidade, mesmo das questões das imagens mentais, e até do papel da imaginação e da memória como âncoras principais nas distorções emocionais.
Ficámos amigos, e volta não volta, lá vou à prateleira buscar obra sua para melhor me posicionar na compreensão de muitos dos problemas psicológicos com me vou confrontando. A partir do contacto com este estudioso, fiquei mais sensível às questões da alimentação, e quando dou comigo a pensar no meu próprio peso, ou até a pensar no que vai na mente de muitas das pessoas com quem privo, e que não raro, colocam como primado das preocupações da vida, ou o seu excessivo peso, ou, na inversa, a sua já incapacidade de controlar uma anorexia que lhes bateu à porta, não raro vêm-me à mente algumas das suas alusões.
Retrato três momentos particulares em que questões de peso começam a aparecer. Os que antecedem os meses do fim do ano, os de Maio e Junho que são, para muitos de nós, períodos antecipatórios das férias de Agosto e Setembro, e aqueles que entre estes dois períodos permitem um mais normal recurso às idas aos ginásios para que, recorrendo ao exercício físico, se emagreça um pouco a cintura, ou se percam algumas calorias que rojões, caldeiradas, cozidos à portuguesa, e boas grelhadas proporcionaram durante os meses mais quentes.
Seja como for as frases, “tenho peso a mais”, “gostava de parar com as dietas mas não sou capaz”, e “o que hei-de fazer para adquirir o peso ideal”, são muito ouvidas durante todo o ano, e uma não menos corrente é, nos nossos dias, já muito comum, quando se ouve alguém dizer que afinal “somos o que comemos”. Claro que à boa maneira de muitos, também frequento ginásios. Faço-o porque reconheço que habituado que fui, desde pequeno, ao exercício físico, sinto-me bem quando me mexo, mas não deixo de pensar com os meus botões, quando olho à minha volta e fico com a sensação que alguns companheiros destas andança estão mais preocupados com a estética do seu corpo que com a saúde que o próprio exercício possa trazer.
Bem, não me cabe aqui fazer juízos de valor ao que cada um decide fazer na vida. Mas reconheço que as questões do peso, e da aparência do corpo, sempre foram, para o ser humano, uma problemática de “peso”, aqui reforço de próprio o substantivo “peso”.
Benomy, na sua obra Hipnoterapia Cognitiva – Tratamento dos Transtornos Alimentares e Controle de Dietas, publicada na Sinopsys editora, em 2015, trata o tema no capítulo 14 a páginas 82, com o título “Os Homens e os transtornos alimentares”. Avança com a seguinte ideia:
“Assim como as fêmeas têm distúrbios alimentares, os machos também têm uma percepção distorcida da imagem corporal. Para alguns, os sintomas são semelhantes aos observados nas mulheres. Outros podem ter dismorfia muscular, um tipo de transtorno que se caracteriza por uma extrema preocupação em adquirir cada vez mais massa muscular”
Já quanto aos episódios de anorexia faz, na página 29, a seguinte afirmação:
“A Anorexia nervosa é um transtorno alimentar no qual a pessoa recorre a estratégias drásticas para perder peso, numa busca implacável pela magreza, ocasionando um emagrecimento excessivo. As pessoas anoréxicas apresentam um medo intenso de engordar, mesmo estando extremamente magras”.
Bem, os temas são ambos sérios, e é com seriedade que devem ser sempre abordados, até porque, no capítulo 12 da mesma obra, o autor traz à colação a importância da família, e em particular dos pais, naquilo que é a integração no Homem dos hábitos alimentares e deixa dito ao longo da obra muitas e diversas formas que a ciência tem, hoje, de ajudar aqueles que se sintam presas do “medo” que acima é referido. A leitura deste livro de Benomy é exercício que aconselhamos.
Despeço-me com amizade,
Luís Barbosa*
*Investigador em psicologia e ciências da educação
SALPICOS DE CULTURA, uma parceria com a Associação Internacional de Estudos Sobre a Mente e o Pensamento (AIEMP)