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CRÓNICA: «John Dalton e o poder dos números» por Luís Barbosa!

11/08/2020 às 00:00

 SALPICOS DE CULTURA...

«John Dalton e o poder dos números»

John Dalton, que terá vivido entre 1766 e 1844, foi mestre-escola. Sofria de cegueira das cores, e apaixonado pelos estudos de Lavoisier, resolveu dedicar-se à tarefa de organizar uma teoria com base em números inteiros e pequenos e que tivesse o hidrogénio como base de medida.

As relações foram estudadas utilizando as letras normais do alfabeto e os números em voga. Porém, quem anda por aí olhando os livros, sobretudo os escolares, vê, com regularidade, nos mais diversos documentos, símbolos esquisitos como seja o H2 O, escritos não em letra maiúscula mas minúscula (h2 o). No mundo da ciência a mudança tem significado que, não valendo a pena aqui referir, deve contudo ser dito que a transformação conduziu a novas leituras científicas. Foi Berzelins quem organizou o sistema moderno dos símbolos químicos, e que no caso concreto do que estamos a tratar significa que o líquido tão gostoso que bebemos, e a que chamamos água, é um composto formado por duas partes de hidrogénio e uma de oxigénio.

Foi esta relação estreita entre letras e números que John Dalton estudou e aprofundou, de tal forma que hoje, mesmo para se ver se a água do Tejo está boa ou má, lá vemos os engenheiros responsáveis pela tarefa, de pipetas na mão e folhas de cálculo, onde efectuam as mais diversas equações, sempre acompanhados, claro está, dos tais pequeninos símbolos.

Foi grande a influência dos estudos de Dalton depois de ter publicado o livro a que acima fazemos referência. Pensamos que muitos de nós tem na memória um conceito que, pelo menos quando vamos a uma casa especializada na venda de electrodomésticos, ouvimos referido com regularidade - o ampere.

Foi um dos muitos conceitos que tratou e que, coisa das coisas, acabou por ser referido, de três maneiras diferentes, conforme os três especialistas que ao mesmo se dedicaram: o conde italiano Amadeu Avogrado, Gay Lussac e André Ampere.

Dalton não foi apenas um químico, a doença que o atormentava, a cegueira das cores, levou-o a fazer investigações em torno deste fenómeno e a publicar textos em que estudou as suas características. Foi por isso que a partir de então, esta doença se passou a chamar daltonismo.

Este investigador era ainda um homem interessado em questões meteorológicas. Fazia cartas onde apontava as coisas do tempo, e de tal maneira era rigoroso nestas questões que, em 1793, assegurou, com afinco, que os fenómenos de desdobramento das cores das auroras boreais eram de origem eléctrica.

Era um homem de personalidade típica. Aquilo que dele mais se refere é o seu extraordinário poder de observação e, o que não é de menor monta, a sua capacidade de descrever tudo o que via.

De facto para quem só via o mundo por metade das cores, dissertar sobre fenómenos eléctricos, que fazem tanta faísca, é obra!

Despeço-me com amizade,

Luís Barbosa*

*Investigador em psicologia e ciências da educação
SALPICOS DE CULTURA, uma parceria com a Associação Internacional de Estudos Sobre a Mente e o Pensamento (AIEMP)

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