SALPICOS DE CULTURA....
“O corpo, a alimentação e a cultura”
Caros acompanhantes dos Salpicos de cultura. Hoje trago ao palco das nossas reflexões mais um tema do autor sobre o qual resolvi escrever na última rubrica. Precisamente Benomy Silberfarb.
Bem, talvez corra o risco de me acharem demasiado preocupado com os temas que o autor trata. Porém, depois de ter abordado as questões da Anorexia e das mais ligadas às preocupações de ter, ou não ter, massa muscular adequada ao corpo que se possuiu, fiquei com a ideia que poderia também procurar dialogar convosco sobre um outro conceito que, tratado agora mais vulgarmente pela comunidade em geral, não deixa de me parecer relevante.
A “Vigorexia” é um quadro novo de preocupações que se vem tornando uma problemática abrangente. Claro que voltamos aqui às questões que têm a ver com uma cultura que valoriza mais a estética do corpo que o seu bem estar, e obviamente que também podemos dizer que esta questão não é problema apenas de hoje, já que, a História bem nos diz que a espécie humana sempre se preocupou em exibir o corpo como forma de apresentação pessoal.
Porém, do que se trata é de irmos tomando consciência de como certas forma de utilizarmos os nossos corpos como cartões de visita se transforma, sim, ou não, em transtornos que, depois, em muito causam preocupações acrescidas. “A páginas 74 da obra Hipnoterapia Cognitiva – Tratamento dos Transtornos Alimentares e Controle de Dietas, publicada pela Sinopsys editora, em 2015, o autor diz dos homens o seguinte:
“No caso dos homens, a preocupação excessiva com o corpo se manifesta de maneira diferente das mulheres. Apesar de indivíduos do sexo masculino também sofrem de anorexia nervosa, chama atenção um novo quadro denominado vigorexia.” (o texto é aqui transcrito na língua do autor).
E continuando a dissecar o tema afirma:
“Os indivíduos acometidos pela vigorexia se descrevem como fracos e pequenos, quando na realidade são extremamente fortes e musculosos. Esses pacientes, em sua maioria, utilizam esteroides anabolizantes, dietas hiperproteicas e suplementos à base de aminoácidos com o intuito de ganhar mais massa muscular. Normalmente, esses indivíduos praticam atividade física excessiva, que pode levar a prejuízos em seu convívio social.” (pág. 74)
Bem, não raro vou constatando que para muitos de nós a resposta aos problemas anteriores é expressar a tão estafada frase “que tenho eu a ver com isso”. Não raro fico até com a impressão de que tais atitudes podem, provavelmente, ajudar a construir a ideia de que estas questões são de somenos importância. Porém, quando mais à frente, a páginas 97 da obra, o autor tece considerações que valorizam as sensações criadas por muitas crianças que na infância vão construindo imagens mentais, de comportamentos familiares que muitas vezes serviram para que lhes fosse imposta a comida sem vontade, ou que na inversa fossem admoestadas por se querer que comessem sem terem fome, ou até porque os caprichos infantis criados à volta da alimentação transformam o momento do comer num verdadeiro pesadelo, sentimos que o autor tem razão quando também afirma que:
“Quando adultos, essas experiências acabam ativando esquemas mentais disfuncionais diante de eventos diários, como a ingestão alimentar, eliciando boicotes e atos automáticos sem pensar (compulsões) para justificar pensamentos disfuncionais ligados a crenças muito enraizadas e inflexíveis (Beck, JS, 2008.”
Não me parece razoável tecer considerações acrescidas às ideias que aqui foram expostas, já que as mesmas parecem-me bastante claras. Prefiro que cada um faça livremente os juízos que sobre as mesmas entender por bem tecer.
Despeço-me com amizade,
Luís Barbosa*
*Investigador em psicologia e ciências da educação
SALPICOS DE CULTURA, uma parceria com a Associação Internacional de Estudos Sobre a Mente e o Pensamento (AIEMP)