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Liga dos Combatentes mostra 100 anos de história no Castelo de Abrantes (c/áudio)

23/08/2023 às 10:35

É uma exposição sobre os 100 anos da Liga dos Combatentes contada em 31 painéis e pode ser visitada até 3 de setembro no palácio do Governador, no Castelo de Abrantes.

Esta exposição, de âmbito nacional, marca também o início das comemorações do centenário da Liga dos Combatentes e do núcleo de Abrantes. São duas datas ou duas efemérides que se confundem porque a subagência de Abrantes, delegação de Abrantes ou núcleo de Abrantes confunde-se com a fundação da própria instituição. Aliás, a subagência de Abrantes, designação de 1923, é uma das “agremiações” fundadoras da Liga dos Combatentes.

E o núcleo de Abrantes é importante para a Liga dos Combatentes. Por um lado conta com 1.200 associados, depois tem uma geolocalização vital, fica no centro do país, e depois esteve sempre muito presente ao longo de toda a vida da Liga. Nos períodos altos e baixos.

Fernando Lourenço, coronel na reserva, é um presidente deste núcleo que começa a assinalar o centenário com a abertura da exposição, mas que aponta a outras atividades e outros desafios.

Começando pelos desafios, há desígnios da Liga que não podem ficar de lado. É nas quotizações que o núcleo vai buscar verbas para apoiar ex-combatentes. Alguns, em Abrantes, necessitam de ajuda. A Liga, diz o presidente, já comprou medicamentos para alguns, em momentos de maior necessidade. E, lembra, há mais ou menos 25 ex-combatentes que continuam a necessitar de apoio do (Centro de Apoio Médico, Psicológico e Social (CAMPS) que se desloca de Coimbra ao Entroncamento para o acompanhamento.

E é nesta linha que o coronel aponta à necessidade de a Instituição ter mais associados, militares ou não, para ter mais receitas. E é preciso notar que, afirmou, daqui a uma década “deixamos de ter associados que estiveram no ultramar.” E depois acrescentou que ele próprio fez a carreira militar, mas nunca esteve no ultramar. E é preciso atualizar a linhas de trabalho da Liga dos Combatentes.

 

Coronel Fernando Lourenço, presidente núcleo de Abrantes Liga dos Combatentes

O presidente da Câmara de Abrantes Manuel Jorge Valamatos acompanhou a abertura da exposição e, no final, destacou o trabalho de apoio da Liga aos Combatentes, deixando a mensagem que o melhor era que a liga não existisse porque quereria dizer que não tínhamos tido, na história, guerras que levaram à criação desta instituição.

Depois vincou o trabalho feito no apoio aos combatentes, principalmente na área da saúde e apoio psicológico.

O autarca de Abrantes agradeceu a possibilidade de ter a exposição em Abrantes e no sítio onde é, carregado de história, e próximo de um edifício reconhecido ao nível internacional pela requalificação arquitetónica [referência ao prémio conquistado pelo Panteão dos Almeida].

 

Manuel Jorge Valamatos, presidente CM Abrantes

No final, Manuel Jorge Valamatos, referiu que “haveremos de ter momentos para concretizar alguns dos nossos projetos comuns, para valorizar verdadeiramente os combatentes e os vivos (...) sem me comprometer com datas.”


A Exposição

O palácio dos governadores do Castelo de Abrantes tem duas naves por onde estão distribuídos os 31 painéis que representam os quatro momentos da vida da Liga dos Combatentes.

O início da exposição começa com o enquadramento que levou à criação da Liga dos Combatentes. A grande guerra em África e França, 1914 a 1918, levou à criação da Liga. A síntese do processo de criação da Liga aponta a 1919, mas tem como data de assinatura da primeira ata o ano de 1923 e a oficialização, com publicação em Diário da República, no dia 24 janeiro de 1924.

Há ainda a explicação dos primeiros órgãos institucionais, através de eleições livres entre os sócios, que aconteceu em 1925. Depois a informação sobra a criação das agências e subagências. “A subagência de Abrantes é uma das primeiras agremiações da Liga, confundindo-se a sua criação com a criação da Liga”, notou o coronel Fernando Lourenço.

Depois seguem as primeiras grandes ações da Liga com duas revistas, uma em Lisboa e outra em Coimbra.

O segundo período de da vida da Liga é o condicionamento. Em 1934 as direções da Liga deixaram de ser eleitas e passaram a ser nomeadas. Foi o período do Estado Novo que apenas viria a ser quebrado em 1974.

Nesta altura o Estado autorizou apenas dois momentos de celebração. O dia do Combatente (9 abril) e o dia do Armistício (11 de novembro).

1932 coma entrada do Estado Novo há a tentativa de condicionamento da ação da Liga, enquanto instituição livre.

Extingue-se a Cruzada das Mulheres Portuguesas que havia sido criada para as enfermeiras de guerra e para o apoio dos combatentes. A Secção Auxiliar Feminina da Liga substituiu a organização das mulheres. Também a organização Junta Patriótica do Norte foi extinta e introduzida na Liga em 1938. Por outro lado, a Comissão dos Padrões da Grande Guerra, criada em 1923, durou até 1936, sendo extinta e passando para a Liga dos Combatentes.

Há ainda um painel de enquadramento da guerra do ultramar até à entrada no terceiro momento. Período da adaptação após o 25 de Abril.

E o primeiro ato foi a exoneração do General Schultz que havia sido nomeado presidente da Liga ainda no Estado Novo.

É neste período que há novas integrações na Liga. O Movimento Nacional Feminino e a União Inválidos de Guerra são integrados na Liga. De notar que nos 13 anos da sua existência “existiram 82 mil madrinhas de guerra.”

Um dos painéis releva o grande incêndio que em 1978 praticamente destruiu a sede da Liga, em Lisboa. Acabou por ser recuperado anos mais tarde.

O quarto momento da vida da Liga começa em 2023 e corre até aos tempos atuais.

É a chamada “Renovação” com a criação de um Programa Estratégico e Estruturante de Conservação das Memórias.

Neste período há a nota para o apoio da Liga aos seus associados nos cuidados de saúde e apoio social, nomeadamente apoio aos casos de perturbação de stresse pós-traumático.

Fernando Lourenço revela que em Abrantes há 25 casos destes em acompanhamento.

E depois há um outro processo em que a Liga dos Combatentes está empenhada em colaborar. Trata-se dos processos de trasladação de ossadas de combatentes mortos em combate e que foram enterrados naqueles territórios. A Liga não faz a trasladação, mas apoia as famílias que queiram trazer para Portugal os restos mortais dos ente-queridos. Não sendo processos fáceis, há aqui a colaboração com o Governo português. Mesmo assim há muitos casos em que não se sabe a localização de combatentes que morreram no ultramar.

Coronel Fernando Lourenço, presidente núcleo de Abrantes Liga dos Combatentes

As comemorações

Esta exposição dos 100 anos da Liga dos Combatentes é o pontapé de saída para um conjunto de atividades que só vão terminar a 20 de outubro, na inauguração da Feira de Doçaria de Abrantes com um concerto da Banda da Força Aérea Portuguesa que vai atuar pela primeira vez em Abrantes.

Dia 26 de setembro, às 18 horas, vai ser projetado o filme “Guerra” que retrata o stresse pós-traumático.

No dia 29 de setembro, data do aniversário da Liga de Abrantes, está agendada uma missa de Sufrágio na Igreja de S. João, da parte da manhã. Neste mesmo dia haverá um colóquio sobre a Liga e a Cidade de Abrantes, pelo Coronel Luís Albuquerque.

No sábado, dia 30 de setembro decorrerá a cerimónia militar de aniversário no Jardim da República com a entrega da medalha do centenário a instituições e com a presença da Banda da Sociedade Instrução Musical Rossiense. Haverá ainda o descerramento de uma placa nas instalações do Regimento de Apoio Militar de Emergência (RAME) ao que se seguirá um almoço convívio. Depois acontecerá o concerto de encerramento das comemorações com o concerto da Banda da Força Aérea Portuguesa.

Galeria de Imagens

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