A inclusão do Museu Nacional Ferroviário (MNF) na lista dos 40 finalistas candidatos ao Prémio Museu Europeu do Ano 2018 foi recebida com a “maior satisfação” pela Câmara do Entroncamento e considerada “um prémio” pelo presidente do MNF.
O presidente da Câmara Municipal do Entroncamento, Jorge Faria, disse à Lusa que só a inclusão do MNF na lista anunciada ontem pelo Fórum Europeu dos Museus é já “da maior importância para a cidade, a região e o país, dado que se trata de um museu nacional, repositório da história da ferrovia em Portugal”.
Também o presidente da Fundação Museu Nacional Ferroviário (FMNF), Jaime Ramos, afirmou que só a seleção “é já um prémio e dá força para continuar a fazer mais e melhor”, sendo um “reconhecimento muito grande ao trabalho desenvolvido pela equipa” formada por “gente à altura”.
Numa nota divulgada após o anúncio do Fórum Europeu dos Museus, a direção do MNF sublinhava que esta seleção foi mais um reconhecimento da “qualidade pública” dos serviços e das “práticas inovadoras” do museu.
Inaugurado em maio de 2015, o MNF tem-se debatido com dificuldades de financiamento, a que se juntou recentemente o fim dos contratos de três anos de 10 funcionários.
Tanto Jorge Faria como Jaime Ramos disseram à Lusa ter recebido garantias, em reuniões que realizaram com o secretário de Estado das Infraestruturas no final da semana passada e hoje, respetivamente, de que estas questões serão ultrapassadas.
O presidente da Câmara afirmou que foram dadas garantias de que sete dos funcionários vão ser contratados no imediato, sendo os restantes três admitidos no início de 2018, ficando as situações resolvidas em definitivo com a resolução do processo aberto para os trabalhadores precários do Estado.
Quanto ao financiamento, as empresas fundadoras do museu, a CP e a Infraestruturas de Portugal (IP), irão afetar as verbas necessárias para “ultrapassar uma situação que é muito problemática”, disse.
Jaime Ramos disse ter igualmente recebido garantias quanto aos funcionários e ao financiamento, lembrando que tem alertado para o subfinanciamento desde a inauguração do museu.
Em 30 de junho último, o parlamento aprovou, por unanimidade, projetos de resolução apresentados pelo PS e pelo BE que recomendavam ao Governo que encontre soluções para o financiamento do Museu Nacional Ferroviário e promova a sua valorização e promoção.
Os deputados lembravam que a FMNF recebe atualmente das suas fundadoras um montante anual que ronda os 257 mil euros, cerca de metade do valor que a CP e a então REFER (atual IP) acordaram, em 2008, como subsídio anual à exploração.
Em 2011, o Orçamento do Estado impôs a redução de 15% nos custos das Entidades Públicas, a que acresceu, em 25 de setembro de 2012, uma redução de 30% no total de apoios financeiros públicos, e, em 2013, nova redução de 15% no total dos apoios públicos às fundações, levando a uma quebra significativa no financiamento ao museu.
Jaime Ramos afirmou que com as garantias agora recebidas, o museu “tem pernas para andar”.
Jorge Faria adiantou que foi ainda garantido que será nomeado em breve um novo presidente do Conselho de Administração da FMNF, mesmo que num “modelo transitório” numa primeira fase, lembrando que o mandato de Jaime Ramos findou em junho de 2016.
Jaime Ramos (que presidiu à Câmara do Entroncamento entre 2001 e 2013, sendo atualmente vereador do PSD, na oposição à maioria socialista) disse à Lusa que pôs o seu lugar à disposição assim que findou o seu mandato, mas tem tido a confiança da tutela, sendo o seu principal objetivo a resolução do problema de financiamento e dos funcionários.
O Prémio Museu Europeu do Ano (EMYA) é o principal e o mais antigo dos galardões atribuídos pelo Fórum Europeu dos Museus, visando “reconhecer a excelência” e “encorajar processos inovadores que contribuam para que os museus não se limitem à visão tradicional unicamente focada na coleção, mas que a sua atividade contribua efetivamente para o benefício da sociedade”, lê-se numa nota divulgada pelo MNF.
Entre a lista de finalistas encontram-se museus como o Carmem Thyssen (Andorra), o Nacional da Estónia, o da Cidade de Helsínquia, o do Design e o da Ciência, ambos em Londres, e, de Portugal, juntamente com o MNF, o Museu Nacional dos Coches, sendo os vencedores dos vários galardões a concurso conhecidos em maio do próximo ano.
Lusa