SALPICOS DE CULTURA…
«O Universo pensado por dois humanos»
Ultimamente tenho reparado que quando pego nos jornais, ou vejo alguns programas na televisão, um dos temas que mais é aflorado tem a ver com questões sobre aquilo que somos, e de como podemos transformar o mundo para melhor.Claro que são temas que me despertam interesse, e fico normalmente a pensar que estas interrogações, sendo tão antigas como antigo é o nosso estar no Universo, é bom de facto que a vida do homem se vá cumprindo tentando que a sua relação com o mundo seja cada vez melhor.
O atual contexto em que vivemos parece-me muito particular no que respeita às preocupações anteriores. Porquê? Porque sendo um momento em que a humanidade tem sido confrontada com a chegada de um vírus que era totalmente desconhecido da espécie, cedo e rápido se constatou que o homem tem sabido mobilizar forças para conseguir combater uma pandemia que se apresenta extremamente desequilibrante para a vida humana.
Verificamos então dois tipos de respostas. Um que vai no sentido de nos conhecermos melhor enquanto habitantes do planeta. Outro tentando que o mundo se organize de forma a melhor suster os impactos negativos da pandemia. Porém,dois fatos foram trazidos à superfície. Um reconhecer que ainda temos muito caminho a percorrer no sentido de melhor nos conhecermos enquanto habitantes da Terra. Outro que, provavelmente, o desaparecimento das placas geladas da Antártida, os incêndios devastadores, as cheias incontroláveis e o avanço das desigualdades sociais que fazem alastrar a fome e os desequilíbriosna saúde, são apresentados como fatores cuja responsabilidade cada vez mais se atribui ao próprio homem.
Tenho ficado sensível ao reconhecimento que se vem fazendo no que respeita à intervenção dos agentes que vêm atuando no domínio da ação médica e socialem Portugal, particularmente no que respeita à resposta aoCovid, e pareceu-me muito ajustado que se tenha reconhecido, de forma particular, o mérito das intervenções dos médicos e enfermeiros chamados intensivistas, porque é em consequência da sua forma abnegada de querer corrigir anomalias noutros cidadãos que têm salvo muitas vidas, ou seja, que, naquilo que à sua ação toca, tentam contribuir para que o mundo se transforme.
Por causa das questões anteriores tenho dedicado algum tempo à leitura de autores que me despertam certa atenção. DeepakChopra e Menas Kafatos pertencem ao leque desse grupo. Sendo o primeiro o criador da Fundação Chopra e cofundador do Centro Chopra para o Bem-Estar, instituições cujos objetivos são desenvolver a chamada medicina integrativa, orientada para a transformação pessoal, e o segundo um ilustre professor de Física Computacional, têm dedicado grande parte da sua vida tentando dar reposta a cinco questões: como começou a vida? O que existia antes do BigBang, ou seja, antes do universo existir? De onde veio o tempo? Terá o universo inteligência? Acabando por perguntar se vivemos num universo consciente.
Na obra que publicaram com o título “Universo” procuram saber o que acontece quando a ciência moderna desafia tudo o que sabemos acerca da realidade, e na contracapa da mesma afirmam que, passo a citar, “A mudança para um novo paradigma (para uma outra forma de pensar, digo eu),está a acontecer”. A afirmação é feita com convicção e firmeza. De tal forma que vão ao ponto de afirmar, ainda na mesma contracapa, que as respostas sugeridas na obra que escreveram não são invenções suas, nem voos excêntricos da imaginação.
Tendo lido a obra não me custa aceitar o que os autores dizem. Porém, face à forma como vou constatando certos comportamentos humanos pergunto-me, como pode o homem atual transformar o mundo para melhor? Os autores deixam uma sugestão que também passo a citar: “Quando você decidir participar em pleno, de corpo, mente e alma, a realidade que habita será sua, e poderá então abraçá-la plenamente”.
Bem, não escrevi o texto com a intenção de deixar uma mensagem pessimista. Eu também penso que, pese embora nos jornais e televisão sejam por vezes mais valorizadas as coisas negativas, existem, ao invés, imensas intervenções humanas que são de enorme positividade. Veja-se o que acima deixei dito sobre os intensivistas. Então, talvez estejamos mais perto da possibilidade que os autores nos desenham como resposta ao sofrimento que constatamos, do que aquilo que pensamos. Sejamos pois pessoas de esperança, e tenhamos presente que o que é dito, é que alcançar o que Chopra e Kafatos deixam como objetivos de vida pode não ser assim tão difícil de alcançar.
Poderia acabar este texto de outra forma. Porém, prefiro finalizá-lo com este sentimento positivo.
Despeço-me com amizade,
Luís Barbosa*
*Investigador em psicologia e ciências da educação
SALPICOS DE CULTURA, uma parceria com a Associação Internacional de Estudos Sobre a Mente e o Pensamento (AIEMP)