A Entidade Regional de Turismo (ERT) do Alentejo e Ribatejo pretende dinamizar de forma agregada os 16 roteiros de turismo literário já existentes neste território e criar uma rede de hotéis literários nos vários distritos alentejanos.
À margem da cerimónia de abertura da 1.ª edição do LiterÁREA - Festival de Turismo Literário do Alentejo e Ribatejo, que decorreu hoje em Vila Viçosa, o presidente da ERT, José Manuel Santos, destacou estes dois projetos e o potencial destes territórios ao nível do aproveitamento turístico da literatura.
“Nós estamos muito focados em ter cada vez mais cultura na proposta de valor do turismo do Alentejo e do turismo do Ribatejo, porque acreditamos que isso é um grande potencial que as duas regiões têm”, afirmou, em declarações aos jornalistas.
Um dos projetos neste âmbito que o presidente da ERT disse estar a germinar no LiterÁREA, que decorre até domingo, em 18 concelhos das duas regiões, é a rede de hotéis literários.
No Alentejo, existem já “12 hotéis que têm a temática da literatura como um aspeto importante da sua comunicação”, nomeadamente unidades que têm “um painel com um rosto de um escritor”, como existe em Vila Viçosa e em Beja.
“Vamos criar uma rede com uma programação anual constante, com ligações à gastronomia e ao tema do vinho”, referiu, acrescentando que, ao longo de 2025, a ERT vai “ajudar esse esses hotéis” a oferecerem essa temática do turismo literário, como “forma de se tematizarem e diferenciarem da concorrência”.
O objetivo é que a rede inclua ainda mais hotéis, adiantou, argumentando que “é muito interessante este papel dos hotéis enquanto promotores do desenvolvimento local e cultural”.
“Obviamente, há aqui um interesse que nos assiste muito, que é o interesse do turismo, que é trazer pessoas ao território”, notou.
Ao mesmo tempo, o Turismo do Alentejo e Ribatejo vai apostar na estruturação da oferta em torno dos roteiros de turismo literário existentes neste território, criados por associações ou municípios.
“De momento, temos 16 roteiros literários disponíveis”, que vão estar acessíveis ao longo do festival LITERÁRIA, e o objetivo é passá-los “para o nível da comercialização”.
Alguns destes itinerários, pedestres e rodoviários, requerem reserva ou marcação prévia, enquanto outros podem ser percorridos “numa lógica ‘self-guided’”, ou seja, o turista pode fazê-los de forma individual e sem acompanhamento.
Segundo José Manuel Santos, existem “já algumas agências de viagens que estão interessadas em comercializar esses roteiros”.
“Claro que isto nunca será um produto de massas, mas esses produtos têm que ser comercializados”, sendo que, para tal, “o desafio [que se coloca] pela frente é pegar nesta diversidade e riqueza, juntando a rede comercial de hotéis, e ter aqui um produto organizado que possa depois ser vendido nos mercados internacionais”.
De acordo com uma listagem da ERT, existem roteiros de turismo literário desde Avis (Portalegre) e Vila Viçosa (Évora) a Sines (Setúbal) ou de Rio Maior (Santarém) até Moura (Beja).
José Saramago (Montemor-o-Novo), Al-Mut’amid e Mariana Alcoforado (Beja), José Luís Peixoto (Galveias, em Ponte de Sor), Urbano Tavares Rodrigues (Moura), Florbela Espanca (Vila Viçosa), José Régio (Portalegre), Ruy Belo (Rio Maior) ou Fernando Namora (Pavia, em Mora) são alguns dos autores em destaque nesses percursos.
Conversas, oficinas, apresentações dos roteiros, exposições e cinema são atividades incluídas no programa do LiterÁREA, que reúne ainda 40 escritores, promovido pela ERT do Alentejo e Ribatejo.
Lusa