Todos os anos repete-se a cerimónia de atribuição das bolsas de estudo, por parte da entidade que em Abrantes, faz a gestão destes apoios. Sejam os apoios da Fundação Rotária, do Município ou empresas. É a formalização do apoio, neste ano a 71 jovens que estão a fazer o seu caminho académico.
E as bolsas têm sempre a componente dos resultados académicos com as necessidades financeiras. Na cerimónia, que aconteceu na Escola Dr. Solano de Abreu, estiveram presentes os alunos os, nalguns casos, os seus pais, para receber o diploma. O Rotary tem sempre este objetivo de numa sessão pública fazer esta ação. É um vínculo que pretende que os alunos tenham com a sua comunidade, para que um dia mais tarde possam retribuir o apoio que lhes é concedido para os estudos.
Margarida Marques, vice-diretora da Escola Secundária Dr. Solano de Abreu, que recebeu a cerimónia, falou em nome das escolas do concelho, para destacar a importância destes apoios na melhoria do ensino, ou seja, o investimento no futuro através do apoio à educação. “Os bolseiros de hoje serão os profissionais e os líderes de amanhã”, vincou a professora.
E no contexto da cerimónia não deixou de elogiar o papel do Rotary Clube de Abrantes que “está a construir um mundo mais próspero.”
Margarida Marques direcionou as palavras aos alunos quando disse que a bolsa é o reconhecimento do mérito, mas também um voto de confiança aos alunos que as recebem.
Margarida Marques, vice-diretora ESSA
Celeste Simão, vereadora com o pelouro da educação do Município de Abrantes, agradeceu, naturalmente, ao Rotary Clube pela parceria e, também, pelo acompanhamento feito aos alunos. E depois dedicou uma palavra aos “elos”, ou seja, aos companheiros do clube que mantêm as ligações com os estudantes ao longo do percurso académico. “Eles (elos) não querem saber da vida, mas apenas do caminho no percurso escolar.”
A vereadora frisou que educação é a arma mais forte para mudar o mundo. “Estamos a investir e esperamos o retorno, não a nós, mas à nossa comunidade.” E a mensagem aos alunos que receberam as bolsas, “não desistam, insistam. Precisamos de pessoas resilientes para mudar o mundo.”
Celeste Simão, vereadora CM Abrantes
João Oliveira é o diretor-executivo da Fundação Rotaria Portuguesa, entidade que, no país, tem a responsabilidade de atribuir, igualmente, bolsas de estudo.
O Rotary, em Portugal, já atribuiu 163 mil bolsas. Em 2023/2024 houve 520 candidatos a bolsas, quer do Rotary, quer das bolsas patrocinadas.
Este ano letivo, indicou João Oliveira, a Fundação teve 260 bolsas financiadas e 80 comparticipadas.
João Oliveira, Fundação Rotária Portuguesa
Os patrocinadores são, juntamente com a Fundação Rotária, importantes para o número de bolsas atribuídas. Em Abrantes, o Rotary conta com vários apoios: Município Abrantes; Farmácia Santos; Isatel - Sociedade de Construções, Lda; Sofalca; Electrificadora Central do Feijó; RSA-Reciclagem de Sucatas Abrantinas, S.A; Transportes e Serviços RSA, Lda; Jorge Loureiro, Lda; Abrancongelados; Antónios Óptica, Lda; SOPROFE-Soc. Prod.Florestal, Lda; Pegop – Energia Eléctrica, SA; Sarclínica Clínica Médica, Lda; Farmácia Ondalux - Unipessoal, Lda e Empev - Gestão de Espaços Verdes.
Os bolseiros frequentam os cursos mais variados, de medicina a direito, passando por enfermagem ou enfermagem veterinária, arquitetura, engenharias, ciências sociais, vestuário têxtil e muitas outras áreas.
De deferir que estes alubos apoiados pelo Rotary Clube têm elos, ou seja, têm elementos rotários que os acompanham no seu percurso. Um acompanhamento apenas em relação aos estudos e aos percursos académicos. Não há qualquer interesse nas suas vidas, apenas nas dificuldades ou anseios nos percursos académicos.
É também uma forma de manter a ligação com os alunos apoiados, ou seja, não é entregue um cheque e depois deixa de haver contacto. Não, neste caso há sempre um elo entre quem recebe o apoio e quem dá esse apoio, ou quem representa esse apoio.
Tiago Ricardo, aluno que recebeu uma bolsa do clube foi convidado a deixar o seu testemunho, mais propriamente o resumo do seu percurso escolar e académico, que está a culminar entre o mestrado, a docência como professor assistente e ainda a investigação.
Entrou no Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG), deu um passo atrás já que entrou para gestão, mas mudou para economia. Foi o melhor colocado e diz “tive oportunidade de ser acompanhado por Mário Centeno." Licenciou-se em Economia como um dos dez melhores alunos de economia do país. No ano letivo 2022/2023, o Banco de Portugal atribuiu-lhe o prémio Professor Jacinto Nunes, por ter sido o melhor aluno que concluiu a licenciatura em Economia.
Tiago Ricardo tem ligações fortes ao associativismo, nomeadamente, na sua terra, Vale das Mós, à associação juvenil “Cem Rumos” que organiza, entre outras atividades, o Vale das Mós Summer Fest. E diz sem rodeios que é possível conciliar a academia com o associativismo.
“A Fundação Rotária permitiu-me seguir os estudos. Não sabia se conseguiria sem este apoio.”
Tiago Ricardo, bolseiro
O Rotary num, nos seus lemas identifica a Educação e Alfabetização como uma das suas áreas de ação. Isidro Bernardino, presidente do Clube, referiu que, desde 1983, é dado apoio a estudantes do concelho de Abrantes “que demonstrem mérito escolar e que cumulativamente tenham necessidades de apoio económico”
Explicou depois que há um compromisso do clube, mas também de patrocinadores, seja o Município ou empresas, que todos os anos contribuem para este apoio. É, aliás, o Rotary Clube de Abrantes que faz toda a gestão administrativa das candidaturas, análise e posterior apoio financeiro.
E adiantou que o encontro realizado no dia 12 não é um mero formalismo. É também uma forma de “criar uma maior proximidade e conhecimento entre bolseiros, patrocinadores e Rotary”
Em termos globais, Isidro Bernardino, sublinhou que Rotary Club de Abrantes, com a colaboração dos seus parceiros, já atribuiu 994 bolsas de estudo. Isto é o resultado de donativos efetuados à Fundação Rotária Portuguesa por empresas, instituições ou pessoas singulares, que contemplou 318 bolseiros desde 1983.
E deixou ainda uma mensagem para dois bolseiros que receberam, na sua vida académica, outras distinções. O Tiago Ricardo que recebeu a medalha de mérito atribuída pela Fundação Calouste Gulbenkian e a Carolina Vicente com a bolsa escolar Teixeira Lopes para melhor aluna do Distrito Rotário 1960.
Nesta sessão esteve presente para deixar o seu testemunho um aluno zero. Ou seja, o primeiro bolseiro apoiado pelo clube, em 1983. Trata-se do advogado de Abrantes Américo Simples, que deixou o seu testemunho, nomeadamente a importância, na altura, desta bolsa para a conclusão do seu curso de direito.
Isidro Bernardino concluiu a sua intervenção com a nota que, “por certo, irá existir um fator multiplicador, ou seja, que aqueles que agora beneficiam venham ajudar a impulsionar outros estudantes com necessidades, de modo a adquirirem motivação para usufruírem do mesmo incentivo solidário que hoje celebramos.”
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